segunda-feira, março 11

Vamos conhecer Lisboa à volta de um café? O Palácio da Ajuda.


Cartaz: José Luís Jesus Martins


http://commons.wikimedia.org/wiki/File%3AAjudaplanta.jpg

  • José Vasco Pina Serrano Muito boa esta imagem. É possível ver-se a mais escuro o que foi construído e a mais claro o que estava projectado (era giro musealizar a história de um projecto inacabado e o modus construtivo de construção de palacios (fazer mesmo um museu com estaleiro na zona da Calcada da Ajuda e assumir a construção) mas estaleiro/museu com dignidade palaciana  boa semana de trabalho

REAL BARRACA DA AJUDA

Ficha Bibliográfica

[1578243]

GALLI BIBIENA,, Giovanni Carlo,, 1717-1760
[Planta da Real Barraca] [Visual gráfico], [entre 1755 e ca 1769?]. - 1 desenho : tinta da china e aguadas ; 131x72,5 cm. - Nota identificativa, adicionada muito posteriormente, depois de 1802 (data do recomeço das obras do novo Palácio da Ajuda, que tinham sido suspensas, dirigidas agora por José da Costa e Silva, substituindo M. Caetano de Sousa ): " Paso Real incendiado edificado depois do Terremoto de 1755 no Alto da Ajuda dicto vulgarmente a Barraca: no mesmo sitio prezentemente se está construindo o novo Palacio comesado pelo Arquitecto Manuel Caetano de Souza Coronel do Real Corpo de Engenheiros" . - Provável planta original à qual terá sido acrescentada (entre 1774-77?), a legenda remissiva identificativa do uso das salas . - Data da legenda remissiva (entre 1774 e 1777?) atribuída conforme a conclusão da análise dos dados da própria legenda, nomeadamente, segundo o n.º 7 ("Coarto do Principe e do S.r Infante q. esta no seu", ref. ao Príncipe D. José e ao Infante D. João, futuro D. João VI) e n.º 2 ("Coarto do Serenissimo S.r Infante D. Pedro", futuro D. Pedro III): D. João terá deixado os aposentos da senhoras com sete anos, à semelhança de D. José, portanto em 1774 e, por outro lado, D. Pedro apenas até 1777 seria referido como Infante. O facto de ser ainda assinalado nas legendas o quarto de "Pedro José Porteiro da Camara" (Pedro José da Silva Botelho, falecido em 1773) poderá corresponder à permanência do nome pelo qual o quarto ficou a ser conhecido mesmo depois do desaparecimento daquele, como aconteceu em outras dependências do palácio (cf. Abecasis, p. 61). - Segundo C. V. Machado, o traçado da Real Barraca e respectiva Capela Real, ficou a dever-se a J. C. Bibiena, falecido em 1760. - Escala: "0-400 Pallmos". - Planta da construção de madeira (no local do actual Palácio da Ajuda), de provável piso térreo , que alojou a Família Real a seguir ao Terramoto, desde finais de Julho de 1756 (cf. Abecasis, p. 18) até 1794 (data em que ardeu excepto a Livraria, a Sala dos Serenins, a Capela, a Sala da Física, cf. Abecasis, p.147 ), com detalhada legenda remissiva identificativa do uso (53 legendas com numeração remissiva e mais seis, na própria planta, sem numeração, : "Pateo que pertence ao Paso Velho", "Pateo" (vários), "Casinha das Senhoras", "Corpo da Guarda", "Transito da portaria particular" e legenda de difícil leitura junto do n.º 52). - Vestígios subjacentes a lápis de uma diferente numeração das salas e de esboços nos pateos junto ao n.