segunda-feira, fevereiro 23

O fim de semana é para descansar






Descansar quer dizer a casa, a "alma" arrumar, porque há coisas que têm que ser definitivamante postas no devido lugar.

Há o pó para limpar, os livros para alinhar, e, principalmente, não ceder ao lado obscuro da vida ...

onde as teias, as chantagens e os enrolos, que se insinuam cada vez que abrimos o jornal ou tomamos conta de algumas "tricas políticas", sociais ou particulares, parecem querer tomar a primazia ...

Nada melhor que um belo café pela manhã, mesmo quando o Carnaval paira no ar!

Nada melhor do que bem acordar e dizer como a minorca "para cada situação há uma solução", desejando assim que os dias não tenham apenas a escala de quem anda no mundo para dele ter a visão do desprazer!!!

E pensar, afinal hoje está um belo dia cheio de luz.

E.T.: Hoje que finalmente tive "campo" e vontade de dormir, mas também de acordar com tempo, pese o horário da camioneta de um amigo que tinha que levar, abri o «Jornal Público» que, na sua primeira página, denuncia uma situação conhecida, mal assumida, escamoteada sobre «Muito crime e pouco castigo nos casos de vilolência doméstica». O artigo refere a existência de «20.595 denúncias para 35 presos efectivos em 2006».

Pude parar pensar.
Efectivamente, porque a violência "doméstica" é tão pouco presenciada, tão pouco testemunhada, os casos de queixas contra os ultrajes caseiros são quase impotentes face ao resultado que os consuma, de facto, como crime.

É fácil escamotear a violência física e psicológica de que se revestam alguns relacionamentos mais íntimos, onde a "regra do jogo" é a prepotência de um (que genericamente se associa à figura masculina, mas que não é obrigadoriamente verdade), revestida de força corporal ou emocial, sobre outro que, mais fragilizado, se sente ao "sabor da maré" face a investidas de todo o tipo, sejam as que deixam "nódoas negras" ou as que deixam "nódoas invisíveis".

Para além dos admoestamentos ou verdadeiros confrontos fisícos que maculam qualquer corpo sensorial, mas que é, apesar de tudo, mais facilmente comprovável, mais mensurável, há outras violências que, sendo menos óbvias, acabam por perfigurar, do meu ponto de vista, igual desagravo contra a nossa individualide, a exemplo da amaeça, da chantagem, da tortura emocional, onde muitas pessoas consolidam as suas bases de poder sobre outrém.

E apeteceu-me gritar aqui muito alto: sim, contra a violência física doméstica sou, independentemente do figurino que tiver, mais ou menos agressivamente detectável ou penalizável. Mas também sou contra a violência psicológica ou a cruel infatilização e vitimização como atitude sistemática que viabiliza uma outra forma de poder prepotente que é o manter outrém sob a culpabilização sistemática que inibe qualquer um de viver!

E essa, infelizmente, não tem sexo, porque vai sendo usada por todos, homens e mulheres, e minando tudo em seu redor!

E que fazemos nesses casos? Apresenta-se queixa contra "danos morais" quando deles se é, tantas vezes, agente directo e autor, porque se deixa instituir, sobreviver, alimentando-o até como factor de manutenção de muitas relações?

É verdade, isto da violência doméstica, para além dos casos mais (re)conhecidos, mais identificáveis, é um assunto que mereceria séria reflexão, pois tem uma complexidade que não se pode abordar em um artigo de jornal!
Para não falar da violência moral que, querendo estruturar o pensamento social num sentido unívoco, pode matar a hipótese de existir a individualidade, a alteridade e logo levar à demência pessoal ou social, como tão bem o demonstraram todos os regimes fascistas.
Por isso vou ver o Sol.
Para que, mesmo que sabendo que há que as denunciar, não deixar espaço a que esta porta possam querer penetrar.
E continuar a acreditar que a Liberdade passou por aqui, mas que exige a dura opção de saber escolher e de não recear os mecanismos de pressão que, tantas vezes, nos querem fazer temer, pois assim seria sempre o pensamento alheio a prevalecer!

E citaria Kant
"tu peux, donc tu dois"!
Porque nas nossas mãos também está a capacidade de romper com parte das prepotências, violências e ameaças que nos querem impor!

3 comentários:

Anônimo disse...

Sempre a pôr a mão na ferida. Calculo que por seres como se pressente no teu blogue, por vezes, te queiram pressionar. Não deve ser fácil mostrar o que se pensa e sente!
Mas aqui fica, de novo, a minha expressão de apreço.

A Lusitânia disse...

Apenas não viver é coisa fácil. Mas, se estamos, teremos que saber "SER".

Anônimo disse...

Escolho a anonimato, não porque dele goste, mas porque conheço bem a autora do blogue. Pois é, se as tem tido, às pressões, aqui e fora daqui. Nunca vi que isso a demovesse de pensar, de dizer o que lhe ia na alma, de denunciar o que havia a denunciar.
Parabéns a ela sim.