terça-feira, março 26

Miles Davis How High The Moon

Para acordar, um poema




Canção

Que saia a última estrela
da avareza da noite
e a esperança venha arder
venha arder no nosso peito

E saiam também os rios
da paciência da terra
É no mar que a aventura
tem as margens que merece

E saiam todos os sóis
que apodreceram no céu
dos que não quiseram ver
- mas que saiam de joelhos

E das mãos que saiam gestos
de pura transformação
Entre o real e o sonho
seremos nós a vertigem




Alexandre O´Neill, Poesias Completas

quinta-feira, março 21

Dia da árvore




Junte-se a nós cuidando ou plantando uma árvore, em Angola e em Portugal.


[youtube http://www.youtube.com/watch?v=OBgHthMay8s&w=480&h=390]

Delonix Regia, Fotografia de António BarataA ''''Delonix regia'''', também conhecida por flor-do-paraíso, pau-rosa; espécie de árvore só existente em Angola



  • "(...) é verdade mãe aquela árvore é capaz de grandes tristezas. Os mais velhos dizem que o embondeiro, em desespero, se suicida por via das chamas. Sem ninguém pôr fogo. (...)"
    Mia Couto, «O Embondeiro que Sonhava Pássaros»
    *
    "É enorme. E o largo tronco desproporcionado assenta em raízes grossas que se afundam poderosamente sugando o que será depois folhagem pequena e frutos para usar no caril.Quando se passa parece que se evola do vegetal gigante uma aura tranquila e protectora.Como se nos visse e nos cedesse um mínimo da sua alma de tempo.Os nativos consideram os embondeiros árvores sagradas. Acontece verem-se presos aos troncos rectângulos de pano branco e logo abaixo no chão uma tigela com oferendas - em lembrança de alguém.Não se cortam ramos de embondeiro para a fogueira. Apenas os frutos são colhidos porque no alimento haverá comunhão com a árvore."
    GLÓRIA DE SANT'ANNA, «Ao ritmo da Memória»



Fotografia do Gerês, Jorge PeresO Dia Mundial da Árvore ou Dia Mundial da Floresta é festejado a 21 de Março.



A comemoração oficial do Dia da Árvore teve lugar pela primeira vez no estado norte-americano do Nebraska, em 1872.
Porque a árvore é um símbolo de ligação da Terra ao Céu, falando-se mesmo nas árvores do Éden, também foram usados, por isso mesmo, os ciprestes, desde o Período Romano, como um símbolo do Eterno e eram consagrados aos Lares e Penates.

A nossa tão bem conhecida "árvore de Natal" tem origem nos Países do Norte da Europa e é isso mesmo que representa: a Eternidade!


Árvores na Lagoa de Santo André



Embondeiro, 2010. Fotografia de Filomena Barata

Por seu lado, a oliveira era considerada desde Gregos e Romanos a árvore da civilização, da paz e da vitória sobre as forças obscuras, esterilizantes e injustas, motivo pelo que a deusa Atena fez brotar a oliveira por detrás do Erectéion, como o mais belo presente que podia oferecer aos Atenienses.
O embondeiro em Angola é a árvore que marca o território, dando-lhe a escala da sua grandreza.

http://silnunesprof.blogspot.pt/2009/12/o-embondeiro.html

Vamos, assim, comemorar simbolicamente a existência de um Grupo, «Angola em Portugal; Portugal em Angola», aderindo ao dia da árvore e plantando em Angola e em Portugal uma árvore que marque o dia e o nosso intuito de PAZ e de VITÓRIA DA AMIZADE E DA CONCÓRDIA!
Plantemos ou cuidemos, pois, no dia 21 de Março, um arbusto, uma árvore que nos una nesta ponte imaginária entre os dois países.
Contamos vir a ter a colaboração de indivíduos ou entidades que se associem a este Evento.

terça-feira, março 19

Poesia: O PONTO ZERO DA ESCRITA A COMEÇAR



Falo do Amor - a Loucura, regresso a um pré-tempo - talvez onde menos se esperava (de real que não houve tempo para escolher a Idade - em que Idade estamos?), onde menos se esperava pois não lhes era dado preservarem-se tal como eram ou do que fosse sem que isso lhes não destruísse as possibilidades de uma certa preparação íntima que continuará e será enriquecida ou mutilada, mas sempre irremediavelmente ligada ao que se quiser ou não quiser ser. A Poesia: Realidade Liberta - que de novo se fica só, abandonado e de novo se é a noite! OURO VERMELHO AZUL, PRETO.


