A J.V.M.
Já repeti o antigo encantamento,
E a grande Deusa aos olhos se negou.
Já repeti, nas pausas do amplo vento,
As orações cuja alma é um ser fecundo.
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.
Outrora meu condão fadava as sarças
E a minha evocação do solo erguia
Presenças concentradas das que esparsas
Dormem nas formas naturais das coisas.
Outrora a minha voz acontecia.
Fadas e elfos, se eu chamasse, via,
E as folhas da floresta eram lustrosas.
Versão para o português de Fernando Pessoas do Hino a Pã, poema de Crowley
Um comentário:
Além da cidade dia/noite e o rio, o rio dela, largo e calmo
ainda "...presenças...das que dormem nas formas naturais das coisas..." é uma frase de verdadeiro romantismo. Assim olhamos a paisagem que os nossos sentidos cruzam de imagens (reais); contudo serão as que unicamente existem no nosso pensamento (irreal) que as moldou.
Bj
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