domingo, abril 20

Abril, Sempre!




Já arrumei memórias, tantas e tantas mais
já pari e, por isso, plantei uma árvore feita de esperança
já chorei insónias longas,
mas também muito sorri
fiz os livros que ditam os mandamentos
tentando dar sentido às palavras que se foram cozendo entre si
já passeei por jardins de luz, por entre silêncios e multidões
já vi morrer e matar, guerras da vida que nem sempre são as naturais
enterrei mortos meus, cerrando as portas à descrença
e esqueci dores, transformando-as em lembranças
aprendendo a dizer-lhes até sempre, até já
já viajei, dentro e fora de mim
sonhando prazeres que nem sempre encontrei
e, contudo, cruzei montes, vales e oceanos daqui e dali
julgando que os ia poder abraçar
já tive amores e desamores
mas crente sou ainda que o último é sempre o maior
sei que o será
já fui rica e pobre; faço contas de somar e diminuir
saldando as que havia a pagar
cigarro aceso noite fora, sem saber como o ia fazer
já avaliei e fui avaliada
testes mais não poderia haver, porque poucos humanos os conseguiriam passar
já me preparei para morrer,
encomendando aos Céus os testemunhos meus
por isso, por isso e tudo o mais, agora quero e sem medo o direito a viver!
E viverei sem esperar a licença de ninguém, porque não a pedirei,
pois seguirei caminho, cruzando os mares da minha fé.

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