segunda-feira, setembro 15

Escrita do Sudoeste em Almodôvar. À minha mulher das pedras, Bettips

Descoberta perto de Almodôvar a mais extensa inscrição em escrita do sudoeste


O Jornal Público, noticia o seguinte:

Investigadores classificam o achado como "excepcional", sublinhando que os 86 caracteres decifráveis da estela funerária agora descoberta poderão permitir reconstituir o seu texto.

Uma equipa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa descobriu na última sexta-feira, na estação arqueológica da Mesas do Castelinho, em Santa Clara-a-Nova, no concelho alentejano de Almodôvar, uma estela funerária em xisto datada da primeira Idade do Ferro, situada entre os séculos VIII e V a.C.


O achado foi considerado de "excepcional importância", por se encontrar intacto e por apresentar um total de 86 caracteres que poderão contribuir para que a denominada "Escrita do Sudoeste" possa vir a ser decifrada.

A estela funerária não se encontrava numa necrópole e foi descoberta por mero acaso pelos arqueólogos envolvidos em mais uma campanha de escavações na Mesa do Castelinho, numa zona já prospectada, numa rua romana, com as inscrições viradas para baixo. Do conjunto das 16 estelas que se encontram depositadas no Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar (ver caixa), a que acaba de ser descoberta "é um exemplar muito vistoso e apelativo e com um texto enorme".
(...)

A "escrita do Sudoeste", também conhecida como tartéssica, "é a mais antiga da Península Ibérica e uma das mais antigas da Europa", explica o arqueólogo. Na sua origem encontra-se a influência fenícia nos tartessos, nome pelo qual os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente, que se terá desenvolvido nas actuais regiões da Andaluzia espanhola e do Baixo Alentejo e Algarve.

Tal como a maior parte das outras escritas paleo-hispânicas, à excepção do alfabeto greco-ibérico, a escrita tartéssica apresenta signos que representam consoantes e vogais, como os alfabetos, e signos que representam sílabas, como os silabários.

A sua utilização é conhecida entre os séculos VIII e V a.C. no Sudoeste da Península Ibérica e envolveu os povos que habitaram, durante a primeira Idade do Ferro, as regiões do Baixo Alentejo, Algarve, Andaluzia ocidental e Sul da Estremadura (estas duas últimas no actual território espanhol). A escrita dos tartessos, que receberam influências culturais de egípcios e fenícios, é distinta das dos povos vizinhos, é mais complexa e permanece indecifrável até à actualidade.
Os seus textos apresentam-se quase sempre da direita para a esquerda sobre estelas. O achado agora descoberto vai ficar exposto no Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar a partir do dia 25 deste mês.


Em Setembro de 2007, a Câmara Municipal de Almodôvar abriu ao público, no antigo cineteatro municipal, um museu onde estão expostos os vestígios de uma das maiores e mais importantes concentrações de "escrita do Sudoeste" da Península Ibérica. O novo espaço museológico apresenta um espólio de 16 estelas achadas no concelho de Almodôvar. Ao todo, conhecem-se 75 exemplares deste géneros em território português e 90 na Península Ibérica. As estelas funerárias ali exibidas são pedras tumulares de xisto com inscrições da Idade do Ferro._______________________________________________

Nota feita e parcialmente citada do partir do Jornal Público, hoje divulgada na Archpot.



Em Luar de Mulheres tínhamos dado, em 2007, nota da abertura desse núcleo museológico, reiterando agora o nosso apreço ao Município, que tem prestado ao seu Património, com particular destaque ao Arqueológico e "que conseguiu reconhecer nessas pedras escritas da Idade do Ferro o valor de memória do seu território".

Parabéns aos investigadores (Carlos Fabião e Amílcar Guerra) e à Câmara Municipal de Almodôvar.

2 comentários:

clickit disse...

Mas que coisa misteriosamente bonita!
Não te quero "engrandecer com elogios" que deles não necessitas. E o meu saber é pouco, é mais sentimental, é de olhares/dedos/sensações. E procuras/encontros. Nem sei donde me vem isto e nem calculas a quantidade de pedras de lugares que tenho em casa! Um xisto de vinhas, um seixo rolado do Magoito, um pedra rosa de Monfortinho, um seixo de lava de S. Miguel...oh, sei lá!
Obrigada, lá fica mais um percurso pensado/imaginado. Só me queria numa terra "assim" ... onde olhar as pedras fosse importante!
Bjinho

Será? disse...

Boas tardes
Andava eu na minha pesquisa diária das notícias e mensagens que saíram sobre Almodôvar e depáro-me com este post...
Como pessoa que trabalha nesta autarquia, fico imensamente satisfeita com este tipo de divulgação pela comunidade dos Blogs, da qual eu também faço parte!
Mais ainda notar que se valoriza o que muitas pessoas de mais de perto não conseguem valorizar...a história deste Concelho!
Obrigada às "Mulheres ao Luar" e ao comentário do Clickit!