quarta-feira, abril 30

Nossa Senhora de Guadalupe, Sagres





Francisco Serpa, quantas vezes falámos nós de Ísis e das Virgens Negras?
Finalmente vejo a tua ideia ter corpo. Parabéns.




Já agora, quando fores a Barcelona, espreita a Virgem Negra da Nossa Senhora del Mar, mandada construir pelos pescadores da cidade.

Fot. Santa Maria del Mar cedida

Filminismo


Luzes, Câmara, divulgação!

A UMAR e a Comissão Promotora do Congresso Feminista 2008 organiza, durante o mês de Maio de 2008, um concurso de vídeos sob o tema "O Que é o Feminismo?", para jovens entre os 14 e os 25 anos.

O vídeo vencedor será exibido num Festival de Cinema Internacional.
Invadiu-me o cansaço, dando hoje as mãos à noite.
Quem me dera o sono, sem luar.

segunda-feira, abril 28

domingo, abril 27

Aracena e Sevilha










Aracena e Sevilha também se vêem num dia!!!!!









Há «fiesta gitana, con bulerías, tangos, fandangos y rumbas» na Andaluzia sem fim.

Há ainda "Copas" e gente a passear nas ruas, em noite de calor.

A Senhora de Arecena, a quem fui orar, tem esplendor e mantilha de ouro, num brilho barroco que Espanha ainda não conseguiu perder.

Do castelo, sobranceiro, espreita-se a Serra de Aracena, e lembra-se o Islão e Portugal que lhe refundou a fortificação. Erguido no século XIII sobre a anterior fortaleza muçulmana, há quem lhe atribua vinculação templária, se bem que a maioria dos historiadosres se incline para a preponderância da Ordem de Santiago de Espada.

Não esquecer que, tal como Olivença, Aracena também já foi Portugal.

Pode visitar-se ainda a Gruta de Las Maravillas e o Museo Geológico-Minero, bem como o Museu ao ar livre de Escultura Contemporânea e refrescarmo-nos junto dos antigos tanques, onde se reuniam as mulheres lavando e pondo em dia as notícias do burgo.



À Margarida e ao Francisco agradeço os mimos que me conseguiram dar e a promessa que "volveremos un dia a bailar".

sábado, abril 26

Viva o 25 de Abril, Sempre


Deixem passar, deixem passar
sou feminista
e o mundo vou mudar .....

SIM, O MUNDO VAI MUDAR

A Liberdade passou por aqui


Ouvi dizer um dia que a liberdade passou por aqui.
Inalei-a, tal planta à espera de água, sedenta.
E do corpo brotou o sinal: podia ser uma mulher.
Trémula votei, quando finalmente tive voz.
Gritei calada que nunca mais decidiriam por mim. Escolhi.
Enunciei o significado do voto vezes sem fim.
E, no dia a dia, dei força ao crescer.
Que restou afinal?
As palavras que me cortam as mãos, mas que as fortalecem.
Pois, podia decidir: da minha alma, do meu corpo, do meu prazer e das coisas que ia dizer.
Sem me esconder de mim e dos outros!

Queria fazer uma homenagem a todas as Mulheres e Homens que, combatendo com as armas que tinham e sabiam usar, alguns dos quais usando a escrita e a poesia, conseguiram derrubar um Regime Autocrático, onde o pensar ou agir de forma diferente era motivo de prisão, de ameaça calada, de pressão e de descriminação.
A eles, que hoje nos permitem não ter medo de pensar, o meu sentido OBRIGADA E ATÉ SEMPRE.

E porque a Liberdade não é palavra vã e não é só para o que nos convém, é necessário saber escolher, doa o que doer, pois apenas nessa escolha reside a sua verdadeira essência.

25 de Abril feminista


«A dois meses do Congresso Feminista - promovido pela UMAR - para além das iniciativas que têm vindo a decorrer para o divulgar, este ano estaremos no 25 de Abril a desfilar com uma faixa sobre o Congresso. (www.congressofeminista2008.org)

O local de concentração em Lisboa é o habitual: junto à Estátua do Marquês de Pombal, por volta das 15h, estaremos por lá e contamos com a tua presença para dar corpo e visibilidade ao Congresso Feminista.
Eu vou lá estar, e vocês?».

