Hoje, finalmente consegui ter condições para encontrar a amiga do meu amigo João.
Fui contar-lhe da aliança que ele me tinha deixado para ela, porque fazia questão de lha oferecer.
Claro está que a minha amiga, "sempre mais serena do que eu" me disse: diz-lhe que agradeço a intenção, mas que não a usarei, isso não.
Pelo menos, por ora, não me cabe na mão.
E também calma como lhe é habitual ripostou ainda:
"Com sorte e com as fugas do nosso amigo comum, tão difícil que lhe é resolver os dilemas, assumir em pleno as dificuldades que traz sempre a decisão, com sorte, ainda um dia destes, terá que comprar um terceiro exemplar.
Tão comum, tão típica é a situação, que se não parar muito depressa para se enfrentar, coisa que vejo difícil tanto tempo deixou passar entregue a indecisões, a pressões, que ainda fugirá, de novo, num remoçado processo de fuga que, aliás, o tem caracterizado nos últimos anos, e nada mais lhe restará do que oferecer a aliança a uma nova e grande paixão.
Quem sabe se não será assim que os dilemas vai resolver, se não parar depressa para pensar e para poder se enfrentar!
Guarda-a, portanto, guarda-a bem, pode ser que ainda lhe faça falta e a uma terceira mão vá parar".
Quase me surpreendeu a lucidez da minha amiga, quase me chegou a irritar, tão clara é na análise que faz das situações, tanto mais que eu ainda não consigo desculpar a falta de respeito pelos sentimentos dos outros de que é useiro o meu amigo João, mas, de facto, ela tem toda a razão!
Pena é para os que, ainda sem distanciamento, e que continuam a não querer imaginar que tal situação possa vir a ocorrer.
E mais penoso é ainda que, no meio disto, tenha eu voltado para casa com tal objecto de valor, pois nem ao nosso amigo comum a posso devolver, porque lhe perdi agora a comunicação.
Mas certamenre há-de aparecer e vou ter que lho dizer! Quem sabe pela altura da Feira de S. Pedro.
Ela serena ficou com as suas convicções.
Bem gostaria que ele assim fosse capaz de o ser ... mas não vislumbro que ainda esteja em condições!
De qualquer modo, vou ter que lho dizer, isso sim.
Até porque esta história quero acabar de vez ou então terei que depositar a aliança num cofre-forte suíco, na tal conta que gostaria de poder abrir e que não sei se algum dia o poderei fazer.
Um comentário:
Chamemos-lhe "João, o Remoçado"! Que virá numa manhã de nevoeiro...ao perdão e ao sermão (que ouvirá pela certa!)
Bj
Postar um comentário