sábado, outubro 18

Lugar



A ti, ainda o meu Lugar.
Ofereço-te «Quand on n'a que l'amour» do disco de
Jacques Brel que tive a sorte de comprar por sete euros.
Porque a mim basta-me poder sonhar ...

(Bem sei, bem sei como é duro trabalhar a individualidade!
Mas é o único caminho que nos permite crescer, escolher).



Explico as cidades quando as luzes evoluem.
Quando é assaltada pelos gestos devotados.
Explico um espaço solene e unido
por virtude do fogo infantil.
Com a boca partida sobre um casulo
de som, uma criança
é sempre livre e encerrada.
Explico uma cidade atavés
de brilhos interiores. De pedras raras
viradas na palma da mão.

(...)

Herberto Helder, «Lugar» in Poesia Toda

3 comentários:

bettips disse...

Como não há-de "um pobre de deus" não apaixonar-se - e ainda mais - numa cidade estrangeira?

A Lusitânia disse...

bettips, pobres de deus seremos todos os que um dia conhecemos o gosto do amor
a "cidade estrangeira" é apenas o lugar mítico onde sediamos o nosso querer!

A Lusitânia disse...

e belas são todas as cidades, mesmo as que julgamos conhecer melhor, quando o desejo nos vem visitar.
e na vida há coisas assim, difíceis, mas infinitas porque nos fazem sonhar o que há de mais brilhante em cada lugar.