terça-feira, setembro 8

As minhas geografias afectivas: o Palácio da Ajuda (reed.)























E a corte acampou no "barracão da Ajuda" ... quando Lisboa estava engolida pelo mar; fendida a terra, a cidade ... não pôde mais ... e mudou de lugar.
Lá em cima, alcantilada, nasceu a urbs do poder que, já decandente, mesmo assim, teimava em criar o seu novo lugar.

Lá em baixo, na cidade devastada, pontuava o Marquês de Pombal, Sebastião de nome, que, inteligente e perspicaz, ditava a nova cidade das Luzes, debaixo dos seus caracóis ... (escamoteando assim a dôr de não pertencer a essa corte secular, mas a uma pequena nobreza sem direito por nascença aos "manás" reais).

Mas dele, das suas mãos e determinação, nasceu a Lisboa rejuvenescida ... e de saber ... de «Luzes» enriquecida, enquanto, lá em cima, cresceu o palácio dos reis, da nobreza cortesã, numa cidade outra, encimesmada e servil..., mas, ainda assim, remoçada pela adversidade que adveio da terra tremer sob os pés reais e, com esse fenómeno sobrenatural, uma onda enorme tudo poder engolir ...

O Palácio da Ajuda, ainda hoje curvado sobre si mesmo, tem, contudo, a capacidade de nos fazer sentir no nosso lugar .... mesmo que, por companhia, apenas tenhamos a corte a resistir!!!.

Porque a cada esquina, ... em cada uma das reminiscências dos seus roubados tapetes, em todas as arquitecturas efémeras que aí ainda se instalam, ou nos corredores de liós ... o Palácio continua a fazer parte dos meus lugares.

Sobre a «Liberdade», esse espaço mítico e amargo de poder decidir, amanhã regressarei.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cá está a cidade que te fará feliz. Vejo-te mais clara, no teu blogue. Que bom espreitar-te assim.