Dizia ontem o "Propranolol" aqui em comentário ao poema que citei « tanto tempo e o tempo não passa sobre o que é belo ...»
Porque o tempo não passa, de facto, sobre o que de belo um dia se escreveu, se pintou ou se viveu, sobre a pedra cinzelada das catedrais, os vitrais de sílica e chumbo, a fé das mesquitas, onde, virado para Meca, se ora, ou sobre o Stabat Mater de Pergolesi que oiço pela manhã.
O tempo não passa sobre a memória se dela soubermos fazer história,
nem sobre o corpo, se dele soubermos fazer não o medo do envelhecer, mas inventar a força de viver.
O tempo não passa sobre esta vontade que tenho de gritar, mas num gemido surdo que tarda em rebentar!
O tempo não passa nas mãos que hoje tenho trémulas e frias, sem saber o que delas fazer, pois nem palavras são capazes de construir.
E o tempo não passa no pensamento que se alarga para lá das mãos...
2 comentários:
O tempo não passa
sobre o traço que traça
a mão do artista.
Não nos canse a vista...
Continuação de boa semana, cheia de belas congeminações sobre este tema.
não era o heráclito que dizia que não nos podemos banhar duas vezes na mesma água de um rio?
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