sexta-feira, novembro 21
Apenas vou descansar .... nada me digam, nada me perguntem
Até quando o dia se sobreporá à noite?
Até quando o cansaço não nos vencerá?
Trilhos, caminhos, tantos ainda a palmilhar
E o pensamento que não consegue sossego
Tanto queria dormir
apenas os olhos cerrar ....
Olho o Tejo, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando -
O que é ser-rio e correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco -
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo - eu e o mundo em redor -
Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser, ideia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus.
E súbito encontro Deus.
Fernando Pessoa, Ficções de Interlúdio
terça-feira, novembro 18
O silêncio (reed. 2009)
Por vezes há que calar a voz
pedir às mãos que esqueçam como se costuram palavras
suplicar ao vale que nada diga
apenas ouvir o silêncio, acreditar no Segredo
Por vezes o claro tem que se separar do escuro
sem condescendência à penumbra
fica o peito sem poder gritar
mas certamente haverá um murmúrio que vai fazer-se escutar.
Há momentos, é verdade,
que há apenas que ser-se Sol e Luar.
É o tempo do silêncio e das decisões!
Urge soletrar baixinho, letra a letra, até que a PALAVRA se faça parir
É o tempo do silêncio e das decisões!
Urge soletrar baixinho, letra a letra, até que a PALAVRA se faça parir
terça-feira, novembro 11
As castanhas (a partir de 11.11.09)
Em conformidade o que a etnologia aceita, o Magusto dos Santos parece ser uma reminiscência de antiquíssimos rituais fúnebres pagãos, durante os quais se faziam oferendas em géneros alimentares às almas dos mortos.
A importância de S. Martinho associado à festa popular das castanhas e como patrono do vinho e dos bêbados cresceu de tal modo que quase ocupou a agenda festivo ligada aos magustos, relegando para plano secundário todas as outras tradições e santinhos desta época, designadamente o dia de Todos-os-Santos.
Conhecida a sua utilização desde a Pré-História, pelo seu valor calórico, as castanhas foram muito utilizadas no período romano, guardadas em mel, e, na Idade Média até à introdução da batata e do milho na dieta alimentar, nos séculos XV-XVI, foram a par da bolota as grandes bases da dieta alimentar no mundo Ocidental. ao ponto de se comerem mais do que pão.
A castanha encerra o sentido simbólico do ciclo do Outono, sendo o dia de S. Martinho o dia em que se prova o vinho novo que "amadurecerá ou envelhecerá" durante o Inverno.
No dia de Santos o magusto continua a ser tradição, funcionando a fogueira para fazer as castanhas e aquecer as mãos.
A castanha, que se desenvolve dentro de um ouriço, provém do castanheiro, árvore que simboliza a longevidade e a perenidade.
«No dia de S. Martinho, há fogueiras, castanhas e vinho».
Que este dia represente um ciclo novo para quem tem páginas para virar ...
...
Imagem: Wikipédia
Para conhecer a «Festa do Castanheiro - Feira da Castanha» em Marvão, poderá consultar:
O dia de S. Martinho (reed. 11.11.09)
Fot. http://smatinho.blogspot.com/
«SSão «S. Martinho é festejado a 11 de Novembro, dia em que por tradição se prova o vinho novo, pois São Martinho é pretexto para molhar a goela. Reza a tradição algarvia que em 383, São Martinho de Tours, solicitou ao imperador Máximo ajuda material para a construção de um convento. Foi bem recebido pelo imperador e participou num banquete com os membros da corte. No banquete bebeu-se em demasia e foram tantas as bebedeiras que o banquete foi desde logo, classificado como martinhada. Segundo consta, esta terá sido a origem de São Martinho ser o patrono dos bêbados, embora nada permita afirmar que tenha sido daqueles que se excederam na bebida». in http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.pt/2011/11/dia-de-sao-martinho.html
Para além da história do Santo, sepultado em Tours no século IV, motivo pelo que se tornou um dos santos mais populares em França, há um conjunto de informações sobre a efeméride, passando a citar alguns dos Provérbios de S. Martinho e de castanhas que aí encontrei. Mas há mais! Parabéns ao Município de Mirandela por disponibilizar esta informação.