(Cris, obrigada pela informação e pela tua Cidade das Mulheres, tanto mais que uso as tuas palavras para divulgar).

Verdadeira Litania para os Tempos da Revolução, Natália Correia



Burgueses somos nós todos
ó literatos
burgueses somos nós todos
ratos e gatos


Mário Cesariny


«Mário nós não somos todos burgueses
os ratos e os gatos se quiseres,
os literatos esses são franceses
e todos soletramos malmequeres.

Da vida o verbo intransitivo
não é burguês é ruim;
e eu que nas nuvens vivo
nuvens! o que direi de mim?

Burguês é esse menino extraordinário
que nasce todos os anos em Belém
e a poesia se não diz isto Mário
é burguesa também.

Burguês é o carro funerário.
os mortos são naturalmente comunistas.
Nós não somos burgueses Mário
o que nós somos todos é sebastianistas»

Natália Correia, Antologia Poética

Obrigada a ti Natália Correia, mulher de coragem e da palavra, como ninguém.

quinta-feira, abril 24

FIELDWORK-FIELDWALK.PERCORSI TRA CITTA' E CAMPAGNA




Informação transcrita a partir da ACMA - ver www.acmaweb.com

ACMA WORKSHOP

LISA DIEDRICH

FIELDWORK-FIELDWALK.PERCORSI TRA CITTA' E CAMPAGNA

milano, 25-29 giugno 2008

L'azione progettuale dell'architettura del paesaggio in Europa interviene con sempre maggiore frequenza nei territori in cui la presenza umana ha trasformato nei secoli l'assetto originario adeguandolo alle esigenze produttive dettate dallo sfruttamento agricolo. Qui l'architetto opera nel paesaggio culturale e non in quello naturale. Ma il valore della campagna come depositaria della storia della cultura produttiva locale si è legata al destino dell'agricoltura europea, fragile e sempre più disponibile a imprevedibili quanto repentini riassestamenti formali e strutturali di fronte alle variazioni continue delle leggi del mercato globale. Nella scala dei valori della società contemporanea quello assegnato alla fruizione della campagna a fini di svago e di tempo libero ha superato quello strettamente produttivo. Il consumo del territorio come fatto culturale induce l'architetto europeo ad un approccio sensibile e attento a comprendere la logica della struttura del paesaggio per operare quelle scelte di permanenza e di trasformazione di tutte le azioni in grado di modificarne l'evoluzione.

ATTIVITA'/ PROGRAMMA


«Il workshop si propone come un approccio complesso alla problematica della progettazione del paesaggio, contemplando aspetti teorici (lezioni, conferenze) e pratici (laboratorio di progettazione). A fianco della tedesca Lisa Diedrich si studieranno le potenzialità del paesaggio urbano della Zona Est di Milano nel delicato rapporto che si instaura tra città e campagna.

ISCRIZIONI
Il workshop fa parte del programma di Master in Architettura del Paesaggio e di Formazione Permanente della UPC di Barcellona/ACMA Milano. Si configura come un corso intensivo di perfezionamento ed aggiornamento rivolto a: studenti, neo-laureati e dottorandi in architettura, ingegneria e agraria, professionisti del settore, tecnici delle amministrazioni, personale dei parchi, studi di progettazione ambientale. Le iscrizioni verranno raccolte fino al raggiungimento del numero massimo di partecipanti previsto».

Olá Célia, se pudesse ia contigo a Tavira

IGREJA DE S. SEBASTIÃO, TAVIRA
Inauguração: 25 de Abril/2008, às 10.30h.(em frente à Biblioteca Municipal Álvaro de Campos)

PROJECTO DE REABILITAÇÃO, da responsabilidade de:
Célia Anica
Arquitectura, Arte e Design

http://arqceliaanica.com.sapo.pt


Se pudesse ia visitar-te neste dia, mas é dia de "militar".

Há sempre um momento de regressar a casa




Não consigo dizer se os bifes são bons ou maus. Mas eu continuo a deles gostar.

Principalmente debruçada no rio que, ao fim do dia, tem cor de prata.

Cidade, Património e Turismo, Instituto Piaget, Campus Universitário de Santo André






Imagens: O Sado.
Instituto Piaget (Campus universitário e hotel), Santo Abré


Gostei de ouvir falar os meus pares, de ver a lagoa e o mar. E ainda de cruzar o Sado que hoje tinha a cor do céu.