º 43 e 45. - Pela análise desta planta poderá concluir-se que o edifício teria um único piso ligeiramente sobrelevado, sobretudo do lado Poente, para compensar desníveis: algumas das escadas existentes poderiam, também, constituir acessos ao sótão da cobertura . - A planta e alçado da Real Barraca (Acad. Nac. de B. Artes), referidos e reproduzidos por G. de Matos Sequeira (ob. cit.), não são outra versão da planta acima descrita: trata-se, respectivamemnte, de uma sobreposição dos perímetros das duas plantas (Real Barraca e Palácio da Ajuda, com escala) e de uma simples representação do alinhamento da fachada Sul da Real Barraca que, pela desproporção, não se apresenta fiável. - Data da planta interrogada, tribuída segundo o início da construção (1755) e a data (aproximada) da marca de água (ca 1769). - Carimbo da BNP utilizado a partir de 1836 (até 1910). - Marca de água: flor-de-lis dentro de escudo coroado, com borla e nome de fabricante "J. Honig & Zoon[en]", com data aproximada de ca 1769 (cf. Edward Heawood - Watermarks, 1950, n.º 1840) . - Cirilo Volkmar Machado - Collecção de memórias... 1922,, p. 151. - A. Aires de Carvalho - Catálogo da colecção de desenhos. BN, 1977,, n. 631. - Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII- No 2.º Centenário da Morte do Príncipe D. José (1761-1788). Lisboa,, p. 9, p.35. - Maria Isabel Braga Abecasis - A Real Barraca... Lisboa, 2009. - G. de Matos Sequeira - O Palácio Nacional da Ajuda, 1961,, p. 10-16. - Legenda remissiva numérica com ortografia actualizada: 1. Sala dos Archeiros; 2.Quarto do Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro; 3. Quarto d¹El-Rei N.S.; 4. Quarto da Rainha N.S.; 5. Quarto da Princesa; 6. Quarto das Senhoras Infantas; 7. Quarto do Príncipe e do Senhor Infante que está no seu; 8. Sala do Porteiro da Cana; 9. Sala dos Viadores; 10. Salas do Donzel d¹El-Rei N.S.; 11. Sala do Donzel da Rainha N.S.; 12. Salas do Donzel da Princesa; 13. Sala de passagem para a Sala do Donzel da Princesa; 14.Oratório; 15. Tribuna; 16. Sala da Mesa de Estado; 17. Camaristas; 18. Viadores; 19.Estêvão Pinto; 20. Tapeçaria; 21. Adro da Capela; 22. Igreja da Capela; 23. Livraria; 24.Tesouro; 25. Casa da Cera; 26. Quartos de Porteiros da Cana, Reposteiros, Varredores; 27. Conselho de Estado; 28. Confessor d¹El-Rei N. S.; 29. Confessor da Rainha N. S.; 30. Confessor da Princesa; 31. Pedro José Porteiro da Camara; 32. Guarda-roupa d¹El-rei N. S.; 33. Domingos Carvalho; 34. Guarda-roupa do serviço do Senhor Infante D. Pedro; 35. Cirurgiões da Camara; 36. Médicos da Camara; 37. Sargento-Mor Francisco [Fernando?] da Cunha; 38. Casa do Porteiro das Damas; 39. Portaria das damas; 40. Portaria Alta; 41. Quarto da Camareira-Mor; 42. Casas para a Marquesa aia que se não fizeram; 43.Casa da Espera da Rainha N. S.; 44. Casa da Música; 45. Guarda-roupas da Rainha N.S. e Princesa com pavimento superior; 46. Guarda-roupas das Senhoras; 47. Guarda-roupas da Princesa; 48. Camareira-mor; 49. Quartos das criadas; 50. Cozinhas; 51. Cozinhas novas; 52. Quarto das damas com pavimento superior; 53. Jardim das Senhoras . - . - Legendas dispersas na própria planta: Pátio [vários]; Pátio que pertence ao Paço Velho; Casinha das Senhoras; Transito da Portaria Particular; Corpo da Guarda; [anotação de difícil leitura junto ao n.º 52]. - A Real Barraca (levantamento da fachada Sul) está assinalada na Vista de Lisboa, 1763,de Bernardo de Caula, n.º 34 da respectiva legenda remissiva [BNP D. 177 R.]
REAL BARRACA DA AJUDA

Ficha Bibliográfica

[1578243]