Relembro ainda o que nos dizia Alfredo Saramago:
A segunda coisa que Noé fez, com pé em terra, foi plantar uma vinha e quando os frutos das suas vides amadureceram e fermentaram, bebeu, e bebeu tanto que apanhou uma bebedeira mais que histórica, agarrou uma bebedeira bíblica. O patriarca guardou o vinho só para si, evitando qualquer libação ritual, ou qualquer oferenda, porque para a ira do Criador já tinha dado e, além disso, é fácil concluir que as relações entre Senhor e servo não seriam as melhores, propensas a qualquer partilha, com tanta privação e tanta prova de água. A Bíblia é compreensiva em relação à bebedeira de Noé, não o condena, apenas narra o que se passou.
Alfredo Saramago, Os Prazeres de Alfredo Saramago
in Diário 2008, Assírio & Alvim
Sobre o Santo e tradições em seu redor, o etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) afirma o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros. vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)
cit. in http://smartinho.blogspot.com
E passarei a citar alguns dos ditados sobre o magusto e as castanhas, recomendando a consulta do site http://www.cm-mirandela.pt.
- A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.
- Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.
- Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.
- No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
- No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
- No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho.
- No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e
prova o teu vinho.
- Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.
- Pelo S. Martinho castanhas assadas, pão e vinho.
- Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
- Pelo S. Martinho, nem nado nem no cabacinho.
- Por São Martinho, semeia fava e linho.
- Por São Martinho – nem favas nem vinho.
- Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já não te faz dano.
- O Sete-Estrelo pelo S. Martinho, vai de bordo a bordinho; à meia-noite está a pino.
- São Martinho, bispo; São Martinho, papa; S. Martinho rapa.
- Se o Inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
- Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
- Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho.
- Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.
- Vindima em Outubro que o S. Martinho to dirá.
- Castanhas boas e vinho fazem as delícias do S. Martinho.
- A castanha e o besugo em Fevereiro não têm sumo.
- A castanha em Agosto a arder e em Setembro a beber.
- A castanha excita o coito e alimenta muito.
- A castanha tem três capas de Inverno: a primeira mete medo, a segunda
é lustrosa e a terceira é amarga.
- A castanha tem uma manha: vai com quem a apanha.
- A castanha veste três camisas: uma de tormentos, outra de estopa e outra de linho.
- A castanha amarela em Agosto tem a tinta no rosto.
- A noz e a castanha é de quem a apanha.
- Andam os castanheiros ao boi!...
- Ao assar as castanhas, as que estouram são as mentiras dos presentes.
- Arreganha-te, castanha, que amanhã é o teu dia.
- As castanhas apanham-se quando caem.
- As castanhas para o caniço e o boneco para o porco.
- As folecas indicam o sexo de criança ou animal que vai nascer.
- Assentar-lhe uma castanha.
- As folhas de castanheiro andam sete anos na terra e depois ainda voam.
- A oliveira e ao castanheiro todos os anos mochadeiro.
- Cada mocho ao seu souto.
- Carregadinho de castanha, vai o burrinho para Idanha.
- Castanha assada, pouco vale ou nada, a não ser untada.
- Castanha bichosa, castanha amargosa.
- Castanha cacaforra, nem a dês aos porcos.
- Castanha peluda, castanha reboluda.
- Castanha perdida, castanha nascida.
- Castanha que está no caminho é do vizinho.
- Castanha quente só com aguardente, comida com água fria causa «azedia»
- Castanha semeada, p´ra nascer, arrebenta.
- Castanhas caídas, velhas ao souto.
- Castanha do Maranhão, e escolher se vão.
- Castanhas do Marão, a escolher se vão.
- Castanhas do Natal sabem bem e partem-se mal.
- Castanhas enchidas, velhas ao souto.
- Castanhas idas, velhas pelos soutos.
- Castanheiro para a tua casa, corta-o em Janeiro.
- Com castanhas assadas e sardinhas salgadas não há ruim vinho.
- Crescem os reboleiros, morrem os castanheiros.
- Cruas, assadas, cozidas ou engroladas, com todas as manhas,
bem boas são as castanhas.
- Dá-me castanhas, dar-te-ei banhas.
- De bom castanheiro, boa acha.
- De bom castanheiro, bom madeiro.
- De castanha em castanha (roubando) se faz a má manha.
- De castanhas um palmo.
- De castanheiro caído todos fazem lenha.
- Desde que a castanha estoira, leve o diabo o que ela tem dentro.
- Dia de Santo António vêm dormir as castanhas aos castanheiros.
- Do castanho ao cerejo, mal me vejo.