António Maria Lisboa (1928-1953)
                                   Poesia, in Poemário, Assírio & Alvim



Falo do regresso ao silêncio.
Porque há alturas para a poesia escrita
e outras do tempo da brisa e da nudez.
Quando finalmente há espaço para escolher a Idade.

Os bons amantes têm direito à paz,
ao mutismo dos reis.
Dormir em sossego, sem vestes, nem armas
apenas descansar. Sem demos de assalto.

Com os deuses de guarda, para os deixar sossegar.
Tal o desejem os humanos, ou não ...

(Há ainda Idade para História a criar).




O PONTO ZERO DA ESCRITA A COMEÇAR!

E a cortina vai fechar!

domingo, março 17

Linda David, O Espelho de Laura



O espelho de Laura
Há dias que vivemos bem connosco, outros que nem por isso. Há dias que a imagem que o espelho nos devolve é exatamente aquela que queríamos ver. Há dias que o espelho mudou de lugar e, outros ainda, que o espelho nos devolve a pessoa que pensamos ser. O espelho olha-nos incrédulo e nós que pensávamos ver a nossa imagem, ao contrário: o lado direito no lado esquerdo e o lado esquerdo no lado direito, vemos a nossa alma de pernas para o ar. Há dias. Há espelhos. Acreditamos. Acontece. Parece muito simples. E há a Laura. Hoje, Laura gostou de si. Gostou do que viu ao espelho, gostou do jeito, dos olhos e da ilusão. Gostou. Talvez porque as dores tivessem desaparecido, talvez por pensar que se repetirmos, muitas vezes, uma ideia, uma ilusão, um desejo, acabamos por acreditar. Acontecer. Laura acreditava que tudo poderia acontecer ser se se acreditasse muito. Talvez. Um dia normal. Trabalho. Papéis. Sonhos. Compras. Um café com um amigo. Não estava mal aquela imagem de Laura ao espelho. Não, não estava. Saiu Enrolou o sorriso num sorriso mais bonito ainda e quis fazer com o domingo, um dia feliz. Em paz, compraria o jornal. Deitaria conversa fora. Talvez encontrasse alguma resposta. Alguma cara conhecida. Talvez. E encontrou. Perfeito e melhor: foi encontrada por um rosto de felicidade roubada, às claras, à felicidade de alguém. Sorriso satisfeito, rasgado, triunfante. Um sorriso feliz com os dentes à mostra. Um sorriso rodeado de amigos, de família satisfeita. Ficou com a imagem que vira ao espelho e de que gostara tanto virada ao contrário. De repente, ficou reduzida a pó, menos que pó, menos que nada. Não ela não deveria estar naquela fotografia: aquelas pessoas não lhe pertenciam. Aquele lugar feliz não era seu. Laura não conseguiu evitar as lágrimas. O soluço estalou na sua boca. De soslaio, olhou para a sua imagem refletida num outro espelho – o vidro de uma montra serviu. Estava distorcida e sem cor. A verdade em que queria acreditar, afinal, era uma felicidade que não lhe pertencia. Cravou as unhas nas palmas das mãos. Ergueu a cabeça. Engoliu o tempo e o sonho. Apressou-se. Desceu a escada rolante. Fugiu para a porta de saída. O frio e a infelicidade apanharam-na de surpresa. Seguiria para casa. Arrumaria em qualquer lugar a fotografia que acabara de encontrar. Pensou em várias respostas. Escrever-lhe-ia. Escrever-lhe-ia uma mensagem. Poderia escrever-lhe uma carta de amor. Laura lembrou-se que ele gostava das suas cartas de amor. Sim. Arranjaria uma desculpa e ligar-lhe-ia. Laura gostava de acreditar. O frio que lhe entrou pelo decote da camisa acordou-a do torpor. Não. Hoje, Laura não faria nada disso. Chegaria a casa, olharia para o espelho e perguntar-lhe-ia pela Laura. A Laura que há algumas horas ali estivera, naquele mesmo lugar, à frente daquele espelho. A Laura tão sorridente e a acreditar.”Espelho, viste a Laura?”
(Então, espelho, não respondes?)
L.C.D
(março de 2013)

Fotografia: Man Ray

Foto: O Epelho de LauraF

Vamos conhecer Lisboa à volta de um café? Hoje fomos ver o rio



E ainda o Museu de Arte Popular e a exposição o «Riso» no  Museu de Electricidade.





segunda-feira, março 11

Vamos conhecer Lisboa à volta de um café? O Palácio da Ajuda.


