terça-feira, setembro 23
Também a propósito de Alcobaça
Imagem: Biblioteca Nacional (on-line)
Não conhecendo eu de Frei Bernardo de Brito senão a «Mornarchia Lusitana», que tanta fama deu Alcobaça, "couto" que se tornou também da "Historiografia Alcobacence" e da resistência nacional face ao domínio castelhano, não poderei de deixar de partilhar a minha descoberta, pois o monge cisterciense, afoito na História, também se dedicava à liríca.
Assim, e fazendo o repto para que as próximas Jornadas do Património se possam dedicar também ao papel fundamental que desempenhou a «Morcharquia Lusitana», pese a conhecida efabulação de F. Bernardo de Brito e dos successores António e Francisco Brandão, é incontornável a sua tentativa de fazer uma História de Portugal.
Mas agora vai o soneto:
Soneto em que mostra que só a vista de Sílvia, sem outra invenção do amor, foi causa da sua afeição
Cuidando o cego amor que me enganava
em me levar um dia descuidado,
onde nuns olhos verdes embrenhado
para me saltear metido estava,
Vendo-me no lugar, que desejava,
para fazer seu tiro acomodado,
arremetendo à seta, de apressado,
a mão se lhe feriu dentro n'aljava.
Ficou amor de si próprio ferido,
e morto por aquela que escolheu,
para nela mudar minha ventura:
E eu sem seta, d'Amor fiquei rendido,
porque a vista de Sílvia me rendeu
com siso acompanhado de brandura.
Sílvia de Lisardo (Sonetos) atribuídos a Frei Bernardo de Brito
in Poemário, Assírio & Alvim, 2008
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