terça-feira, janeiro 6
Obrigada ao Dia de Reis pelo presente
Fotografias: Carlos Pacheco
Hoje, como presente de Dia de Reis, certamente, emprestaram-me estas belas fotografias sobre as quais tenciono fazer um conto que espero venha a ser tão bom como elas.
Obrigada Carlos pelas fotografias.
Nem sei bem dizer porquê, mas o banco e a água lembraram-me as Noites Brancas, um dos meus livros favoritos.
E porque não o encontrava, fui dar volta a um saco de praia, onde ainda estavam dois livros que me acompanharam nas férias.
Um deles, relido numa penada, em tarde de piscina, é o «Noites Brancas», de que tenho também uma versão em russo que apenas sabe para "enfeitar" a estante, mas que não deixa de ser bonito pelos desenhos que tem e pela escrita cirílica.
«A alma já quer e já pede outra coisa! Inutilmente remexe nas cinzas o sonhador, nos seus sonhos antigos, procurando nas cinzas ao menos uma faísca, uma brasa que acenda uma chama, para aquecer com o fogo recuperado o coração arrefecido e ressuscitar nele tudo o que dantes lhe era tão querido e lhe tocava a alma, que lhe arrancava lágrimas dos olhos, que tão luxuosamente o iludia! Sabe, Nastenka, até que ponto eu cheguei? Sabe que já me vejo obrigado a festejar os aniversários das minhas sensações, os aniversários das coisas de que eu gostava tanto dantes mas que, pura e simplesmente, não aconteceram - aniversários de sonhos, de sonhos estúpidos e imateriais - e que me vejo obrigado a fazê-lo porque nem sequer esses sonhos estúpidos já existem e porque não tenho com que os suplantar: porque também os sonhos podem ser suplantados! Sabe que agora gosto de recordar e visitar nas datas certas os lugares onde outrora fui feliz à minha maneira, gosto de construir o meu presente em conformidade com o passado irrecuperável, e vagueio muitas vezes, como uma sombra, sem necessidade nem sentido, triste e desalentado, pelos becos e ruas e Petersburgo!».
Dostoiévski, Noites Brancas
Arrumeio-os juntos, finalmente, sem que tivesse resistido, pano do pó na mão, a tê-lo praticamente relido.
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Um comentário:
Obrigado Filomena, pelo boa tarde que me disseste, naquele dia frio.
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