quarta-feira, novembro 5

As tuas mãos (reeditado)

















quando já estiverem estilhaçadas todas as torres
pulverizadas as memórias, por falta de suporte,
ausência de palavra dita e signada
que restem as tuas mãos
que me façam recuperar ainda o sentido e a justeza
de encontrar um tempo e um lugar
já que a todos os outros não pertenço
que a voz me sussurre ainda a esperança
porque todas as torres são de pó se não ficar o segredo!
e o sentido não é senão essa mão sobre a torre, mesmo que esboroada:
esse silêncio sussurrado onde consigas ainda dar sentido às mãos

ou então, se nem esse sussurro conseguir já ouvir,
que morras pelas tuas próprias mãos!

Agradeço a fotografia das mãos que me foi oferecida.
Mesmo com o que a vida me ensinou sobre a irrealidade de alguns presentes, a fotografia não deixou de ser uma bonita prenda/montagem para me oferecer!

4 comentários:

quarto-crescente disse...

Continue a escrever tão belas palavras pois elas são um amparo para mim!

Anônimo disse...

as palavras dão sempre sentido a quem é capaz de tudo recriar.
Belo, como sempre

A Lusitânia disse...

Quarto-crescente, também este teu sítio não tem cara e não vai dar a qualquer lugar.
Uma coisa te digo, as palavras usam-se para cantar, chorar, vincar. São as nossas. E há coisas com que não devíamos brincar se queremos que connosco não venham a gozar. Por mim e por aqueles que amo sei escrevê-las (bem ou mal, sirvam ou não de amparo, de escárnio ou de maldizer! ).

A Lusitânia disse...

Vergonã é nem sempre nos sabermos pôr no nosso lugar! E outra coisa te posso dizer, sejas tu ou não quem eu estou a pensar, também sei usar alianças de latão, ciente que o oito infinito se há-de alcançar ... o que não faria nunca era usar umas que andam de mão em mão.
Dizem os arqueólogos que nunca se deve usar o espólio dos mortos ... nem o dos vivos, diria eu!
Assim, e com todo o respeito e sinceridade, espero mesmo que encontres amparo noutro sítio, porque pessoas com perfil que vá dar a lugar nenhum, como tu ou o dito "Gonçalo", não irei mais editar!
Este, goste-se ou não, é o meu.