- Do cerejal ao castanhal, bem vai, o pior é do castanhal ao cerejal.
- Do cerejo ao castanho, bem eu me amanho.
- Do cerejo ao castanho, bem me avenho.
- Em Agosto deve o milho ferver no caroço e a castanha no ouriço.
- Em alheio souto, um pau ou outro.
- Em ano de muito ouriço não faças caniço.
- Em Maio comem-se as castanhas ao borralho.
- Em minguante de Janeiro, corta o teu castanheiro.
- Em Setembro, antes de chover, o souto o arado quer ver.
- Estalar a castanha na boca.
- Folha amarela do castanheiro cai ao chão.
- Lenha de castinceira, má de fumo, boa de madeira.
- Mais vale castanheiro, que saco de dinheiro.
- No dia de São Julião, quem não assar um magusto não é cristão.
- O amor é como o raminho do souto, vai-se um, vem outro.
- O castanheiro, para plantar, precisa ir na mão, o carvalho às costas
e o sobreiro no carro.
- O Céu é de quem o ganha e a castanha de quem a apanha.
- Oliveira do meu avô, castanheiro do meu pai e vinha minha.
- O ouriço abriu, a castanha caiu.
- Os ouriços no São João são do tamanho de um botão.
- Ouriço raro, castanha ao carro.
- Pelo São Francisco, castanhas como cisco.
- Pinheiro cortado em Janeiro, vale por castanheiro.
- Planta o souto, quando cai a folha ao outro.
- Por souto não irás atrás do outro.
- Quando gear, o ouriço vai buscar.
- Quando o lobo come outro, fome há no souto.
- Quando o sol aperta, o ouriço arreganha.
- Quebrar a castanha na boca.
- Quebrar a castanha no dente.
- Quem castanhas come, madeira consome.
- Quem não sabe manhas, não come castanhas.
- Queres castanhas? Larga-a o burro tamanhas.
- Raiz de castanheiro, dá «bô» braseiro.
- Sacar as castanhas do lume com mão alheia.
- Senhoria de Itália, dom de Espanha, não valem uma castanha.
- Sete castanhas são um palmo de pão.
- Sete castanhas fazem no estômago um palmo de pau.
- Soitos do pai e olival do avô.
- Temporã é a castanha, que em Agosto arreganha.
- Tirar a castanha do fogo com a mão do gato.
Adivinhas sobre a castanha:
Alto cavaleiro
Quando lhe dá a risa
Cai-lhe o dinheiro?
Qual é a coisa, qual é ela,
Que é macho e dá fêmeas?
O meu fruto é mais doce,
Que o milho fabricado
Todos o comem com gosto
Cru, cozido ou assado?
Tenho camisa e casaco
Sem remendo nem buraco
Estoiro como um foguete
Se alguém no lume me mete.
Jorge Lage
jorgelage@portugalmail.com – 18NOV2007
segunda-feira, novembro 3
Dos silêncios e dos gritos
A todas as mulheres (ou homens) que sofreram violência.
Ela acordara novamente com dores de dentes. Com a sensação de não ter dormido, senão por horas e em sobressaltos.
Lembrara os anos em que não tinha direito a que lhe desejassem «Bom Natal»; «Feliz Ano Novo» e muito menos que lhe dessem os parabéns. E que lhe diziam que estava tanta coisa mal feita ou imperfeita.
Sonhava acordada com os momentos que inventava sozinha para se sentir, mesmo assim, feliz, esquecendo insultos, mentiras, omissões e traições. Usando as letras para escrever histórias.
Ela acordava, julgando ter ouvido o telefone tocar e as palavras suaves que desejaria escutar.
Descobria, nessas alturas, que tinha estado a sonhar. Porque o real era bem outro: eram as culpas de tudo e de nada; do trabalho se ele pudesse brilhar; dos amores que tinham existido e dos amantes que nunca tinham sido reais; dos fascínios a que jamais se tinha rendido. Isto misturando-se com estranhas palavras «mas ninguém te amará como eu».
E ela quase queria acreditar naquele bizarro amor.
E depois ficava o silêncio soturno e castigador.
Mas ela continuava sempre, mesmo quando revia tudo isso, todos os dias; todas as noites, tentando ainda entender.
E recordava também o dia/os dias, em que o seu corpo tinha sido um saco de boxe, onde se abateram fúrias que nem hoje conseguia explicar.
