À minha mãe, de novo
Porque vi hoje, de forma tão clara, como a vida se pode esvair num segundo,
sem que nada ou ninguém nos peça para isso autorização, relembrei-me como somos, afinal, tão somente uma pequena molécula de que se prescinde tão bem ...
Só não prescindimos nós de nós próprios e os nossos filhos muito menores, porque para eles somos somente uma extensão.
Lembrei-me como o sofrimento inerente à morte, ao luto e à perda emocional têm também a ver com a aprendizagem do controlo de nós próprios, separando a dor efectiva da perda, da dependência que temos e alimentamos sofredoramente, sofridamente, em relação aos outros, desejando que tenham por nós a mesma insalúbre dependência.
Desejando que continuem eternos filhos menores para quem somos uma mera extensão!
Recordei momentos de perda muito duros que vivi, e lembrei quem, um dia, perante a morte me soube dizer: há momentos que temos que deixar partir quem quer partir, quem à morte já não consegue resistir.
É verdade, há momentos que temos que deixar os outros partir...
Mas hoje ainda não foi o meu dia de despedida.
Escrito estava o que tinha que ser!
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