Cidade, Património e Turismo
23 de Abril de 2008
Campus Universitário de Santo André

Mais informações
Campus Universitário de Santo André
Sandra Guerreiro
sguerreiro@standre.ipiaget.org
T. 269 708 71
www.ipiaget.org

Programa:

09h00
Abertura do Secretariado
Recepção dos Participantes
09h30
Abertura do Seminário:
Mestre Fátima Rosa
Presidente do Campus Universitário de Santo André
10h00
Doutor João Madeira
Investigador do Instituto de História Contemporânea
da Universidade Nova de Lisboa
10h30
Professor Doutor José António Falcão
Director do Departamento do Património Histórico
e Artístico da Diocese de Beja
11h00
Pausa para o Café
Exposição de Artesanato do Concelho de Santiago do Cacém
11h15
Doutora Maria Filomena Barata
Representante do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico)
11h45
Doutor João Andrade Santos
Presidente da ARTA (Associação das Regiões de Turismo do Alentejo)
12h15
Doutora Ana Barbosa
Vice-Presidente da Direcção da APECATE (Associação Portuguesa de Empresas
de Congressos, Animação Turística e Eventos)
12h45
Debate
13h00
Encerramento da sessão com a actuação da HajaTuna
(Tuna do Campus Universitário de Santo André, do Instituto Piaget)
Seminário

Dia Mundial do livro





Hoje é o dia Mundial do Livro.
Mas para mim escolhi as comemorações do Convento de Mafra e, de novo, o livro da Natália Correia.

Depois vesti-me de branco.
Na esperança que o dia, a semana e o mês me dessem um sinal.
O sinal veio.
Neste livro, que foi um presente de Natal.
«Indeciso entre as rosas e a noite
Seu corpo era uma história por contar.
Lira, abandonou-se em meus cabelos,
Pediu-me um som para poder vibrar.
Dei-lhe o feitiço da canção fatídica
Da sereia que à terra se recusa.
E soltou-se: voo paradisíaco
Direito aos mirtos da morada da musa.
(...)


Natália Correia

Dá-me Alento



Disseram-me um dia «dá-me alento» ...
e eu que também precisava tanto de o ter, dei-to.

Depois abri o livro do Jorge Pires, ouvi a música a quem dedica o livro; sentei-me ...
e afinal chorei.

Sim, dou-te alento ... direi ... mas cada dia de sua vez, senão vou acabar por rebentar!

De não saberes dizer, como dever ser, toma lá tu também um pouco.

quarta-feira, abril 23

A «Morte de Marat», David





Sempre que vejo uma toalha branca manchada, me tenho lembro do célebre quadro de Jacques-Louis David, amigo pessoal de Marat, que imortalizou a sua morte desleal, traiçoeira.

Porta-voz do partido jacobino, a ala mais radical da Revolução Francesa, Marat é assassinado por Charlotte Corday, militante do partido moderado dos Girondinos, que se infiltra na sua casa e o apunhala na banheira.
Cruenta morte essa às mãos de uma lâmina, que não sendo a arma fria e mortífera do seu amigo Guilhot (cujo uso Marat tanto havia defendido), o acaba por matar, corpo ferido em lanhos letais.

Tendo sido médico pessoal do conde d'Artois, irmão de Luís XVI, Marat desencanta-se da corte e da aristocracia, aderindo às causas da Revolução que dele acabará por fazer uma das suas próprias vítimas.

O quadro é, para mim uma das obras-primas da Pintura Ocidental! Pena é que David se tenha, depois, tornado o emortalizador de Napoleão...

A Morte de Marat tem sido retomada por inúmeros pintores e escritores, como Munch e Picasso que, em 1931, pinta o soberbo quadro «Uma Mulher de Estilete - A Morte de Marat».

A mim, não me sairá da mente, enquanto a alma mo deixar.

E é um dos quadros da minha eleição, por tudo o que representa e também por essa estranha vingança da vida entre o que "atraiçoa e é atraiçoado".


(ver Wikipédia, Google)

terça-feira, abril 22

Conversas no tanque

Agradeço de novo à Cristina Duarte a informação, transcrevendo a partir dela.