Cartaz: José Luís Jesus Martins


http://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AAjudaplanta.jpg

  • José Vasco Pina Serrano Muito boa esta imagem. É possível ver-se a mais escuro o que foi construído e a mais claro o que estava projectado (era giro musealizar a história de um projecto inacabado e o modus construtivo de construção de palacios (fazer mesmo um museu com estaleiro na zona da Calcada da Ajuda e assumir a construção) mas estaleiro/museu com dignidade palaciana  boa semana de trabalho

REAL BARRACA DA AJUDA

Ficha Bibliográfica

[1578243]

GALLI BIBIENA,, Giovanni Carlo,, 1717-1760
[Planta da Real Barraca] [Visual gráfico], [entre 1755 e ca 1769?]. - 1 desenho : tinta da china e aguadas ; 131x72,5 cm. - Nota identificativa, adicionada muito posteriormente, depois de 1802 (data do recomeço das obras do novo Palácio da Ajuda, que tinham sido suspensas, dirigidas agora por José da Costa e Silva, substituindo M. Caetano de Sousa ): " Paso Real incendiado edificado depois do Terremoto de 1755 no Alto da Ajuda dicto vulgarmente a Barraca: no mesmo sitio prezentemente se está construindo o novo Palacio comesado pelo Arquitecto Manuel Caetano de Souza Coronel do Real Corpo de Engenheiros" . - Provável planta original à qual terá sido acrescentada (entre 1774-77?), a legenda remissiva identificativa do uso das salas . - Data da legenda remissiva (entre 1774 e 1777?) atribuída conforme a conclusão da análise dos dados da própria legenda, nomeadamente, segundo o n.º 7 ("Coarto do Principe e do S.r Infante q. esta no seu", ref. ao Príncipe D. José e ao Infante D. João, futuro D. João VI) e n.º 2 ("Coarto do Serenissimo S.r Infante D. Pedro", futuro D. Pedro III): D. João terá deixado os aposentos da senhoras com sete anos, à semelhança de D. José, portanto em 1774 e, por outro lado, D. Pedro apenas até 1777 seria referido como Infante. O facto de ser ainda assinalado nas legendas o quarto de "Pedro José Porteiro da Camara" (Pedro José da Silva Botelho, falecido em 1773) poderá corresponder à permanência do nome pelo qual o quarto ficou a ser conhecido mesmo depois do desaparecimento daquele, como aconteceu em outras dependências do palácio (cf. Abecasis, p. 61). - Segundo C. V. Machado, o traçado da Real Barraca e respectiva Capela Real, ficou a dever-se a J. C. Bibiena, falecido em 1760. - Escala: "0-400 Pallmos". - Planta da construção de madeira (no local do actual Palácio da Ajuda), de provável piso térreo , que alojou a Família Real a seguir ao Terramoto, desde finais de Julho de 1756 (cf. Abecasis, p. 18) até 1794 (data em que ardeu excepto a Livraria, a Sala dos Serenins, a Capela, a Sala da Física, cf. Abecasis, p.147 ), com detalhada legenda remissiva identificativa do uso (53 legendas com numeração remissiva e mais seis, na própria planta, sem numeração, : "Pateo que pertence ao Paso Velho", "Pateo" (vários), "Casinha das Senhoras", "Corpo da Guarda", "Transito da portaria particular" e legenda de difícil leitura junto do n.º 52). - Vestígios subjacentes a lápis de uma diferente numeração das salas e de esboços nos pateos junto ao n.