segunda-feira, fevereiro 9

E cantou como canta a tempestade, Anna Akhmátova e Marina Tsvétaïeva e ainda «O Japão no Feminino»



Para a Cidade das Mulheres os dois livros acima referidos, pelo sentido das palavras escritas e trocadas!...


«De onde vem esta ternura?
Não são os teus os primeiros cabelos
Que afago, e já conheci lábios
mais sombrios do que os teus lábios.

Brilharam estrelas, depois ficaram pálidas
(de onde vem esta ternura?),
brilharam olhos, tão perto dos meus olhos,
depois, quase se apagaram.

Melhores cantos que estes
ouvi eu no coração da noite
(de onde vem esta ternura?)
gravados no peito do cantor.

De onde vem esta ternura?
E que fazer com ela, ó tu,
o astucioso, o estrangeiro de passagem?
E as tuas pestanas, as mais longas que já vi?»

Marina Tsvétaïeva, in «E cantou como canta a tempestade»


«A verdadeira ternura
não se confunde com mais nada.
É o silêncio.
Em vão, solícito, me cobres os ombros com peles.

E em vão, humilde, me falas do primeiro amor.
Ah, como eu conheço os teus olhares ardentes,
incessantes».

Anna Akhmátova, in «E cantou como canta a Tempestade»


«Deitada e sozinha
de cabelo negro solto
e emaranhado,
sinto desejo daquele
que primeiro o veio tocar.

porque não terei pensado nisto já antes?
Este corpo meu
ao recordar tanto o teu
tem a marca que deixaste.

(...)
Mesmo que eu agora
te visse uma vez que fosse,
o meu desejo de ti
atravessaria mundos,
todos esses mundos

(...)»

Isumi Shikibu (974?-104?), in «O Japão no Feminino», Assírio & Alvim

Um comentário:

cris disse...

Obrigada, pela parte que me toca...
quanto ao «Japão no feminino» queria aqui deixar este pedaço informativo: sobre o tema «poesia japonesa feminina » Luísa Freira dará uma conferência no âmbito de uma sessão cultural de Faces de Eva, na FCHH/UNL (Av.Berna, 26), no dia 15 de Abril, às 18h00.
Cris