sexta-feira, dezembro 12

Onde já vi isto? O texto é sobre 2008 e em 2009????

Tenho, ao longo da vida, defendido que, mesmo em momentos de dificuldade ou com orçamentos de crise, é possível manter uma atitude combativa e criativa, exercitando assim a capacidade de fazer com pouco coisas de qualidade.
Mas tudo tem um limite: até a criatividade necessita, para poder não sufocar na sua própria interioridade, de espaço e condições para se expandir, para a descoberta, para a procura.

O orçamento previsto para 2008 para a Cultura em Portugal leva ao limite a capacidade de imaginar com parcos recursos.

Entra já na esfera do "fio da navalha", aquele limiar que, ultrapassado, pode conduzir à claustrofobia, ao pensamento neurótico OU MESMO AO NON-SENSE.

São de todos conhecidos exemplos de criadores que ao longo da História foram capazes de no limiar da fome e da miséria produzir com qualidade igualmente ímpar.

1 - Mas será justo ou mesmo socialmente desejável que as instituições vivam nesse mesmo limite, pressupondo-se que a genealidade vai salvar a produção artística, a produção cultural?

2 - Ou partir do princípio que a Cultura é somente feita dessa genealidade do limite que não necessita de meios para se recriar, para se tornar também um bem de partilha?

Sempre tenho sido positiva, hoje, ao pensar no que julgo ainda há para fazer no domínio cultural no Alentejo, não posso deixar de me sentir triste e confusa.

Que os meus amigos e leitores me ajudem a interpretar melhor os números e, principalmente, caso sintam como eu esta estupefacção do desinvestimento na área da cultura, me ajudem a fazer entender quem decide que, se calhar, é uma má aposta!

(Escrito em 2008, seria reescrito hoje)

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois... é irreal.

Hugo

Alberto Oliveira disse...

... a cultura é a filha mal-amada de qualquer governo com a corda na garganta. E nos outros tempos também, que um país como Portugal, a viver (desde que me conheço)no limite dos recursos económicos, tem outras prioridades.
Eu sei que posso ser mal interpretado, mas as "prioridades" são tantas, que acabamos por nunca entender?! se foram bem distribuidas ou não passam de meros números orçamentais. Mas não me quero afastar do tema... cultural.
Nos tempos que correm, qualquer país administrado por governos democratas, precisa (quase como de pão para a boca) que os seus cidadãos tenham acesso à cultura (que se inicia na escola), para poderem ser mais informados e poderem dicidir de facto do seu destino. Assim, parece ficarmos sempre no fio da navalha e com a interrogação latente: o que é mais prioritário?
Li recentemente um artigo de opinião num jornal diário sobre o assunto da qualidade de vida. E perguntava-se o articulista: "o que é mais prioritário? a construção de gimnosdesportivos camarários ou refazer primeiro, o estado de sítio (eu digo miserável) das ruas e passeios das nossas cidades? Ou/e a resolução da invasão selvagem do parque automóvel quase a entrar pelas nossas casas?" Dizia ele (e estou a citar de memória) que são as pequenas coisas que (também) fazem a qualidade de vida das pessoas. E eu aplaudo-o, claro.... afastando-me uma vez mais do tema cultural.
Longo vai o comment tal como longe vai o tempo em que o artista era considerado um "bicho à parte da sociedade" porque da má-fama não se livrava. Ninguém quer voltar a esses tempos. Nem os artistas.

Tenha um bom fim de semana, Filomena.

bettips disse...

Esse o problema fundamental: o da cultura. Dizia o outro há que tempos "que tinha a paixão pela educação" ...e não percebem, tanto tempo que passa, que é o melhor investimento - do presente para o futuro!
Bj