segunda-feira, junho 12

As festas populares



















No meu bairro periférico, como em muitos bairros de Lisboa, nas festas, as avós ainda são sacerdotizas e iniciam as netas e netos a dançar, enquanto os homens se encostam aos balcões a beber imperiais.
As mulheres ainda sabem dançar e, quando não têm filhos e netos que partilhem da "dança", abraçam-se sem pudor e lá vão elas bailar.
No meu bairro as mulheres não têm medo de exercer o poder matriarcal.
Enquanto os homens bebem ou jogam, como se nem vissem o que se passa em seu redor.

No meu bairro, felizmente em muitos bairros, ainda há festas onde as pessoas se juntam e onde vão dançar e ver se estão gostosas e gordas as sardinhas para comer com pão.

Sto António de Lisboa e «Uma Visita a Portugal» de Hans Christian Andersen (reed. 2012)




















E a cidade com o seu Santo António vai bailar.

Santo António de Lisboa
Lisboa-Pádua
1195-1231

«Exímio Teólogo e insigne mestre em matérias de ascética e mística", como o descreveu o Papa Pio XII.

O Santo que pregava aos Peixes, porque sabiam ouvir e não falar.

A propósito dos Santos Populares citarei H. C. Handersen na sua «Visita a Portugal», referindo-se aqui à cidade Setúbal, que foi visitar com amigos seus:

«Era festa de Santo António. Lá fora, na noite, flamejavam grandes archotes, alguns nas colinas até onde a vista odia alcançar, outros em frente das casas da gente do povo, nos jardins de laranjais. Rapazes novos e donzelas dançavam à volta da fogueira até de madrugada. Setúbal inteiro estava brilhante e glorioso, com archotes e mais archotes nas praças, nas ruas e ruelas. Subiam foguetes da cidade, das embarcaçõesm e até dos canaviais no areal, onde um marujo solitário ou pastor se encontrava por acaso.
O nosso vizinho Martins levou-me à cidade (...) para que pudéssemos assistir áquela glória flamejante (...). Chegámos num instante ao pé das luzes ofuscantesdas grandes pilhas de chamas diante dos edifícios; continuámos em frente até chegarmos ao meio da cidade; (...) quase rodas as pessoas andavam na rua, grandes multidões enchiam as ruelas, onde, num sítio ou noutro, havia uma figura de Stº António iluminada com lamparinas, ou um altar iluminado com velas em honra do santo. Uma procissão inteiramente constituída por gente do mar desfilava, seguida por mulheres e crianças, com cantigas e músicas de flautas, gaitas e tambores. Em algumas ruelas por onde tivemos de passar, não tiveram outro remédio senão seguir através das fogueiras. rapazinhos seminus divertiam-se a saltar por cima das labaredas; saltavam brasas de carvão e faúlhas em todas as direcções. Fogos de artifício e foguetes voavam por cima e até or baixo de nós; irrompiam, rabiavam e silvavam pelo chão (...).»

A Hans Christian e à sua viagem voltarei pelo S. Pedro.


Um Beijo de Parabéns à Antónia Tinturé, cujo nome é a versão feminina do Santo e se deve a ter nascido no seu dia.

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