quarta-feira, março 4

A Pascale Malinowski enviou-me um texto para o Dia das Mulheres que muito agradeço. Chama-se: O produto revolucionário.

O PRODUTO REVOLUCIONÁRIO










No dia da Mulher convém procurar qual foi o elemento que mudou radicalmente a vida das mulheres neste planeta. A resposta é, para mim, sem a mínima hesitação : o sutiã!

Não se riem minhas Senhoras e meus Senhores, pois o dito sutiã permitira às mulheres ingressar o mundo socio-profissional.
Quem diria! Verdadeira libertação numa altura em que a "gens feminina" tinha que se apertar mortalmente em corpetes matadores!
Pois, "Noblesse (do corpo) oblige" e não obstante as interdições médicas e os relatos assustadores sobre casos de morte súbita por hemorragia intercostal, conhecidos na imprensa, o uso do objecto assassino perdurava com a cumplicidade de maridos e amantes irresponsàveis até que um belo dia .....
Um belo dia de 1889, quando o mundo parisiense fervilhava de mirones vindos para contemplar o novo "templo" da capital francesa, a Torre Eiffel, uma fabricante de corpetes, Herminie Cadolle, inventou o "corpete-garganta", que fora o antepassado do actual sutiã.
A sua invenção foi avaliada e reconhecida como sendo de "utilidade pública" e fora assim apresentada ao pé da Torre Eiffel, perante uma multidão embasbacada.
Por outro lado, Herminie Cadolle soubera tirar proveito dos novos produtos surgidos nos mercados europeus, como a borracha da hévea Brasileira, por exemplo, que confereria mais elasticidade à sua genial invenção.
Às tantas, o sutiã de Herminie Cadolle atravessara o Atlântico onde suas digressões o levariam a Buenos Aires, Chicago e de volta à velha Europa e Europa em São Petersburgo, onde fora premiada a sua inventora e Paris.
No entanto, o sucesso do sutiã não teve o impacto esperado, nomeadamente nos EUA. Curiosamente, a Primeira Guerra Mundial revelar-se-á a melhor das campanhas publicitárias para o sutiã! Por duas razões simples: a primeira é que as mulheres europeias tiveram que ir substituir nas fábricas de armamento os maridos mobilizados na frente dos combate e, naturalmente, adoptaram o sutiã que lhes propiciava mais liberdadde de movimentos; a segunda razão é que os EUA entraram por sua vez na guerra e, como precisavam urgentemente de metal para a fabricação de armas, por decreto-lei, requisitaram todos os corpetes da sociedade feminina do Tio Sam, recolhendo assim nada menos que 28.000 toneladas de metal nas armações dos ditos!!
Bem inspirado, o governo norte americano lançara, sem querer e definitivamente, a moda do sutiã e ...por decreto-lei ! "
e essa agora hem?" como dizia o saudoso Fernando Peça, a indústria de Herminie Cadolle permanecera florescente e as suas sucessoras abriram uma boutique muito elegante no "triangulo d'ouro" da alta Costura Parisiense, Rue Chambon, ao pé da célebre Coco Chanel.
Porventura, Herminie Cadolle e suas sucessoras na indústria podem envaider-se de ter "tapado" "mamas de relevo" como as de Coco Chanel, ou da espia Mata Hari, as da Duquesa de York, chata tanto nos seus gostos como na sua "topografia corporal" ou ainda a contemporânea Catherine Deneuve!


Muito agradeço à Pascale o seu contributo para o Dia da Mulher, através deste Luar, escrito no seu melhor Português, onde apenas muito pequenos retoques foram feitos.
Por tudo, principalmente pelo seu companheirismo diário e pela sua tenaz e inteligente persistência, o meu obrigada.





Tatuagem: Eduarda Abondanza

4 comentários:

Anônimo disse...

Já uma vez disse aqui que lutas das mulheres ou das minorias me soam sempre a uma coisa lamurienta, apesar de entender que nem tudo é um Paraíso e que ainda há coisas a fazer para que se encontre um maior equilíbrio.
Mas perdoa-me Filomena, posso perguntar-te, não haverá nisso, mesmo sem querer, um não sei quê de luta conta os homens?

A Lusitânia disse...

Sinto-me tão cansada com esse tipo de argumentos falaciosos que, como não tenho folêgo para hoje te responder, só te posso desejar !

buenas noches
q te vaya bien!

Talvez um dia te conte algumas histórias de mulheres e da violência que sobre elas ainda se exerce. Mas hoje não!

Anônimo disse...

As mulheres, quer se queira, quer não, fazem parte integrante da humanidade, tal e qual como os homens. Mais, a natureza atribuíu-lhe o lugar mais importante dentro da humanidade. É Ela que gera a humanidade a põe neste mundo e cuida intensamente dela nos primeiros tempos. É ela que com mil cuidados, muito amor e muitas vezes com muito sofrimento transforma um ovo fecundado num ser humano. A mulher apenas vem lutando por aquilo que é seu de pleno direito e que o homem lhe roubou ao longo dos tempos, sabendo nós que ninguém abdica de boamente daquilo que julga serem seus direitos ainda que adquiridos ilegitimamente.
Anónimo

A Lusitânia disse...

Sim Anónimo, tentas vezes ilegitimamente roubado ...
Uma coisa sei, a alma não lhes roubarão mais, pois já lá vão séculos passados sobre as medievas discussões sobre se as mulheres têm alma ou não.