domingo, dezembro 21

À Dona Tela e ao Legível, pela sua enorme capacidade de transformar a vida com o seu humor (reed. 3.12.08)




















Oh Dona Tela, oh Legível, bem vos propus hoje, lá no vossos lugares, que me ajudassem a fazer um leilão de um dos vossos contos, por causa de uma amiga que não sabia como pagar a conta da oficina do seu velho Fiat e, infelimente, nem tem nem pai, nem marido nem amante que se apiede das suas facturas e já nem as pulseiras herdadas tem para penhorar.
E, como calculo que saberão, sou solidária com os que me são queridos!
Pois é, e ainda por cima ela deu-se ao luxo de, por conta de um cartão de crédito tão pequeno (mas com amplas aptidões), empreender umas viagens que vocês, indirectamente, a fizeram cobiçar, divulgando nas vossas histórias sítios do mundo, particularmente aquela sobre os "tios suiços" e o "repuxo" de Genève, e ainda outras para conhecer o Jura, porque lhe disseram que lá havia ainda veados e musgos próprios para o presépio de Natal; outra aos Alpes, para ver a "fatal" Heidi ... gaita e outra ainda para visitar uma boa amiga que lhe tinha falado de bolas de vidro da Alsácia que estavam em saldo e, principalmente, para provar o bom vinho quente que por lá vendem nos mercados de Natal.
E se generosa foi ela que até fotografias me mandou e que eu dei a conhecer a todos vós.

Claro que, com tanta passeata e guloseima, mesmo que parte dela levada de casa para poupar nos gastos do voo lowcost, não conseguiu aguentar-se à "bronca" do Visa e hoje passou pela vergolha de ver o seu belo automóvel, com um ar tão remoçado, por sinal, ficar à porta da oficina, pois o dito cartão amuou e disse-lhe «pára que para mais não dou».

Murcha voltei para casa, porque não a pude ajudar e ainda por cima porque a todos quantos pedi, por considerar que ela merecia o meu incondicional apoio, que me deixassem leiloar qualquer coisita de seu, fotografias, ideias, livros velhos nem resposta se dignaram dar-me ...

E os amigos abonados, claro que nestas ocasiões se põem a andar, porque caridade é só para quando nas revistas sociais se podem mostrar!
Não me resta senão socorrer-me dos que, mesmo que talvez com a conta menos abonada, têm imaginação!

É que coitada dela, não já não bastava o que lhe aconteceu com o Visa, me contou ainda que, quando julgava finalmente, após tantos anos de celibatária, ter arranjado, lá para dos lados da dita civilização helvética, um namorado 'à maneira', mesmo de boa feição e apregoada "casa limpa e arrumada", teve de prémio um telefonema de uma dama (presumo que tenha sido engano no número da esposa de um emigrante qualquer, ou fruto da má audição e da pouca rede no local, mas um facto é que o recebeu) a querer falar com o marido (que coisa insólita lhe havia de acontecer!!!). E o pior é que apenas lhe ocorreu responder "não costumo andar com maridos alheios e portáteis no bolso, à laia de porta-chaves, deve haver um lapso qualquer. Tente telefonar-lhe de novo".
A sorte dela aí é que não estava em roaming e, pelo menos, não teve que ficar a dever ainda mais contas a tão amáveis e pequenos cartões!
Resultado ... apesar de se sentir tão feliz das passeatas dadas, acabou por desconfiar do homem que julgava ser seu namorado e lá viajou sozinha no TGV, mas caldeada a hipótese de ali continuar tal promissora relação, pelo menos durante aquela última viagem, e ainda por cima e cúmulo do azar, a ter que pagar um bilhete suplementar, porque o seu ficara nas mãos do apessoado rapaz.

Pois é assim Dona Tela e Legível, ou me ajudam vocês com essas belas hipóteses de abonado trabalho que te vos têm oferecido como escritores, formadores e bloguistas, pois não me importo de vos ir assessorar, ou me emprestam um dos vossos contos e belo humor para leiloar, ou amanhã ela manda-se ao poço, porque o mecânico lhe disse que o carro dali tem que sair e os "parkings" da oficina ou os municipais andam pela hora da morte!