«No âmbito do Congresso Feminista 2008, o Chapitô e a UMAR estão a promover debates mensais temáticos que designámos por "Conversas no Tanque" por se realizarem num espaço do Chapitô que tem um tanque.
A segunda destas conversas realiza-se na 4ª feira - 23 de Abril - 21h

com o tema «Mulheres e Lideranças»

participação de Ana Paula Canotilho;Helena de Koning; Helena Pinto e Lúcia Serralheiro

Moderação de Fátima Grácio

Apelamos à participação de todas e de todos no bonito espaço do Chapitô nesta segunda "conversa no tanque"

21 de Maio (Direitos Humanos e Igualdades); 18 de Junho (Feminismos e Controvérsias)»

Ver http://umarfeminismos.org

Roma, hoje é o teu dia

Comemora-se hoje em Itália a fundação da cidade de Roma, em 753, por Rómulo e Remo, a quem a Loba amamentou após terem sido abandonados no Tibre.

segunda-feira, abril 21

A Casa e o Mundo









Quando se abate a torrente na rua,
arrancando à noite rugidos de temor,
vejo da minha janela remoinhos de vento
mas estou dentro, dentro da luz e de mim.

(a tempestade tem-se abatido, de novo, sobre a cidade)

domingo, abril 20

A nova lei do divórcio ou o divórcio unilateral

Se bem que não conheça o texto, apenas podendo falar através do que tem sido veiculado na comunicação social, a ideia do divórcio pedido unilateralmente, parece-me, como ponto de partida, algo bizarra, crente que ainda continuo a ser na capacidade de negociação, de concertação, porque o casamento também foi uma decisão a dois.

No entanto, pelo conhecimento que tenho de muitas experiências pessoais, é um facto que alguns pares se recusam a aceitar o divórcio como realidade, mesmo quando já esboroados todos os laços de respeito ou de cumplicidade que pudesssem ter unido o casal.

Compreendo assim que, em desespero de causa, uma das partes se sinta forçada a recorrer á possibilidade de o pedir de forma unilateral. Eu própria detestaria estar casada não por opção, mas sob pressão ou chantagem.

Tenciono ler o texto com atenção, tanto mais que há um aspecto que me preocupa sobremaneira.

Muitos homens (e desculpar-me-ão esta sistemática preocuração com o elo mais fraco, mas a realidade é o que é) após a ruptura ou separação, rapidamente vão esbatendo as suas preocupações afectivas e financeiras com a família que ficou para trás.

Obviamente, como princípio abstracto, considero justo e socialmente equidistante o facto de não ter o homem que ficar a pagar eternamente à ex-mulher a sua pensão ou outros tipo de "indeminização". As mulheres como qualquer adulto, caso não fosse a sociedade ainda ser tão desigual, devem ter a mesma acessibilidade ao trabalho e as mesmas condições psicológicas e financeiras para não dependerem das pensões dos ex-maridos.

Mas todos sabemos bem que ainda assim não é, porque a sua disponibilidade é menor, e continuam a acarretar com a maioria das responsabilidades dos filhos (e mesmo dos maridos, diga-se em abono da verdade, neste Portugal em que continua a dizer-se de forma banal que os "homens já vão ajudando") e, portanto, tantas vezes acabam por não ter grandes possibilidades para fazer investimento na sua formação ou na sua carreira profissional.

E em relação aos filhos? Mesmo que devidamente signados os acordos que permitem garantir a pensão aos descendentes, quantas vezes a prática faz cair no esquecimento essa obrigação de forma regular, nem sempre recorrendo as mulheres aos tribunais, porque acreditam que são situações circunstanciais, que acabarão por resolver ...

Para não falar do desinvestimento afectivo com os filhos que, infelizmente, continua a ser real, particularmente nos casos em que uma nova família se constitui.

Mas à lei têm que estar, de facto, subjacentes princípios de equidistância que ajudem tentencialmente a sociedade a crescer.

Por isso, e apesar das dificuldades acrescidades que a lei possa vir a trazer, terei que entender que possa haver casamentos cuja negociação não seja viável, pela pressão ou chantagem de um dos envolvidos, e que, assim, se consigne a possibilidade de um cidadão exercer a capacidade de escolher estar ou não casado.