GALLI BIBIENA,, Giovanni Carlo,, 1717-1760
[Planta da Real Barraca] [Visual gráfico], [entre 1755 e ca 1769?]. - 1 desenho : tinta da china e aguadas ; 131x72,5 cm. - Nota identificativa, adicionada muito posteriormente, depois de 1802 (data do recomeço das obras do novo Palácio da Ajuda, que tinham sido suspensas, dirigidas agora por José da Costa e Silva, substituindo M. Caetano de Sousa ): " Paso Real incendiado edificado depois do Terremoto de 1755 no Alto da Ajuda dicto vulgarmente a Barraca: no mesmo sitio prezentemente se está construindo o novo Palacio comesado pelo Arquitecto Manuel Caetano de Souza Coronel do Real Corpo de Engenheiros" . - Provável planta original à qual terá sido acrescentada (entre 1774-77?), a legenda remissiva identificativa do uso das salas . - Data da legenda remissiva (entre 1774 e 1777?) atribuída conforme a conclusão da análise dos dados da própria legenda, nomeadamente, segundo o n.º 7 ("Coarto do Principe e do S.r Infante q. esta no seu", ref. ao Príncipe D. José e ao Infante D. João, futuro D. João VI) e n.º 2 ("Coarto do Serenissimo S.r Infante D. Pedro", futuro D. Pedro III): D. João terá deixado os aposentos da senhoras com sete anos, à semelhança de D. José, portanto em 1774 e, por outro lado, D. Pedro apenas até 1777 seria referido como Infante. O facto de ser ainda assinalado nas legendas o quarto de "Pedro José Porteiro da Camara" (Pedro José da Silva Botelho, falecido em 1773) poderá corresponder à permanência do nome pelo qual o quarto ficou a ser conhecido mesmo depois do desaparecimento daquele, como aconteceu em outras dependências do palácio (cf. Abecasis, p. 61). - Segundo C. V. Machado, o traçado da Real Barraca e respectiva Capela Real, ficou a dever-se a J. C. Bibiena, falecido em 1760. - Escala: "0-400 Pallmos". - Planta da construção de madeira (no local do actual Palácio da Ajuda), de provável piso térreo , que alojou a Família Real a seguir ao Terramoto, desde finais de Julho de 1756 (cf. Abecasis, p. 18) até 1794 (data em que ardeu excepto a Livraria, a Sala dos Serenins, a Capela, a Sala da Física, cf. Abecasis, p.147 ), com detalhada legenda remissiva identificativa do uso (53 legendas com numeração remissiva e mais seis, na própria planta, sem numeração, : "Pateo que pertence ao Paso Velho", "Pateo" (vários), "Casinha das Senhoras", "Corpo da Guarda", "Transito da portaria particular" e legenda de difícil leitura junto do n.º 52). - Vestígios subjacentes a lápis de uma diferente numeração das salas e de esboços nos pateos junto ao n.º 43 e 45. - Pela análise desta planta poderá concluir-se que o edifício teria um único piso ligeiramente sobrelevado, sobretudo do lado Poente, para compensar desníveis: algumas das escadas existentes poderiam, também, constituir acessos ao sótão da cobertura . - A planta e alçado da Real Barraca (Acad. Nac. de B. Artes), referidos e reproduzidos por G. de Matos Sequeira (ob. cit.), não são outra versão da planta acima descrita: trata-se, respectivamemnte, de uma sobreposição dos perímetros das duas plantas (Real Barraca e Palácio da Ajuda, com escala) e de uma simples representação do alinhamento da fachada Sul da Real Barraca que, pela desproporção, não se apresenta fiável. - Data da planta interrogada, tribuída segundo o início da construção (1755) e a data (aproximada) da marca de água (ca 1769). - Carimbo da BNP utilizado a partir de 1836 (até 1910). - Marca de água: flor-de-lis dentro de escudo coroado, com borla e nome de fabricante "J. Honig & Zoon[en]", com data aproximada de ca 1769 (cf. Edward Heawood - Watermarks, 1950, n.º 1840) . - Cirilo Volkmar Machado - Collecção de memórias... 1922,, p. 151. - A. Aires de Carvalho - Catálogo da colecção de desenhos. BN, 1977,, n. 631. - Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII- No 2.º Centenário da Morte do Príncipe D. José (1761-1788). Lisboa,, p. 9, p.35. - Maria Isabel Braga Abecasis - A Real Barraca... Lisboa, 2009. - G. de Matos Sequeira - O Palácio Nacional da Ajuda, 1961,, p. 10-16. - Legenda remissiva numérica com ortografia actualizada: 1. Sala dos Archeiros; 2.Quarto do Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro; 3. Quarto d¹El-Rei N.S.; 4. Quarto da Rainha N.S.; 5. Quarto da Princesa; 6. Quarto das Senhoras Infantas; 7. Quarto do Príncipe e do Senhor Infante que está no seu; 8. Sala do Porteiro da Cana; 9. Sala dos Viadores; 10. Salas do Donzel d¹El-Rei N.S.; 11. Sala do Donzel da Rainha N.S.; 12. Salas do Donzel da Princesa; 13. Sala de passagem para a Sala do Donzel da Princesa; 14.Oratório; 15. Tribuna; 16. Sala da Mesa de Estado; 17. Camaristas; 18. Viadores; 19.Estêvão Pinto; 20. Tapeçaria; 21. Adro da Capela; 22. Igreja da Capela; 23. Livraria; 24.Tesouro; 25. Casa da Cera; 26. Quartos de Porteiros da Cana, Reposteiros, Varredores; 27. Conselho de Estado; 28. Confessor d¹El-Rei N. S.; 29. Confessor da Rainha N. S.; 30. Confessor da Princesa; 31. Pedro José Porteiro da Camara; 32. Guarda-roupa d¹El-rei N. S.; 33. Domingos Carvalho; 34. Guarda-roupa do serviço do Senhor Infante D. Pedro; 35. Cirurgiões da Camara; 36. Médicos da Camara; 37. Sargento-Mor Francisco [Fernando?] da Cunha; 38. Casa do Porteiro das Damas; 39. Portaria das damas; 40. Portaria Alta; 41. Quarto da Camareira-Mor; 42. Casas para a Marquesa aia que se não fizeram; 43.Casa da Espera da Rainha N. S.; 44. Casa da Música; 45. Guarda-roupas da Rainha N.S. e Princesa com pavimento superior; 46. Guarda-roupas das Senhoras; 47. Guarda-roupas da Princesa; 48. Camareira-mor; 49. Quartos das criadas; 50. Cozinhas; 51. Cozinhas novas; 52. Quarto das damas com pavimento superior; 53. Jardim das Senhoras . - . - Legendas dispersas na própria planta: Pátio [vários]; Pátio que pertence ao Paço Velho; Casinha das Senhoras; Transito da Portaria Particular; Corpo da Guarda; [anotação de difícil leitura junto ao n.º 52]. - A Real Barraca (levantamento da fachada Sul) está assinalada na Vista de Lisboa, 1763,de Bernardo de Caula, n.º 34 da respectiva legenda remissiva [BNP D. 177 R.]