Por favor, Dona Tela, Legível, apiedem-se dela, não a ponham como os chutados da cidade, a cravar euro a euro, porque, caramba ..., para pagar esta conta muitos anos vai ter que andar à chuva nas ruas ....
Agora só mesmo vocês me podem salvar para cumprir o meu caridoso papel! Pelas vezes que vos li, vá lá, vá lá!!!
E, bem o sei, ela reconhecerá a vossa generosidade, a vós e a todos nós, porque até já tem preparado um romance humorístico com muitas histórias das suas viagens que, por certo, nos vão divertir, e será enviado, caso o consiga publicar, a preços módicos!


E sabem que mais? Não sei se foi por causa da minha petição pública, ou da forma como falei dos ricos, é um facto que o meu blogue apareceu sinalizado como "contendo conteúdos impróprios". Ora bolas, já não pode uma mulher contar uma história verdadeira e nem ser solidária !!!
Com a agravante que me ocorreu, por momentos, existir algum paralelismo com os métodos da PIDE, pois não se sabe o nome do delactor, pelo menos assim à primeira vista!




ET: Tinha aqui posto um carrito para demonstração. Mas a pedido de várias famílias, retirei-o, porque parecia que era dele que se estava a falar ou que podia fazer parte do leilão! Mas não, não era não ... tem dona e ela não está convencida a doá-lo para a petição, porque parece que também anda com problemas no motor! E em vez de ser uma dádiva ainda poderia acontercer-lhe o mesmo que à minha amiga à porta da oficina!
Assim vou ter que o pintar para disfarçar, uma vez que não costumo ser dada a fotografar viaturas e, portanto, não tenho aqui outros exemplares em arquivo.

11 comentários:

dona tela disse...

Ó minha senhora,eu estou muito impressionada com o que lhe aconteceu e digo-lhe que, embora não tenha percebido bem a sua história, é com a maior boa vontade que a ajudarei. O que eu não sei bem é como. A senhora pede-me para leiloar um conto. Ai Jesus, como é que isso se faz? Se a senhora acha que eu tenho contos, pode levar todos os que quiser. Se os contos se puderem transformar em euros e ajudar a sua aflição com o carrinho e com o cartão, a Tela ficará muito alegre. Olhe, ninguém está livre de se ver numa alhada dessas. Eu alguma vez pensei que uma senhora com uns vestidos tão bonitos, e uns sapatos que são uma inveja, e a viajar por esse mundo fora, e a saber coisas de que eu nunca tinha ouvido falar como ARQUEOLOGIA e assim, dizia eu, chegasse a pedir-me ajuda. Pois é. Ninguém diga que está bem. Até pensei em pedir ao dito-cujo que a ensinasse a fazer demonstrações de aspiradores. É que a senhora deve ter muitas amigas cheias de pilim que, só por vergonha de dizerem que não à senhora, podia ser que caissem, quero dizer, comprassem.
Fico ao seu dispor. Gostava de saber depois se os meus contos renderam alguma quantia que se visse. Cá por coisas...

Um grande abraço.

A Lusitânia disse...

Obrigada Dona Tela pelo seu apoio, uma coisa não confessei, até os meus mais belos vestidos já foram a leilão, para ver se a minha amiga conseguia apoiar, mas, sabe como é, nada rendem quando vendidos em segunda mão!!!
De qualquer forma tão grata fico pela colaboração. Agora vou ter que bater a outras portas para ver se arranjo maquia suficiente para a minha amiga ajudar!
Os ditos cheios de 'pilim', claro, são sempre os primeiros a fazer-se despercebidos...
Um grande abraço.

Alberto Oliveira disse...

... o dever solidário responde PRESENTE! numa tão aflitiva situação como essa que a Filomena descreve.
Já estou como a Dona Tela "leve os contos que quiser* que de Euros é que a coisa está preta".
Vá lá vá lá que a coisa nem é das mais dramáticas: imagine-se se era a casa e os tarecos?! E afinal, o que são umas meras viagens? pior seria se fosse o iate de luxo ou jacto particular.
Depois conte o que renderam os contos.

* Com o nome do autor bem Legível.

Risos a abraços.

Anônimo disse...

Se a Dona Tela está contigo, a tua amiga terá os euros e oiros dos seus belos contos. Só vim cheirar, Falou-se da Suiça que adoro e acorri em socorro da tua amiga disposto a retirá-la desse lago gelado do jura.
Ficar-me-ei por aqui, mas prometo voltar. Adoro histórias e tenho uma boa para te contar, e que vendida pde ser que renda alguns patacos.Boa sorte para a tua amiga

A Lusitânia disse...