Para as outras questões acima referidas, terá que a sociedade encontrar as melhores soluções, algumas das quais passam também por sermos capazes de as denunciar, de sermos pertinazes, se caso necessário for, travar as lutas que há a travar no interior e no exterior de casa.

sábado, abril 19

A propósito do acordo ortográfico (ao Ultraperiférico)

Subscritora que sou do lugar da palavra e da língua, enquanto expressão da complexidade do pensamento, não posso, contudo, deixar de me questionar sobre a pertinência do acordo ortográfico agora preconizado.

Não que o defenda, pelo contrário, porque dele advirá, obviamente, mais empobrecimento para o Português.

No entanto, correndo-se o risco de sistematicamente serem dados erros de ortografia, de sintaxe, alguns ajustamentos e investimentos terão que ser feitos, certamente de cariz mais profundo do que o acordo estritamente ortográfico que agora se preconiza, focalizado apenas simplificação da grafia.

Não que algum dia me ocorra que se venha a esquecer o que é um predicado, um sujeito, um complemento directo, indirecto ou circunstancial.

Mas é um facto que, muitas vezes, fui confrontada, no trabalho, com o desconhecimento total das regras mínimas gramaticais, designadamente em pessoas de formação dita superior.

Além disso, teremos que reflectir também sobre o papel da linguagem informática e das msn, que vem introduzindo alterações substanciais na forma como nos expressamos, cujos contornos ainda estão mal identificados.

O "que" é k; o nh é ñ, tal estenografia que, sem aprendizagem, acaba por ter uma codificação reconhecida por muitos dos praticantes assíduos das novas formas de comunicação.
Uma coisa tem que ser interiorizada, até para que algo se possa fazer em sentido contrário: instalou-se em Portugal, na maioria dos cidadãos, uma atroz iletracia, um profundo desconhecimento da Língua Mãe, da sua riqueza ortográfica e gramatical que apenas faz com que, cada vez mais, prolifere a pobreza e a grosseria como forma de comunicação, reiterando a preocupação sobre os efeitos perniciosos que essa mesma linguagem codificada e brejeira está a exercer na língua portuguesa. Apelo, deste modo, aos subscritores do Acordo Ortográfico para que se faça, de facto, uma reflexão mais aprofundada sobre o papel da Língua Pátria, como garante de civilidade de uma Nação em que o crescimento não poderá ser apenas no que se pode comprar, mas no que se pode aprender.

Por isso não posso estar mais em desacordo com a expressão «Palavras leva-as o vento», pois a Linguagem a única coisa que faz distinguir os Homens dos animais.

A propósito do Casamento



A propósito do Casamento três livros há que recomendo: Um, de Cervantes, O Casamento Ardiloso, (1613), onde a Mulher é ainda marcada pelo estigma dos pecados mortais que são a perspicácia, a audácia, a ardileza, que se consegue também espelhar nas forças ocultas de Montiela; outro, Casamento Perfeito, do seiscentista Diogo Paiva de Andrade, onde o Casamento se torna uma instituição de excelência, quase perfeita, de acordo com as normas da Igreja e os contratos do mundo «Autorizou Deus com a sua assitência o primeiro casamento que houve no Mundo, para mostrar as perfeições, e excelências daquele estado, e a obrigação que os casados têm de viver conforme aos preceitos de tal padrinho, unindo-se ambos em uma só vontade, e fundando nela muito diversas, e copiosas virtudes (...) e se devem mostrar agradecidos a um Senhor que tanto os honrou com a sua presença, e tanto os alenta; e ainda «A Carta de Guia de Casados», do moralista D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), onde o autor consegue tornar o casamento nos exemplos práticos do que Diogo Paiva de Andrade tinha teorizado «sirva a mulher de ser senhora de sua casa, satisfaça as obrigações deste seu ofício; que assaz fará de serviço a sua casa, a seu marido, se o fizer como deve»

Salvem-me deste Portugal que tantas reminiscências tem ainda do que acima se descreve, mesmo que disfarçado com outras formas de estar!
De castas e devotas esposas e mães, sempre elas próprias mais devotas que outra qualquer, para quem as infidelidades esponsais mais não são do que fruto do pecado das outras "oferecidas" mulheres: a célebre tentação da Eva, no pecado original.
E afinal a fidelidade, a devoção, a dedicação, a lealdade, a existirem de facto, não fazem parte de um compromisso a dois?

