«Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Queres que te diga, para além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo»? Fernando Pessoa
« O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar». Carlos Drummond de Andrade
“Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.”
"Quem fala de Amor não ama verdadeiramente: talvez deseje, talvez possua, talvez esteja realizando uma óptima obra literária, mas realmente não ama; só a conquista do vulgar é pelo vulgar apregoado aos quatro ventos; quando se ama, em silêncio se ama."
Agostinho da Silva
De que falas quando me falas de amor? Do teu? Do meu?
Do que sentes, do que mentes, ou do que inventas nas estórias que as minhas mãos sabem contar?
Falamos desse verbo que tanto pode ser transitivo como intrasitivo, que tudo ou nada quer dizer?
«Querer bem, estimar, desejar, ter afeição ou ternura»
ou apenas falamos do prazer de o poder ouvir ou declarar, espalhando-o por aqui e por ali?
Recordamos ainda os quartos pobres em periferias de cidades onde o flamengo se ouve distante nas ruas, em Antuérpia, onde manchaste de sangue as alianças que te ofereci
quem sabe dessas praças com laranjeiras onde, desta feita, se baila ardente o flamenco?
Imaginando que em Mont Blanc está a nevar e que em Helsínquia há belas catedrais escavadas na rocha?
Falas-me do Jura ou de Sion, noite quase feita a escurecer
recordas as alianças que sempre tiraste, pânico teu de eu te ter???
Ou, quem sabe, o Oceano que atravessei para te encontrar, o dos hotéis de luxo, do outro lado do mar, onde quis inventar os sonhos perdidos de menina que não soubeste em ti integrar.
Ou dos fortes do Tejo aqui bem perto, ou o de Peniche, mais além ?
Do Alentejo que contigo percorri e que continuei a amar,
pensando-lhe nas planuras doces o país que que viu crescer?
De que falas tu? Dos peixes que aqui em casa continuam a nadar,
matando ferozmente a natureza o mais branco e belo que havia naquele lugar?
Ou o negro, M'Banza Kongo de nome seu, que se acabou também por findar?
Neste meu Luar que tenta descansar
De que falas tu? De que falo eu?
para dizer : amo-te, mesmo quando não sabem o porquê, nem mesmo o que estão a dizer.
falas-me de uma oliveira que fui apenas eu a regar
ou de uma esteira do outro lado do mar?
quem sabe de uma picada com horas de sulcos e uivos
que fui em sonhos e em silêncio fui capaz de contigo percorrer
Mas afinal, sei-o, criei um príncipe que não soubeste segurar entre as mãos.
E na minha cama não cabia o pó que contigo trazias, nublando-te noites e manhãs, invadindo-me os lençóis
nem as ancas largas de todas as mulheres que eu não quis comigo deitar
nem a violência que a mentira consigo sempre traz
Sei, apenas isso sei, que morri e renasci cada vez que te criei!
Nessa enorme estrada entre aqui e acolá
já só me leva o Céu almejado se for a minha rota
prefiro as pétalas rosa de uma flor do que as mil promessas adiadas e que jamais se cumprirão
ou do que morrer nas tuas mãos
Teria que te descobrir entre natais em diferido,
nos passeios no Kuanza, ou entre as borboletas de apartamentos suiços; os chinelos oferecidos, mas com um outro par ou as alianças noutra mão.
Já não sou capaz de te imaginar nem de te sonhar
e nem as insónias me descobrem tanto as noites como outrora
porque um cansaço quase sepulcral me cobriu
E, por isso, tem que saber descansar este meu LUAR
« O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar». Carlos Drummond de Andrade
“Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.”
Fernando Pessoa
"Quem fala de Amor não ama verdadeiramente: talvez deseje, talvez possua, talvez esteja realizando uma óptima obra literária, mas realmente não ama; só a conquista do vulgar é pelo vulgar apregoado aos quatro ventos; quando se ama, em silêncio se ama."
Agostinho da Silva
De que falas quando me falas de amor? Do teu? Do meu?
Do que sentes, do que mentes, ou do que inventas nas estórias que as minhas mãos sabem contar?
Falamos desse verbo que tanto pode ser transitivo como intrasitivo, que tudo ou nada quer dizer?
«Querer bem, estimar, desejar, ter afeição ou ternura»
ou apenas falamos do prazer de o poder ouvir ou declarar, espalhando-o por aqui e por ali?
Recordamos ainda os quartos pobres em periferias de cidades onde o flamengo se ouve distante nas ruas, em Antuérpia, onde manchaste de sangue as alianças que te ofereci
quem sabe dessas praças com laranjeiras onde, desta feita, se baila ardente o flamenco?
Falas-me do Jura ou de Sion, noite quase feita a escurecer
recordas as alianças que sempre tiraste, pânico teu de eu te ter???
Não, não te entendo, afinal, porque de ter e haver nada possuímos afinal ...
Ou, quem sabe, o Oceano que atravessei para te encontrar, o dos hotéis de luxo, do outro lado do mar, onde quis inventar os sonhos perdidos de menina que não soubeste em ti integrar.
Ou dos fortes do Tejo aqui bem perto, ou o de Peniche, mais além ?
Do Alentejo que contigo percorri e que continuei a amar,
pensando-lhe nas planuras doces o país que que viu crescer?
De que falas tu? Dos peixes que aqui em casa continuam a nadar,
matando ferozmente a natureza o mais branco e belo que havia naquele lugar?
Ou o negro, M'Banza Kongo de nome seu, que se acabou também por findar?
Do último cigarro fumado a duas mãos, pois nem sempre se podem adquirir mais?
De falas tu? Das insónias que tive anos a fio para tentar entender?
Ou das noites longas que te esperei apenas para dizer «estou aqui»Neste meu Luar que tenta descansar
Mas que ainda à noite me mantém de olhos abertos a imaginar ...
De que falas tu? De que falo eu?
De todos os lugares onde não fomos ou deste sítio tão rico como o meu mar
este espaço tão pequeno, mas enorme porque só meu,
tão grande e seguro que te criou e concebeu, rasgando sorrisos, dores e partos de seres que cresceram para dizer : amo-te, mesmo quando não sabem o porquê, nem mesmo o que estão a dizer.
falas-me de uma oliveira que fui apenas eu a regar
ou de uma esteira do outro lado do mar?
quem sabe de uma picada com horas de sulcos e uivos
que fui em sonhos e em silêncio fui capaz de contigo percorrer
Mas afinal, sei-o, criei um príncipe que não soubeste segurar entre as mãos.
E na minha cama não cabia o pó que contigo trazias, nublando-te noites e manhãs, invadindo-me os lençóis
nem as ancas largas de todas as mulheres que eu não quis comigo deitar
nem a violência que a mentira consigo sempre traz
Sei, apenas isso sei, que morri e renasci cada vez que te criei!
Nessa enorme estrada entre aqui e acolá
já só me leva o Céu almejado se for a minha rota
prefiro as pétalas rosa de uma flor do que as mil promessas adiadas e que jamais se cumprirão
ou do que morrer nas tuas mãos
Teria que te descobrir entre natais em diferido,
nos passeios no Kuanza, ou entre as borboletas de apartamentos suiços; os chinelos oferecidos, mas com um outro par ou as alianças noutra mão.
Já não sou capaz de te imaginar nem de te sonhar
e nem as insónias me descobrem tanto as noites como outrora
porque um cansaço quase sepulcral me cobriu
E, por isso, tem que saber descansar este meu LUAR
Um comentário:
Belas estas palavras. Que as saiba merecer , a quem são dedicadas.
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