“Caí em meu patético
período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus
igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou
educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este
é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser
bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta
espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles
são broncos demais para perceber que não estou mais ali”.
Charles Bukowski (1920-1994)
Charles Bukowski (1920-1994)
Hoje, andando o vendaval quase à solta, venho aqui agradecer
publicamente a grandeza com que a vida me brindou, até com “copinhos de
espumante” de início do ano, aproveitando para dar a conhecer um texto de dia
de temporal:
« a todas as mensagens sem nome
a todas que têm nome, nem que seja disfarçado
as que me lembraram as tristes roque que não dançam rock
e as que jogam com azedas às escondidas
a todas as raivas e amores sem norte nem rumo
a todos os desamores e desassossegos
a todas as mentiras, traições e ameaças
agradeço terem-me feito sentir ainda mais eu
a todas as viagens pagas para que outros tivessem mesada
certa
a todas as mentiras, ilusões ou desilusões
estou profunda e sinceramente grata
pois vi melhor que a vida é mais surpreendente que qualquer
romance
Quero agradecer os insultos e a violência
Os desaforos de alguns, feitos heróis nacionais
Cumprimento a grosseria, os mentirosos ou manipuladores
pois fizeram-me dar redobrado valor à educação e lealdade de
tantos mais
Sou grata à vida, pois sei que a quem se entrega à ingrata brutalidade
dos vendavais
ficará sempre e simplesmente entregue a si só!»
F.B.
Nenhum comentário:
Postar um comentário