Mas, mais grave do que mulheres e homens aceitarem ainda este modelo, é continuar a implicar nele os filhos que amanhã serão companheiros ou maridos de outrém que, por certo, não querendo viver da mesma forma, poderá ser duramente confrontado com a violência de uma certa forma de estar e de encarar as relações.
Militarei,sim, contra estas formas de estar, pois é muito claro para mim, por muito que a maioria das mulheres me mereça enorme respeito, independentemente da condição, lugar ou religião, que há ainda uma atitude a combater em Portugal: o uso da linguagem da ameaça, da grosseria e da chantagem, particularmente com as outras mulheres, e que implicando, repito-o, filhos e pais (os chamados "irmãos" do Santo Ofício), como forma de mimetizar ou subscrever o pior que o machismo e a religião, ancestralmente unidos, como poderes absolutistas, podem ter como mecanismo de domínio.

E se ainda grassa em Portugal essa forma de estar! Em que as mulheres se assumem apenas como o reverso de uma moeda em que o anverso são instrumentos de poder masculino.

Denunciarei, reitero, essa atitude, tantas como as vezes em que o mundo masculino também usou da violência física ou psicológica para me tentar fazer desistir. Para me admoestar. E, no entanto, sem o conseguir!

(Um dia, quando o tempo mo permitir, quando as feridas de muitas coisas cicatrizarem, quando os nomes não tiverem já qualquer importância, mas apenas as atitudes, farei o meu depoimento público, sobre a forma como algumas mulheres conseguem abordar as suas congérenes, só porque a vingança se sobrepõe à dor, sabendo eu bem que sabor ela pode ter ...).

Claro que militarei, sim, ... enquanto em Portugal este figurino existir, como verdade única de conceber o mundo das relações!

quinta-feira, abril 17

Isumi Shikibu (974 (?)-104 (?), O Japão no Feminino, I


«(...)

Desejando vê-lo,
para ser vista por ele -
se ele ao menos fosse
o espelho onde eu me olho
e que olho cada manhã.

Nesta longa insónia
fico a vigiar a noite
de Primavera -
mas não há guarda possível
que chegue para prendê-la.

(...)».

Isumi Shikibu

quarta-feira, abril 16

Os Lares

Com os meus Lares acesos, a manhã pode começar.
Saberei fazer-lhes as oferendas devidas para os apaziguar.

terça-feira, abril 15

«Território Artes». Quem se lembra de ir ouvir jazz ao Chapitô?



Trata-se de um programa de «descentralização das artes e formação dos públicos (...) de apoio à difusão cultural de forma a estimular a itinerância de espectáculos e exposições à escala nacional», parafraseando Orlando Farinha, Director Geral das Artes do Ministério da Cultura.
Para além da divulgação de vários eventos culturais, a revista tem vários artigos de apresentação do program e de vários projectos culturais no País.

Destaco a reportagem de Maria Flor Pedroso, «Mulher com paisagem ao fundo e o mundo pela frente», (cujo título, curiosamente, tem afinidades com o deste blogue), dedicado ao projecto do Chapitô, designadamente os seus programas de educação e integração pelas artes.

Quem ainda se lembra que, para além de tantas outras coisas, ainda é possível ouvir jazz no Chapitô, vendo a cidade da colina do castelo?

domingo, abril 13

O Domingo, dia de descansar

«O que era o seu primeiro dia,
foi o seu primeiro mês,
O que era o seu segundo dia,
foi o seu segundo mês,
O que era o seu terceiro dia,
foi o seu terceiro mês»

(Textos sumérios, cit in O Diccionário dos Símbolos, «Dia», Teorema).

Ao Domingo descansa-se, mima-se a filha febril, faz-se empadão para o almoço e doce "espera-maridos" ou de "cinco minutos", conforme se quiser!

E limpa-se o pó aos lugares habituais, espreguiçando-nos nas horas do dia que, sendo o primeiro, é para repousar.

sábado, abril 12

Em Rio Maior aprende-se arqueologia mineira



E hoje fui aprender com eles, vendo e ouvindo falar.
Patrões, mineiros, engenheiros e tantos outros mais.