Lembrava-se sentada num sofá a chorar convulsivamente, perguntando: merecia eu isto? Uma faca brilhava numa mesa e rodou, dando voltas a si mesma, sob o movimento controlado de um dedo.
Apenas ouviu uns sons, «és capaz de te calar, ou queres continuar a falar». Sim, calou-se, e muda ficou por uns dias mais...
Até que acordou realmente. Esqueceu os dentes que doíam, as manchas escuras que haviam ficado na pele; as insónias.
Nesse dia gritou, tanto e tão alto que o seu grito atravessou o mar. E disse: nenhuma espécie de prisão é superior a mim.
Virou as costas. Guardou as forças da revolta agora transformadas numa enorme serenidade e continuou mais decidida do que nunca.
Sabia que seria feliz! Porque ia apenas sossegar.
Ela acordara novamente com dores de dentes. Com a sensação de não ter dormido, senão por horas e em sobressaltos.
Lembrara os anos em que não tinha direito a que lhe desejassem «Bom Natal»; «Feliz Ano Novo» e muito menos que lhe dessem os parabéns. E que lhe diziam que estava tanta coisa mal feita ou imperfeita.
Sonhava acordada com os momentos que inventava sozinha para se sentir, mesmo assim, feliz, esquecendo insultos, mentiras, omissões e traições. Usando as letras para escrever histórias.
Ela acordava, julgando ter ouvido o telefone tocar e as palavras suaves que desejaria escutar.
Descobria, nessas alturas, que tinha estado a sonhar. Porque o real era bem outro: eram as culpas de tudo e de nada; do trabalho se ele pudesse brilhar; dos amores que tinham existido e dos amantes que nunca tinham sido reais; dos fascínios a que jamais se tinha rendido. Isto misturando-se com estranhas palavras «mas ninguém te amará como eu».
E ela quase queria acreditar naquele bizarro amor.
E depois ficava o silêncio soturno e castigador.
Mas ela continuava sempre, mesmo quando revia tudo isso, todos os dias; todas as noites, tentando ainda entender.
E recordava também o dia/os dias, em que o seu corpo tinha sido um saco de boxe, onde se abateram fúrias que nem hoje conseguia explicar.
Lembrava-se sentada num sofá a chorar convulsivamente, perguntando: merecia eu isto? Uma faca brilhava numa mesa e rodou, dando voltas a si mesma, sob o movimento controlado de um dedo.
Apenas ouviu uns sons, «és capaz de te calar, ou queres continuar a falar». Sim, calou-se, e muda ficou por uns dias mais...
Até que acordou realmente. Esqueceu os dentes que doíam, as manchas escuras que haviam ficado na pele; as insónias.
Nesse dia gritou, tanto e tão alto que o seu grito atravessou o mar. E disse: nenhuma espécie de prisão é superior a mim.
Virou as costas. Guardou as forças da revolta agora transformadas numa enorme serenidade e continuou mais decidida do que nunca.
Sabia que seria feliz! Porque ia apenas sossegar.
Pensamentos soltos ...
“Caí em meu patético
período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus
igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou
educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este
é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser
bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta
espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles
são broncos demais para perceber que não estou mais ali”.
Charles Bukowski (1920-1994)
Charles Bukowski (1920-1994)
Hoje, andando o vendaval quase à solta, venho aqui agradecer
publicamente a grandeza com que a vida me brindou, até com “copinhos de
espumante” de início do ano, aproveitando para dar a conhecer um texto de dia
de temporal:
« a todas as mensagens sem nome
a todas que têm nome, nem que seja disfarçado
as que me lembraram as tristes roque que não dançam rock
e as que jogam com azedas às escondidas
a todas as raivas e amores sem norte nem rumo
a todos os desamores e desassossegos
a todas as mentiras, traições e ameaças
agradeço terem-me feito sentir ainda mais eu
a todas as viagens pagas para que outros tivessem mesada
certa
a todas as mentiras, ilusões ou desilusões
estou profunda e sinceramente grata
pois vi melhor que a vida é mais surpreendente que qualquer
romance
Quero agradecer os insultos e a violência
Os desaforos de alguns, feitos heróis nacionais
Cumprimento a grosseria, os mentirosos ou manipuladores
pois fizeram-me dar redobrado valor à educação e lealdade de
tantos mais
Sou grata à vida, pois sei que a quem se entrega à ingrata brutalidade
dos vendavais
ficará sempre e simplesmente entregue a si só!»
F.B.
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