Porque entre o benefício e o hónus; o valor de uso e o valor simbólico há que saber fazer balanços.
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Apenas me ocorre ir buscar à caixa das velharias, antigas reflexões:
Tão difícil é gerir o papel das memórias e dos elementos físicos rememorativos que quase poderíamos, como metáfora, recorrer à explicação dos cabalistas sobre a criação do mundo: Deus criou através do seu “Sopro Divino” as 22 letras do alfabeto hebraico, gravando com o seu buril de fogo três delas. E a Divindade serviu-se de Beth para a criação do mundo. A primeira função das letras consiste em “bordar e rebordar o Nome do Eterno” (Debray). Com as suas danças, produzem-se combinatórias, casuísticas e aleatórias aos olhos dos Humanos, mas organizada segundo o desígnio divino; dos seus movimentos se tece a História e os acontecimentos que a enformam. E, num processo dialéctico de vinculação da palavra proferida e da palavra escrita, é também através das letras que se relata a própria História.
Que restará da memória, dos bens que herdámos quando, desritualizados, apenas tiverem valor de uso ou de "recurso"?
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