º 43 e 45. - Pela análise desta planta poderá concluir-se que o edifício teria um único piso ligeiramente sobrelevado, sobretudo do lado Poente, para compensar desníveis: algumas das escadas existentes poderiam, também, constituir acessos ao sótão da cobertura . - A planta e alçado da Real Barraca (Acad. Nac. de B. Artes), referidos e reproduzidos por G. de Matos Sequeira (ob. cit.), não são outra versão da planta acima descrita: trata-se, respectivamemnte, de uma sobreposição dos perímetros das duas plantas (Real Barraca e Palácio da Ajuda, com escala) e de uma simples representação do alinhamento da fachada Sul da Real Barraca que, pela desproporção, não se apresenta fiável. - Data da planta interrogada, tribuída segundo o início da construção (1755) e a data (aproximada) da marca de água (ca 1769). - Carimbo da BNP utilizado a partir de 1836 (até 1910). - Marca de água: flor-de-lis dentro de escudo coroado, com borla e nome de fabricante "J. Honig & Zoon[en]", com data aproximada de ca 1769 (cf. Edward Heawood - Watermarks, 1950, n.º 1840) . - Cirilo Volkmar Machado - Collecção de memórias... 1922,, p. 151. - A. Aires de Carvalho - Catálogo da colecção de desenhos. BN, 1977,, n. 631. - Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII- No 2.º Centenário da Morte do Príncipe D. José (1761-1788). Lisboa,, p. 9, p.35. - Maria Isabel Braga Abecasis - A Real Barraca... Lisboa, 2009. - G. de Matos Sequeira - O Palácio Nacional da Ajuda, 1961,, p. 10-16. - Legenda remissiva numérica com ortografia actualizada: 1. Sala dos Archeiros; 2.Quarto do Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro; 3. Quarto d¹El-Rei N.S.; 4. Quarto da Rainha N.S.; 5. Quarto da Princesa; 6. Quarto das Senhoras Infantas; 7. Quarto do Príncipe e do Senhor Infante que está no seu; 8. Sala do Porteiro da Cana; 9. Sala dos Viadores; 10. Salas do Donzel d¹El-Rei N.S.; 11. Sala do Donzel da Rainha N.S.; 12. Salas do Donzel da Princesa; 13. Sala de passagem para a Sala do Donzel da Princesa; 14.Oratório; 15. Tribuna; 16. Sala da Mesa de Estado; 17. Camaristas; 18. Viadores; 19.Estêvão Pinto; 20. Tapeçaria; 21. Adro da Capela; 22. Igreja da Capela; 23. Livraria; 24.Tesouro; 25. Casa da Cera; 26. Quartos de Porteiros da Cana, Reposteiros, Varredores; 27. Conselho de Estado; 28. Confessor d¹El-Rei N. S.; 29. Confessor da Rainha N. S.; 30. Confessor da Princesa; 31. Pedro José Porteiro da Camara; 32. Guarda-roupa d¹El-rei N. S.; 33. Domingos Carvalho; 34. Guarda-roupa do serviço do Senhor Infante D. Pedro; 35. Cirurgiões da Camara; 36. Médicos da Camara; 37. Sargento-Mor Francisco [Fernando?] da Cunha; 38. Casa do Porteiro das Damas; 39. Portaria das damas; 40. Portaria Alta; 41. Quarto da Camareira-Mor; 42. Casas para a Marquesa aia que se não fizeram; 43.Casa da Espera da Rainha N. S.; 44. Casa da Música; 45. Guarda-roupas da Rainha N.S. e Princesa com pavimento superior; 46. Guarda-roupas das Senhoras; 47. Guarda-roupas da Princesa; 48. Camareira-mor; 49. Quartos das criadas; 50. Cozinhas; 51. Cozinhas novas; 52. Quarto das damas com pavimento superior; 53. Jardim das Senhoras . - . - Legendas dispersas na própria planta: Pátio [vários]; Pátio que pertence ao Paço Velho; Casinha das Senhoras; Transito da Portaria Particular; Corpo da Guarda; [anotação de difícil leitura junto ao n.º 52]. - A Real Barraca (levantamento da fachada Sul) está assinalada na Vista de Lisboa, 1763,de Bernardo de Caula, n.º 34 da respectiva legenda remissiva [BNP D. 177 R.]
REAL BARRACA DA AJUDA

Ficha Bibliográfica

[1578243]

