domingo, julho 27

Domenica - descansar, ler, nadar, passear. Há ainda a Livraria VOL (Vemos, ouvimos e lemos) para conhecer.



Sono sempre in ritardo questi italiani










A ética é estar à altura do que nos acontece, Deleuze
Cine-Teatro Municipal de Serpa

«Pois para ninguém é demasiado cedo nem demasiado tarde para a purificação da alma. Aquele que diz que a hora de filosofar não chegou ou já passou, assemelha-se ao que afirma que a hora não chegou, ou já passou, para a felicidade. São, por isso, chamados a filosofar o jovem como o velho. O segundo para que, envelhecendo, permaneça jovem em bens por gratidão para com o passado. E o primeiro para que jovem, seja também um antigo pela ausência de receio em relação ao futuro. Devemo-nos, pois, preocupar com aquilo que cria a felicidade, já que com ela possuímos tudo e sem ela tudo fazemos para a obter.»

(...) O princípio de tudo isto e o maior dos bens é a prudência. É por isso que a prudência, donde provêm todas as outras virtudes, se revela, em última análise, mais preciosa que a filosofia: ensina-nos que não é possível viver com prazer sem prudência, sem honestidade e sem justiça, nem com essas três virtudes viver sem prazer. As virtudes são, com efeito, conaturais com o facto de viver com prazer e viver com prazer é indissociável delas».

Epicuro, Carta sobre a Felicidade



Reli ainda «Noites Brancas« de Dostoiéski. Um dos mais belos romances da história da literatura que, um dia, há muitos anos atrás, um amigo meu, por tal saber, me ofereceu em versão russa.

Não chore, não quero que chore - disse Nástenka, levantando-se prontamente do banco - vá, levanta-se, venha comigo, não chore, não chore - dizia ela, limpando as minhas lágrimas com o seu lenço - venha, vamo-nos daqui, agora; talvez eu lhe diga uma coisa ... Já que ele me abandonou, já que me esqueceu, embora ainda goste dele (não quero mentir) ... eu, oiça, responda-me a uma coisa. Se, por exemplo, eu me apaixonar por si, quer dizer, se eu apenas ... - Oh, meu amigo, meu amigo! Só de pensar, só de pensar que o insultei, que me ri do seu amor, quando o louvei por não se ter apaixonado por mim! ... Oh, meu Deus! Como não percebi isso, como foi possível, estúpida que fui, mas pronto ... decidi-me, vou dizer-lhe tudo.
(...)
Amo-o a ele, mas isso passa, tem de passar, não pode deixar de passar, já está a passar, sinto-o ... Quem sabe, talvez hoje mesmo acabe, porque o odeio, porque brincou comigo, enquanto você chorava aqui comigo, porque não me rejeitaria como ele, porque me ama, e ele não me amava, porque, ao fim e ao cabo, também gosto de si ...




Amanhã há que retornar ao trabalho, pois continuam as sessões.

2 comentários:

Anônimo disse...

ataideRazão tens, relativamente às «Noites Brancas». Poderia, neste pseudónimo que encontrei (talvez um dia me venha a desvendar), dizer-te que, tal como o amigo de Nástenka, aceitaria esperar ... saberia proferir as palavras necessárias. Mas vejo-te ainda tão submersa em lavas demasiado acesas para o poder fazer. Não que temesse o sentido das minhas declarações. Isso não receio. Mas apenas porque temo o teu remorso ao ouvi-las ... temo a tua fuga; prefiro, pois, partilhar-te assim, seguindo no encalço dos teus passos.
Talvez um dia me revele, sim, mas ainda não é o tempo para tal!
Espero que não me sensures desta vez.

Unknown disse...

Serpa a minha linda terra
http://serpa-eriovasti.blogspot.pt