quarta-feira, outubro 15
À minha princesa. Testemunho para o seu dia de anos (reed.)
Hoje pela manhã quase tão nervosa me sentia como a minha minorca, ciente de que um novo ano ia começar. E que um ciclo também renovado íamos iniciar. Que, a partir de hoje, como todos os dias que nos sentimos renascer, muita coisa iria mudar.
Tão determinada a vi, arrumando as suas coisas, mochila nova às costas e bolo de anos na mão, que a olhei comovida.
Sim, pelo tempo que passou (como voa afinal) e por a ver como é.
Dizem que com esta idade já a personalidade está vincada. Estou certa que sim, tão determinada a vejo, autónoma, refilona e sem saber mentir!
Com os poucos anos que tem, já foi aprendendo que a vida não é apenas um "mar de rosas", mas que se tem que conquistar.
Já viu ler, trabalhar muito, rir e chorar e já soube o que era perder alguém se ama, mesmo que acredite que o céu alberga sempre as boas estrelas para nos cuidarem.
Aprendeu que, mesmo nas dificuldades, é possível que a vida tenha magia e que dela se possa contar uma história bonita; aprendeu que a verdade e o sorriso são sempre as melhores armas; que se deve dizer o que se pensa (nisso ultrapassa muitos adultos, como, aliás, é característica das crianças), mas que tem que saber fazê-lo de uma forma menos "acertiva", pois para tudo é necessário conhecer o modo e o lugar; viu que, por vezes, é preciso saber mudar, seja de espaço geográfico, seja de "figurinos de vida"; aprendeu o sabor dos afectos, tendo já assistido a separações, mas que é possível, mesmo com elas, manter o que de mais essencial há no valor do amor.
Sei que hoje, como ela, senti que há coisas que não serão mais iguais, pois há uma nova fase a palmilhar.
Jurei ainda a mim própria testemunhar, POIS AQUILO QUE A MINHA FILHA PODE SABER E PARTILHAR também outros meninos ou adolescentes, filhos de outros pais, poderão conhecer, porque da vida não nos devemos esconder, mesmo naquilo que o "comum dos mortais" esperaria ou desejaria que fosse escamoteado, falseado.
Por ela já havia, muitas vezes, sentido que há coisas com que não poderia jamais pactuar, pois o caminho a percorrer é só um e deve ser vivido com a maior alegria e verdade possíveis, fugindo, sempre que possível, das áreas de "penumbra" ou das "brumas"!
E, por isso, no caminho da Escola cantámos juntas belas canções ... (mesmo que eu levasse os olhos brilhantes, tanto ou mais do que tenho agora a escrever).
Será isto um texto de blogue? Talvez não, mas fundamentalmente para ela foi concebido este "caderno de campo", como diriam os arqueólogos!
POR ISSO SABEREI REPETIR QUE A VIDA TEM QUE SER VIVIDA, MESMO QUANDO CANTAMOS A CHORAR.
P.S. : B. lembrei-me do teu mail, dos teus cabelos brancos que me recordam a minha mãe. Por ti, que me tens acompanhado à distância, por esse mail, obrigada também.
E de ti P.P. também me recordei, pois também nos acompanhaste ao longo de anos em que tanta coisa (boa e má) já foi partilhada e que não pode ser mais omitida ou falseada.
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6 comentários:
Um campo verde-esperança de viver contigo, e bem, essa menina.
Novo, o caderno de campo da vida que para ela é/será apontamento.
E para mim que aprendo.
Bjinho
como gostaria de pertencer ao que chamas as tuas "geografias afectivas"
Gonçalo, ou quem sejas sob esse nome, uma coisa te queria dizerneste mesmo lugar. Por clara opção pessoal, e porque estou cada vez menos condescendente com os chamados "terrorismos informáticos" com que todos vamos sendo confrontados, informo que nunca mais publicarei qualquer comentário que não seja de alguém cujo nome (ou mesmo pseudónimo)conduza a um perfil determinado. Há momentos em que a vida nos obriga-nos a que sejam efectivamente claras as nossas atitudes, opções e afectos. O meu lugar não se esconde sob nenhum falso nome e tem um perfil, pelo que, como acima disse, será também igualmente clara a opção de não publicar quem não tenha perfil. Com respeito.
Não será "Gonçalo Mendes da Maia - O Lidador?"
Não resisti, para que sorrias um pouco.
Quiçá te persegue um cartógrafo...
(publica se quiseres, claro! que estou a brincar)
viva bettips!
aproveita bem; o tempo passa tão depressa!
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