GALLI BIBIENA,, Giovanni Carlo,, 1717-1760
[Planta da Real Barraca] [Visual gráfico], [entre 1755 e ca 1769?]. - 1 desenho : tinta da china e aguadas ; 131x72,5 cm. - Nota identificativa, adicionada muito posteriormente, depois de 1802 (data do recomeço das obras do novo Palácio da Ajuda, que tinham sido suspensas, dirigidas agora por José da Costa e Silva, substituindo M. Caetano de Sousa ): " Paso Real incendiado edificado depois do Terremoto de 1755 no Alto da Ajuda dicto vulgarmente a Barraca: no mesmo sitio prezentemente se está construindo o novo Palacio comesado pelo Arquitecto Manuel Caetano de Souza Coronel do Real Corpo de Engenheiros" . - Provável planta original à qual terá sido acrescentada (entre 1774-77?), a legenda remissiva identificativa do uso das salas . - Data da legenda remissiva (entre 1774 e 1777?) atribuída conforme a conclusão da análise dos dados da própria legenda, nomeadamente, segundo o n.º 7 ("Coarto do Principe e do S.r Infante q. esta no seu", ref. ao Príncipe D. José e ao Infante D. João, futuro D. João VI) e n.º 2 ("Coarto do Serenissimo S.r Infante D. Pedro", futuro D. Pedro III): D. João terá deixado os aposentos da senhoras com sete anos, à semelhança de D. José, portanto em 1774 e, por outro lado, D. Pedro apenas até 1777 seria referido como Infante. O facto de ser ainda assinalado nas legendas o quarto de "Pedro José Porteiro da Camara" (Pedro José da Silva Botelho, falecido em 1773) poderá corresponder à permanência do nome pelo qual o quarto ficou a ser conhecido mesmo depois do desaparecimento daquele, como aconteceu em outras dependências do palácio (cf. Abecasis, p. 61). - Segundo C. V. Machado, o traçado da Real Barraca e respectiva Capela Real, ficou a dever-se a J. C. Bibiena, falecido em 1760. - Escala: "0-400 Pallmos". - Planta da construção de madeira (no local do actual Palácio da Ajuda), de provável piso térreo , que alojou a Família Real a seguir ao Terramoto, desde finais de Julho de 1756 (cf. Abecasis, p. 18) até 1794 (data em que ardeu excepto a Livraria, a Sala dos Serenins, a Capela, a Sala da Física, cf. Abecasis, p.147 ), com detalhada legenda remissiva identificativa do uso (53 legendas com numeração remissiva e mais seis, na própria planta, sem numeração, : "Pateo que pertence ao Paso Velho", "Pateo" (vários), "Casinha das Senhoras", "Corpo da Guarda", "Transito da portaria particular" e legenda de difícil leitura junto do n.º 52). - Vestígios subjacentes a lápis de uma diferente numeração das salas e de esboços nos pateos junto ao n.º 43 e 45. - Pela análise desta planta poderá concluir-se que o edifício teria um único piso ligeiramente sobrelevado, sobretudo do lado Poente, para compensar desníveis: algumas das escadas existentes poderiam, também, constituir acessos ao sótão da cobertura . - A planta e alçado da Real Barraca (Acad. Nac. de B. Artes), referidos e reproduzidos por G. de Matos Sequeira (ob. cit.), não são outra versão da planta acima descrita: trata-se, respectivamemnte, de uma sobreposição dos perímetros das duas plantas (Real Barraca e Palácio da Ajuda, com escala) e de uma simples representação do alinhamento da fachada Sul da Real Barraca que, pela desproporção, não se apresenta fiável. - Data da planta interrogada, tribuída segundo o início da construção (1755) e a data (aproximada) da marca de água (ca 1769). - Carimbo da BNP utilizado a partir de 1836 (até 1910). - Marca de água: flor-de-lis dentro de escudo coroado, com borla e nome de fabricante "J. Honig & Zoon[en]", com data aproximada de ca 1769 (cf. Edward Heawood - Watermarks, 1950, n.º 1840) . - Cirilo Volkmar Machado - Collecção de memórias... 1922,, p. 151. - A. Aires de Carvalho - Catálogo da colecção de desenhos. BN, 1977,, n. 631. - Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII- No 2.º Centenário da Morte do Príncipe D. José (1761-1788). Lisboa,, p. 9, p.35. - Maria Isabel Braga Abecasis - A Real Barraca... Lisboa, 2009. - G. de Matos Sequeira - O Palácio Nacional da Ajuda, 1961,, p. 10-16. - Legenda remissiva numérica com ortografia actualizada: 1. Sala dos Archeiros; 2.Quarto do Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro; 3. Quarto d¹El-Rei N.S.; 4. Quarto da Rainha N.S.; 5. Quarto da Princesa; 6. Quarto das Senhoras Infantas; 7. Quarto do Príncipe e do Senhor Infante que está no seu; 8. Sala do Porteiro da Cana; 9. Sala dos Viadores; 10. Salas do Donzel d¹El-Rei N.S.; 11. Sala do Donzel da Rainha N.S.; 12. Salas do Donzel da Princesa; 13. Sala de passagem para a Sala do Donzel da Princesa; 14.Oratório; 15. Tribuna; 16. Sala da Mesa de Estado; 17. Camaristas; 18. Viadores; 19.Estêvão Pinto; 20. Tapeçaria; 21. Adro da Capela; 22. Igreja da Capela; 23. Livraria; 24.Tesouro; 25. Casa da Cera; 26. Quartos de Porteiros da Cana, Reposteiros, Varredores; 27. Conselho de Estado; 28. Confessor d¹El-Rei N. S.; 29. Confessor da Rainha N. S.; 30. Confessor da Princesa; 31. Pedro José Porteiro da Camara; 32. Guarda-roupa d¹El-rei N. S.; 33. Domingos Carvalho; 34. Guarda-roupa do serviço do Senhor Infante D. Pedro; 35. Cirurgiões da Camara; 36. Médicos da Camara; 37. Sargento-Mor Francisco [Fernando?] da Cunha; 38. Casa do Porteiro das Damas; 39. Portaria das damas; 40. Portaria Alta; 41. Quarto da Camareira-Mor; 42. Casas para a Marquesa aia que se não fizeram; 43.Casa da Espera da Rainha N. S.; 44. Casa da Música; 45. Guarda-roupas da Rainha N.S. e Princesa com pavimento superior; 46. Guarda-roupas das Senhoras; 47. Guarda-roupas da Princesa; 48. Camareira-mor; 49. Quartos das criadas; 50. Cozinhas; 51. Cozinhas novas; 52. Quarto das damas com pavimento superior; 53. Jardim das Senhoras . - . - Legendas dispersas na própria planta: Pátio [vários]; Pátio que pertence ao Paço Velho; Casinha das Senhoras; Transito da Portaria Particular; Corpo da Guarda; [anotação de difícil leitura junto ao n.º 52]. - A Real Barraca (levantamento da fachada Sul) está assinalada na Vista de Lisboa, 1763,de Bernardo de Caula, n.º 34 da respectiva legenda remissiva [BNP D. 177 R.]

