sábado, dezembro 20

Hoje revisitaria a minha oliveira (reeditado de 15 de Maio)








Fui, no outro dia, ver a minha oliveira preferida.
Tem crescido mal ... nas imediações de outras que se têm elevado rapidamente, tornando-se mães de frutos que já se vão apanhar.
Esta não ... mirrada ... vai dando uns rebentos, para dizer que a morte ainda não a tolheu.
Mas fui vê-la e acabei por decidir que, afinal, continuaria a crescer, que não ia arrancá-la do chão.

(tão difícil é decidir-se da eutanásia de alguém ou de alguma coisa de que gostamos.
Mas ela saberá segredar-me um dia o destino que quer ter ... e eu saberei ouvir o mistério que me vai sussurrar).


Hoje, se a revisitasse, não sei se não arrancaria a oliveira do chão. TALVEZ SIM, TALVEZ NÃO


Apenas porque, quem sabe, assim outra mais próxima lhe pudesse tomar a força, ganhar-lhe a alma e transformá-la em algo melhor. Mas não, ainda vai ficar. Se tiver que morrer que seja de morte natural.

http://mirobrigaeoalentejo.blogspot.com

7 comentários:

Anônimo disse...

o destino está nas tuas mãos, não te esqueças nunca

A Lusitânia disse...

Bem o sei ... pára de me espreitar Gonçalo.

Anônimo disse...

Nesta paisagem de aparência outonal respira a desolação, a tristeza e a fome.A tua oliveira que não diviso cresceu, certamente, entre pedras e teve e tem dificuldade em retirar da terra mãe os nutrientes de que necessitava e necessita. Possivelmente de corpo esquelético e voz sumida pediu que a mudasses para outro sítio onde corresse leite e mel.Mas estavas tão concentrada noutras vozes que não a ouviste.
A vida está tão cheia de segredos e mistérios, filomena!!!!!!
um abraço.
adriano

A Lusitânia disse...

Mas os nossos sinais, só nós podemos ouvir Adriano

Anônimo disse...

Mesmo com a cidade nas tuas mãos, continuas a falar dos mesmos lugares. Não posso deixar de admirar a forma como persegues os teus lugares de afecto.

Paulo Percheiro disse...

Mas...
repara o sofrimento de um povo,uma coisa,um ser,até nisso se reflete, para que uns consigam crescer outros têm que lhes proporcinar esse potencial, quem sabe essa oliveira simbolo da fraternidade, amizade, companheirismo, aprendizagem, talvez até um grande amor(e espero que sim),tu mereces, cresca apenas na proporção da pureza, que dizer, está viva é quanto basta.........
O leite e mel são fruto de trabalho exaustivo que se tira em proveito próprio quando,e como se diz no Alentejo, "Há vagar pra isso".
deixa-la crescer, criar bem as próprias raizes, o fruto ainda que de pequeno tamanho vai concerteza ser dos mais saborosos........
Como diz o teu amigo Gonçalo, com a ("cidade nas tuas mãos") nunca te queiras distanciar dos teus lugares de afecto, tens parte neles,(não como o povo de Aguiar)belas passagens, paragens,é isso que conta em consciência, quanto a mim revi todas as "paragens", que por pouco tempo vividas,algumas, ficarão para sempre na minha memória, essa coisa fantástica que faz de nós seres racionais.
A oliveira vai brotar!

A Lusitânia disse...

Pois é Cigano, mas para que haja memória, é preciso ter-se nome e palavra para a saber relembrar. E as nossas "Paragens" têm que ir dar a qualquer lugar.
Não me parece que, sem isso, a minha oliveira algum dia pudesse "brotar".
Certamente morrerá, mas como dizia, de morte natural.