Há as salinas de sal-gema de Alcobertas, possivelmente já de origem romana, conhecidas desde 1177, a mina do Espadanal e a fábrica de carvão de Briquetes, obra grandisosa do Regime de Salazar.

E histórias, muitas histórias, para ouvir contar: de tensões laborais, de alegrias e dores de um Portugal que ali acreditou que podia ser maior.

Agradeço ao Arquitecto Nuno Rocha, autor do projecto de reabilitação da Fábrica de Briquetes, a cedência da fotografia legendada (19559.

Para mais conhecer, veja: http://rio-maior.blogspot.com

sexta-feira, abril 11

Encontros sobre Património na Fábrica Braço de Prata

Às segundas quintas-feiras do mês, há na Fábrica Braço de Prata «Conversas de Património», a partir das 18h 30, uma iniciativa do Instituto Ibérico do Património.

Pode ver-se o que se pretende com estas iniciativas no site www.iipatrimonio.org

Vale a pena, reitero, conhecer este local e o que por lá se vai tentando fazer.

À minha amiga Nucha obrigada pela companhia, porque me deu a conhecer o sítio, e porque as pessoas são ainda o melhor património que se pode ter.

quinta-feira, abril 10

As minhas geografias afectivas - o jardim do Campo Santana



Será todos os dias surpreendente. Ainda há velhos nos bancos, fazendo a batota possível. Têm nas mãos trémulas cartas já desgastadas e nos bolsos moedas e notas para gastar.
Ainda há patos e ganços sacudindo das penas as águas sujas do lago.
Ainda há inscrições rememorativas dos combatentes de Portugal.
Tais heróis liberais que viram findar o Portugal de D. Miguel, mortos na praça que lhes foi fatal.
Ainda há a mesma esplanada que, sempre decadente, parece não querer mudar.
Ao longe o castelo, sobranceiro, ainda nos continua a espreitar.
Do outro lado, o Torel, o jardim mais bonito de Lisboa, espraia-se até à Baixa deixando ver do alto como a cidade pertence, de facto, às suas sete colinas.

Hoje só por lá passei a correr ...

segunda-feira, abril 7

Um dia morrerei nas tuas mãos




talvez morra um dia

se adivinhar que a morte soluciona a dor

e se as mãos que te pertencem me acompanharem

o caminho da descoberta ainda por cumprir

talvez um dia as tuas mãos me abracem

e eu então morrerei

Coleccionismo e Coleccionadores de Obras de Arte

I Curso de Primavera de História de Arte
Faculdade de Letras de Lisboa
Instituto de História de Arte

(3 de Abril - 21 de Maio)
Na Faculdade de Letras de Lisboa

Dia 17 de Abril quero ir ouvir falar O Doutor João Carlos Brigola sobre «O Coleccionismo em Frei Manuel do Cenáculo».

Quem dera se lembre das colecções de Miróbriga!

domingo, abril 6

Hoje, dia 5 de Abril de 2008

Porque muitos dos pressupostos que estiveram na origem deste blogue (dedicado à minha filha, aos amigos que ficaram e ficarão, com particular destaque para a minha amiga Cristina Duarte, que me ensinou como se fazia um blogue, e, sempre presente, ao amor que me acompanhou) se parecem ter alterado, ou pelo menos, desde a sua origem, tanto mudou na minha vida: lugar de trabalho, lugar que habito; novas verdades sobre o que concebia serem as minhas geografias afectivas, algumas das quais muito me surpreenderam, porque de facto, me confrontaram com novas e admiráveis realidades;

Porque talvez esteja na altura de mudar de ciclo um lunar (sim, mesmo que datado de mais período mais recente, este blogue e o que lhe antecedeu tinha como pano de fundo um período de sete anos)para um ciclo solar;

Porque novo projecto espero poder conceber, a partir de amanhã, este blogue passará a ter um novo figurino. Mas dirigido tematicamente e, espero, menos emotivo.

Antes dele, tive um outro que se chamava «Luar de Mulheres», ainda muito cruzado pelo Alentejo onde trabalhei e onde vi nascer uma filha; onde me entreguei a um Território, de maneira tão intensa como se me pudessem ter deitado as cinzas ao mar; onde sonhei um amor, tão difícil e tão fortemente só e denso como o Alentejo que lhe deu abrigo.
Denoto nos dois, tentando olhar com alguma frieza, uma experimentação muito emotiva, uma entrega quase total ao que ia fazendo e escrevendo, uma dedicação ímpar às motivações que o haviam originado.