Não gosto ·  ·  · 23/2 às 8:07



Aqui a corte acampou um dia, no “barracão da Ajuda” … quando Lisboa estava engolida pelo mar; fendida a terra, a cidade … não pôde mais … e mudou de lugar.

No alto, alcantilada, nasceu um outro centro do poder que, já decandente, mesmo assim, teimava em criar o seu novo lugar.








José Luis Jesus Martins adicionou fotos ao álbum IGREJA DA MEMÓRIA | 10 de Março de 2013.

























Ou vamos visitar ali mesmo na Ajuda a Igreja da Memória, ou, mais propriamente, da triste memória, cuja construção se deve a D. José, em lembrança de se ter salvo da tentativa de assassínio de que fora alvo neste local, tendo-se iniciado as obras por volta de Maio de 1760, e a primeira pedra lançada em 3 de Setembro desse mesmo ano.  Lembra a história, irónica tantas vezes, que regressava D. José de um encontro secreto com uma dama da família Távora quando a carruagem onde se deslocava foi atacada, tendo sido atingido um braço.  O facto deu a Pombal o pretexto de que ele precisava para dizimar a família Távora, sendo a sua tortura e execução, em 1759, um dos momentos mais cruéis da História Portuguesa. 
Ainda hoje no Beco do Chão Salgado, junto da Rua de Belém, se pode ver o pilar que lembra esse trágico momento.
Lá em baixo, na cidade devastada, pontuava o Marquês de Pombal, Sebastião de nome, que, inteligente e perspicaz, ditava a nova cidade das Luzes, debaixo dos seus caracóis ... (escamoteando assim a dor de não pertencer a essa corte secular, mas a uma pequena nobreza sem direito por nascença aos "manás" reais).
Mas dele, das suas mãos e determinação, nasceu a Lisboa rejuvenescida ... e de saber ... de «Luzes» enriquecida, enquanto, lá em cima, cresceu o palácio dos reis, da nobreza cortesã, numa cidade outra, encimesmada e servil..., mas, ainda assim, remoçada pela adversidade que adveio da terra tremer sob os pés reais e, com esse fenómeno sobrenatural, uma onda enorme tudo poder engolir ...
O Palácio da Ajuda, ainda hoje curvado sobre si mesmo, tem, contudo, a capacidade de nos fazer sentir no nosso lugar .... mesmo que, por companhia, apenas tenhamos a corte a resistir!!!.