Vou editar um comentário que, por lapso excluí e que dizia o seguinte:

«Continuas com muito sentido de humor, minha princesa. Chega de leilões, o que vai restar para ti??
Com amor»

Margarida Barata

Anônimo disse...

Ali para os lados da serra de Monchique, nas vertentes alentejanas, escondido entre o arvoredo existe um pequeno castelo onde está aprisionada uma bem dotada e linda princesa, cujos antepssados se ignoram, mas consta entre o povo que é oriunda de sangue real, e vive em estado de encantamento.
E como sairá a nossa bela princesa deste seu torpor?
Ao que se diz, quando encontrar um homem da plebe que a ame com todas as forças da sua alma.
Um dia um lenhador, jovem , belo e bem parecido, passou por ali quando a princesa estava à janela.
- Bom dia princesa, disse o lenhador,
- Bom dia lenhador, disse a princesa.
Os dias passaram-se e todos os dias, à mesma hora o lenhador passava debaixo da janela onde estava a princesa, à sua espera.
Gradualmente o lenhador começou a gostar da princesa e esta do lenhador. E um dia.
- Bom dia princesa.
Bom dia lenhador. Tu gostas de mim?
- Claro, princesa, adoro-a. Porquê princesa?
- Porque tu podias retirar-me deste meu encantamento.
- Como princesa?
- Amando-me com toda a força da tua alma. Nesse dia eu perderei este encantamento, assumirei o meu trono e voarei para os tes braços. Serás o meu príncipe.
- O lenhador ficou pensativo equestionava-se: Como poderei eu provar-lhe que a amo com todas as forças da minha alma, se a minha bisavó que possui artes mágicas controla todos os meus passos?
De facto, o lenhador vivia com a sua bisavó que mantinha a juventude e disciplina férrea em casa.
Quando ela erguia a voz todo o lenhador tremia. Escondia-se, por vezes, atrás do preguiceiro da cozinha para não ser visto pela sua bisavó.
Já sabes que eu não quero que cumprimentes a castelâ - era assim que se rferia à princesa - porque dizem que está embruxada por um génio mau e pode fazer-te mal.
- Mas ela é tão simpática!!!
- Caluda!!!!. Era só o que me faltava. Já a formiga tem catarro!!! Aqui quem manda sou eu, entendeste?
- Sim minha bisavó.
- E de hoje em diante vais deixar de passar por esses lados, e ai de ti se me desobedeces, Fiz-me entender?
- Sim minha bisavó.
E nunca mais o nosso lenhador passou por baixo da janela da princesa.
Consta que a princesa sofreu um grande desgosto e todos os dias esperava a chegada do lenhador.
Não tenho notícias do castelo, mas é possível que continue à espera de alguém, que sendo plebeu, a desencante, amando-a com todas as forças da sua alma.

Anônimo disse...

Ora não vou resistir, de novo, a comentar, até porque tanto gostei da tua história. Mesmo não sabendo contar histórias que possam contribuir para o teu leilão, acho que encontrei uma forma de te poder ajudar. Dizes à tua amiga que convença o mecânico a pagar em prestações o dito arranjo. Mas que a deixe levar o automóvel para casa. Entretanto, ela que prometa também que, no intervalo das prestações, farás publicidade ao referido mecânico e à marca, abatendo uma prestação por cada cliente que, por ela recomendado, os vá procurar.
Bem sei que me falta o teu humor, mas, cá à minha maneira, julgo que dei o meu contributo.

Anônimo disse...

Olha que com contos, papas e bolos, se enganam os tolos ...
Boa sorte para o esgotamento no saldo! Para os leilões só tenho uma foto dos anos 60, dumas raparigas e rapazes na praia, tipo Godard, mas todos muito vestidos ... Hoje nem se conhecem nem valem nada que se veja!
Bj da B.

cuscavel disse...

Contos não tenho, Filomena. Que fotografias poderiam servir?

A Lusitânia disse...

Agradeço o apoio de todos, mas agora lá terei que fazer a colecta dos que se ofereceram para ajudar a minha amiga?
E como recolho os contos, as fotografias, os textos????
Bom, bom, ou me põem aqui ao dispôr ou lá terei que arranjar uma caixa postal. Mas voltarei quando a tiver alugada, está bem?

kiasma disse...

Aqui vim, como recomendaste. Podes levar a fotografia quando deixares de estar zangada :) Dá-me uma ideia da dimensão para a mandar imprimir.