Verifico ainda que o afecto acabou por se sobrepor a tudo.

Mas um blogue não é um diário, para isso servirão outros espaços, a exemplo do que permite o Hi5.

Um blogue, penso hoje, deve ser um local para reflexão, para divulgação, para discussão de ideias.

Tentarei, portanto, a partir de amanhã, que um novo espaço tenha lugar, a partir deste mesmo, que será sempre o meu.
Porque, mesmo apesar de tantas alterações na minha vida, algumas das quais doridas na forma como se me foram apresentando, em nada o renego, pois lhe pertenço como viver, pelo contrário, sublinho as motivações, efabulações, alegrias e mágoas que lhe deram corpo, ao longo dos dias.

Apenas está na altura de mudar, como se a ponte tivesse mesmo que finalmente atravessar. Claramente, há coisas que têm que mudar ou cuja orientação se tem que alterar.

the blue is gone



Imagem: Marta Wengrovius (há muitos anos atrás)

« Eu não penso, nem me queixo, nem discuto,
nem durmo.
Não desejo nem o sol, nem a lua, nem mar,
nem barco.

Não penso no calor que faz entre estas
paredes,
nem como o jardim está verde;
e esse presente, que tanto desejei,
já não o espero.

Não me anima nem a manhã, nem o eléctrico
o seu cintilar alegre,
vivo sem ver o dia, esquecendo-me, do tempo,
o ano e a hora.

Sobre uma corda estragada,
eu danço - pobre bailarina.
Sou sombra de uma sombra. Sou lunar
de duas sombrias luas».

Marina Tsvétaïeva, E cantou como canta a Tempestade, Assírio & Alvim

sábado, abril 5

O Hi5: Será o mundo grande ou pequeno então?



Será que o mundo está mais perto ou mais longe, afinal?

O hi5 como fenómeno universal: troca-se tudo, música, fotografias, comentários, amigos e sabe-se lá mais o quê!!!
Como em todos os lugares, virtuais ou reais, tudo pode acontecer ... tudo está a correr, dependendo da forma como cada um de nós vai usando o tempo e os meios, as tecnologias à nossa mão.

Para já, e pese tratar-se, julgo, de um fenómeno com contornos quase adolescentes, porque na essência ou na raiz está uma atitude de partilha sem medo e sem pânicos ainda interiorizados, de mensagens curtas mas com sinal, é um facto que fiquei fã do que se pode permutar com o My hi5 Friends.

Tal album de fotografias, tal colecção de afectos ou de gostos, ali tudo podemos guardar.

Assim, partilhem:

Hi5
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e ainda muito mais ...
Confesso, para mim, foi mais um bom canal para juntar os que pertencem às minhas geografias afectivas e, alguns que só o tempo o dirá.

No entanto, e para grande pasmo meu, é possível encontrá-los em vários lugares, de acordo com a diferente morada de e-mail.
Que complexo pode também acabar por ser este mundo do Hi5.

sexta-feira, abril 4

as tuas mãos continuam a ser a minha cidade





amoramortemataoamordeamartetemamonoamordemorte
morteamordeamarteamonamorte
mordomeuamardomeuluardemortenoamordoteuluar





na morte
sem as tuas mãos
só mulher
sem luar, a sonhar

quinta-feira, abril 3

O HOMEM é um animal apaixonado, Teixeira de Pascoaes

Amar é dar à luz o amor, personagem transcendente.

Aforismos, Teixeira de Pascoaes

quarta-feira, abril 2

AMO-TE, Ana Hatherly

Ainda te lembras amor do sentido da palavra chave?
Que, como na instalação da Ana Hatherly, atravessa o espaço, o mundo?


TE
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AMO

terça-feira, abril 1

Hoje regressei a Évora


Embora a chuva não animasse a ideia, hoje regressei a Évora e consegui vê-la com novos olhos.

Descobri-lhe novos encantos, segredos escondidos debaixo do chão.

E reencontrei as pessoas que lá vivendo estarão sempre aqui por perto.