Não gosto ·  ·  · 23/2 às 8:07



Aqui a corte acampou um dia, no “barracão da Ajuda” … quando Lisboa estava engolida pelo mar; fendida a terra, a cidade … não pôde mais … e mudou de lugar.

No alto, alcantilada, nasceu um outro centro do poder que, já decandente, mesmo assim, teimava em criar o seu novo lugar.








José Luis Jesus Martins adicionou fotos ao álbum IGREJA DA MEMÓRIA | 10 de Março de 2013.

























Ou vamos visitar ali mesmo na Ajuda a Igreja da Memória, ou, mais propriamente, da triste memória, cuja construção se deve a D. José, em lembrança de se ter salvo da tentativa de assassínio de que fora alvo neste local, tendo-se iniciado as obras por volta de Maio de 1760, e a primeira pedra lançada em 3 de Setembro desse mesmo ano.  Lembra a história, irónica tantas vezes, que regressava D. José de um encontro secreto com uma dama da família Távora quando a carruagem onde se deslocava foi atacada, tendo sido atingido um braço.  O facto deu a Pombal o pretexto de que ele precisava para dizimar a família Távora, sendo a sua tortura e execução, em 1759, um dos momentos mais cruéis da História Portuguesa. 
Ainda hoje no Beco do Chão Salgado, junto da Rua de Belém, se pode ver o pilar que lembra esse trágico momento.
Lá em baixo, na cidade devastada, pontuava o Marquês de Pombal, Sebastião de nome, que, inteligente e perspicaz, ditava a nova cidade das Luzes, debaixo dos seus caracóis ... (escamoteando assim a dor de não pertencer a essa corte secular, mas a uma pequena nobreza sem direito por nascença aos "manás" reais).
Mas dele, das suas mãos e determinação, nasceu a Lisboa rejuvenescida ... e de saber ... de «Luzes» enriquecida, enquanto, lá em cima, cresceu o palácio dos reis, da nobreza cortesã, numa cidade outra, encimesmada e servil..., mas, ainda assim, remoçada pela adversidade que adveio da terra tremer sob os pés reais e, com esse fenómeno sobrenatural, uma onda enorme tudo poder engolir ...
O Palácio da Ajuda, ainda hoje curvado sobre si mesmo, tem, contudo, a capacidade de nos fazer sentir no nosso lugar .... mesmo que, por companhia, apenas tenhamos a corte a resistir!!!.






