domingo, maio 4
Intimidade
A intimidade é uma construção, cada dia o seu dia
a ouvir o sangue latejar, o coração a bater como se fosse rebentar,
descendo degrau a degrau até ao mais fundo de nós
até descobrir o ser que de nós restará.
Há momentos em que para a descobrir temos que conhecer o sabor acre
que o sofrimento tem.
Sulcos doridos na pele.
Mas a alma restará, mesmo assim.
Só não há Reconstrução quando se não quer.
Todos os dias deste Maio do meu renascer tenho descoberto, em cada folha de papel, em cada fotografia dos que me pertenceram e já partiram, como é duro, mas redentor, saber fazer a arqueologia de nós.
Saber reconstituir-nos.
Aprendendo a viver com os sulcos que ficaram na pele.
Hoje fui mergulhar no mar, salgando o corpo na água fria, até conseguir sentir que até a pele pode cicatrizar.
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