domingo, junho 8
Os últimos lugares
Sobre o dia a mão trémula do sol
semeou alguns objectos
eu tive uma vez um barco
para essas águas
e sabia melhor que ninguém as marés
os mistérios do nevoeiro
teus dedos
e foi-me melhor que um filho
ou um cavalo
estendi as mãos e toquei os frutos
só voar me foi interdito pelos deuses.
Manuel Afonso Costa, Os Últimos Lugares
Diário, Assírio & Alvim, 2008
Finalmente hoje fará sol.
Às vezes é preciso queimar a terra,
salgá-la como espaço interdito, proscrito,
para que um dia, sobre ela, uma flor aberta possa crescer.
Encher a terra de pedras, para que sob as mesmas
o tempo possa descobrir segredos enterrados
para que tudo se possa reescrever.
Com cada coisa no devido lugar!
Apenas um novo olhar a desvendar.
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