segunda-feira, novembro 24

A vida como experiência (I): O que tem a chantagem de comum com a corrupção (reed.)

PORQUE A SEMANA COMEÇOU,
MAS NEM ASSIM TANTO MUDOU COMO DEVIA MUDAR



Reedito esta reflexão após alguns episódios conhecidos sobre eventuais corrupções em empresas de Arqueologia (que em nada diferem afinal de tantas outras conhecidas em Portugal), para grande pena minha que assisto ao desenrolar de acusações e contra-acusações públicas, contra o que foram os princípios que nortearam e moldaram o crescimento da disciplina) e porque vejo ainda, doridamente, como certas formas de pressão pessoais e profissionais podem funcionar.

Independentemente do que o futuro possa vir a revelar sobre este caso, é um facto que vão sendo do conhecimento de todos nós múltiplas situações em que as pequenas (e grandes) corrupções vão minando a sociedade portuguesa e suas instituições, sem que sejam tomadas as devidas medidas para as combater ...
E, mesmo quando alguns de nós as denunciamos, quantas vezes assistimos aos casos acabarem por ser arquivados numa "gaveta" qualquer!

- Reeedito-a também como um manifesto, porque já a vida já me ensinou que há momentos em que temos que tomar duras (e doridas) decisões, obrigando-nos a escolher claramente num sentido e não noutro, motivo que originou ter perdido a paciência e tolerância para determinado tipo de formas de coerção escamoteadas, para joguinhos de pressão emocional ou profissional.

- Reedito-a ainda como um hino à vida, porque, ainda assim, há que a saber continuar, com mudanças, contrariedades, desilusões, mágoas. Ela está aí. Vale a pena ser vivida da melhor forma e da forma mais clara possível.


Também ainda reconheço o sabor amargo que pode ter, quer profissionalmente, quer na vida pessoal, o ser confrontado com ameaças verbais e escritas, seja de colaboradores ou requerentes mais "exaltados", algumas das quais chegando ao ponto de fazer insinuações sobre a nossa saúde física, melhor dizendo, sobre a vida ou morte, ou mesmo, no que respeita a aspectos mais pessoais, em que tentam enveredar pelo mesmo tipo de admoestação física e psicológica, uma coisa posso dizer:

1 - Quem usa a chantagem (ou corrupção) como arma sempre a usará, se sentir que o método acabou por resultar;
2 - Quem cede à chantagem, à pressão física ou emocional, ou à corrupção uma vez que seja, ficará sempre prisioneiro dela, porque, subjacente ao dito no ponto 1, ficará ao sabor de quem a usou e que sabe que acabou por funcionar.
3 - Não se pára a chantagem (ou a corrupção) com outra chantagem (ou corrupção)como resposta. Estanca-se, isso sim, enfrentando-a, sem medo sem pavor. Há que a saber enfrentar.

O que a chantagem e a corrupção têm em comum é exactamente o facto de se algum dia delas ficarmos aprisionados, consciente ou inconscientemente, muito dificilmente delas nos conseguirmos libertar.
Até nós próprios ficaremos acorrentados desse tipo de metodologia, privando-nos de enfrentar a vida de outra maneira.

São ambas gulosas, como uma droga, que vai querendo mais e mais, fechando-nos cada vez mais nas suas teias de maquinação.
Por isso, repito, a única forma de sermos capazes que nunca se apossem de nós, não é pactuar, entrando no seu jogo, ou de as recear, omitindo, escamoteando, efabulando com contorcionismos que cada vez se vão aproximando de tais metodologias (que apenas, como estratagema, mais não pretendem do que a isso nos querer conduzir), mas, pelo contrário, é sermos capazes de as enfrentar e de com elas definitivamente saber romper.


2 comentários:

bettips disse...

As vagas!!!
E que pena, que o óculo do lucro fácil, da fama efémera, transtorne quem haveria de ser mais lúcido.
Que força precisa para não nos submetermos.
Eu, que nem gosto de "surf" a não ser a ver.
Bjinho

Anônimo disse...

Dar bons salários aos funcionários com responsabilidade em "mexer" em milhões, é uma das soluções para se diminuir drasticamente a corrupção no Estado. Quem recebe bem, tende a proteger o seu salário e a não deixar-se seduzir pelo dinheiro sujo. O mesmo acontece com a classe política, cujos salários são ridiculamente baixos e apenas assim são mantidos por populismo.

Hugo