Porque em cada corredor, ... em cada uma das reminiscências dos seus roubados tapetes, em todas as arquitecturas efémeras que aí ainda se instalam, ou soalhos de liós ... o Palácio continua a fazer parte dos meus lugares.



Antigo Palácio Real, é hoje em grande parte um magnífico Museu, estando instalados no restante edifício a Biblioteca da Ajuda, o Ministério da Cultura, e vários Institutos desse Ministério.
Edifício neoclássico da primeira metade do séc. XIX, sob traçado de Francisco Xavier Fabri e José da Costa Silva, foi residência oficial da família real portuguesa, desde o reinado de D. Luís I (1861-1889) até 1910, ano da proclamação da República, quando foi encerrado.


E, ao fim da tarde, atravessados os pátios, e coando-se quase já a luz, dê um passeio pelos jardins que envolvem o Palácio e espreite o Tejo entre o casario da Ajuda.


E a corte acampou no "barracão da Ajuda" ... quando Lisboa estava engolida pelo mar; fendida a terra, a cidade ... não pôde mais ... e mudou de lugar. Lá em cima, alcantilada, nasceu a urbs do poder que, já decandente, mesmo assim, teimava em criar o seu novo lugar.

  




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  1.  No Jardim das Damas

 

Lá em baixo, na cidade devastada, pontuava o Marquês de Pombal, Sebastião de nome, que, inteligente e sagaz, ditava a nova cidade das Luzes, debaixo dos seus caracóis … (escamoteando assim, dizem os malidicentes os piolhos que não o largavam, ou, quem sabe, a dôr de não pertencer a essa corte secular, mas a uma pequena nobreza sem direito por nascença aos “manás” reais).

Mas dele, das suas mãos e determinação, nasceu a Lisboa rejuvenescida … e de saber … de «Luzes» enriquecida, enquanto, lá em cima, cresceu o palácio dos reis, da nobreza cortesã, numa cidade outra, encimesmada e servil…, mas, ainda assim, remoçada pela adversidade que adveio da terra tremer sob os pés reais e, com esse fenómeno sobrenatural, uma onda enorme tudo poder engolir …

O Palácio da Ajuda, ainda hoje curvado sobre si mesmo, tem, contudo, a capacidade de nos fazer sentir no nosso lugar …. mesmo que, por companhia, apenas tenhamos a corte que ainda quer resistir!!!

Porque em cada canto, … em cada uma das reminiscências dos seus roubados tapetes, em todas as arquitecturas efémeras que aí ainda se instalam, ou nos corredores de liós … o Palácio continua a fazer parte dos meus lugares.

No Antigo Palácio Real, hoje em grande ainda ocupado como Museu, acolhe no restante edifício a fabulosa Biblioteca da Ajuda, o emagrecido Ministério da Cultura, hoje apenas Secretaria de Estado. 
Sob o traçado de Francisco Xavier Fabri e José da Costa Silva, este edifício neoclássico da primeira metade do séc. XIX foi residência oficial da família real portuguesa, desde o reinado de D. Luís I (1861-1889) até 1910, ano da proclamação da República, quando foi encerrado, passando a funcionar como museu em 1968, pelo que se pode reviver ambientes oitocentistas , viajando entre importantes colecções de artes decorativas dos séculos XVIII e XIX: dos têxteis ao mobiliário passando pela ourivesaria, e cerâmica, bem como de pintura, escultura e fotografia.
Para não peder a sua vocação, o Palácio alberga ainda os lautos festins que a Presidência da República realiza para celebrar as mais importantes cerimónias de Estado.

E, ao fim da tarde, coando-se quase já a luz, darei um passeio pelos jardins que envolvem o Palácio,  espreitando o Tejo entre o casario da Ajuda.


Do Alto da Ajuda. Fotografia Filomena Barata

































Lá em baixo esperam-nos os Jerónimos, o Museu de Arqueologia a torre e o padrão, e, de regresso a casa, quero que comigo tenha vindo tão bela essa sua Luz.

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