Porque em cada corredor, ... em cada uma das reminiscências dos seus roubados tapetes, em todas as arquitecturas efémeras que aí ainda se instalam, ou soalhos de liós ... o Palácio continua a fazer parte dos meus lugares.



Antigo Palácio Real, é hoje em grande parte um magnífico Museu, estando instalados no restante edifício a Biblioteca da Ajuda, o Ministério da Cultura, e vários Institutos desse Ministério.
Edifício neoclássico da primeira metade do séc. XIX, sob traçado de Francisco Xavier Fabri e José da Costa Silva, foi residência oficial da família real portuguesa, desde o reinado de D. Luís I (1861-1889) até 1910, ano da proclamação da República, quando foi encerrado.


E, ao fim da tarde, atravessados os pátios, e coando-se quase já a luz, dê um passeio pelos jardins que envolvem o Palácio e espreite o Tejo entre o casario da Ajuda.


E a corte acampou no "barracão da Ajuda" ... quando Lisboa estava engolida pelo mar; fendida a terra, a cidade ... não pôde mais ... e mudou de lugar. Lá em cima, alcantilada, nasceu a urbs do poder que, já decandente, mesmo assim, teimava em criar o seu novo lugar.

  




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  1.  No Jardim das Damas

 

Lá em baixo, na cidade devastada, pontuava o Marquês de Pombal, Sebastião de nome, que, inteligente e sagaz, ditava a nova cidade das Luzes, debaixo dos seus caracóis … (escamoteando assim, dizem os malidicentes os piolhos que não o largavam, ou, quem sabe, a dôr de não pertencer a essa corte secular, mas a uma pequena nobreza sem direito por nascença aos “manás” reais).

Mas dele, das suas mãos e determinação, nasceu a Lisboa rejuvenescida … e de saber … de «Luzes» enriquecida, enquanto, lá em cima, cresceu o palácio dos reis, da nobreza cortesã, numa cidade outra, encimesmada e servil…, mas, ainda assim, remoçada pela adversidade que adveio da terra tremer sob os pés reais e, com esse fenómeno sobrenatural, uma onda enorme tudo poder engolir …

O Palácio da Ajuda, ainda hoje curvado sobre si mesmo, tem, contudo, a capacidade de nos fazer sentir no nosso lugar …. mesmo que, por companhia, apenas tenhamos a corte que ainda quer resistir!!!

Porque em cada canto, … em cada uma das reminiscências dos seus roubados tapetes, em todas as arquitecturas efémeras que aí ainda se instalam, ou nos corredores de liós … o Palácio continua a fazer parte dos meus lugares.

No Antigo Palácio Real, hoje em grande ainda ocupado como Museu, acolhe no restante edifício a fabulosa Biblioteca da Ajuda, o emagrecido Ministério da Cultura, hoje apenas Secretaria de Estado. 
Sob o traçado de Francisco Xavier Fabri e José da Costa Silva, este edifício neoclássico da primeira metade do séc. XIX foi residência oficial da família real portuguesa, desde o reinado de D. Luís I (1861-1889) até 1910, ano da proclamação da República, quando foi encerrado, passando a funcionar como museu em 1968, pelo que se pode reviver ambientes oitocentistas , viajando entre importantes colecções de artes decorativas dos séculos XVIII e XIX: dos têxteis ao mobiliário passando pela ourivesaria, e cerâmica, bem como de pintura, escultura e fotografia.
Para não peder a sua vocação, o Palácio alberga ainda os lautos festins que a Presidência da República realiza para celebrar as mais importantes cerimónias de Estado.

E, ao fim da tarde, coando-se quase já a luz, darei um passeio pelos jardins que envolvem o Palácio,  espreitando o Tejo entre o casario da Ajuda.


Do Alto da Ajuda. Fotografia Filomena Barata

































Lá em baixo esperam-nos os Jerónimos, o Museu de Arqueologia a torre e o padrão, e, de regresso a casa, quero que comigo tenha vindo tão bela essa sua Luz.