quinta-feira, outubro 29
À Cristina Duarte e à sua «Cidade das Mulheres», entre tantas coisas mais
A Cristina Duarte tem humor como poucas pessoas conheci, o humor de quem usa a inteligência para rir.
Hoje,por tudo o que ela é, mando-lhe um grande abraço de parabéns, pois com ela não vou poder estar.
De presente vai um poema da "nossa" Ana Hatherly.
Fotografia de tatuagem:
Eduarda Abbondanza
quarta-feira, outubro 28
La Lucente Spada
terça-feira, outubro 27
Véus
segunda-feira, outubro 26
Ainda o livro de José d'Encarnação «Paisagens da Antiguidade»
A propósito do trabalho do epigrafista ...
«Pois que significa acreditar? Se eu acredito que o Verão faz amadurecer a cevada, nada afirmo que seja fértil ou criticável, dado que, à partida, eu designei por Verão a estação em que a cevada amadurece. E o mesmo sucederia com outras estações do ano. Mas se eu tiro daí conclusões acerca das relações entre as estações, como essa de saber que a cevada amadurece antes da aveia, eu acreditei nessas relações, atendendo a que elas existem. De pouco me importam os objectos relacionados: apenas deles me servi como se se tratasse de uma rede para apanhar uma presa» - escreveu Saint-Exupéry.
Acreditar nas relações a partir do momento em que elas se tornam evidentes. E essas relações que são factos - «a cevada amadurece antes da aveia» - servem-nos para ir mais além, descobrir outras relações, o tal «fio para apanhar uma presa» ...
O importante, por isso, é observar com atenção, detectar exactamente as relações - para que não haja erro, depois, na confecção da rede, com a consequente perda da oportunidade em «apanhar a presa».
Ainda noutro capítulo designado «Utilidade e outros saberes» que José d'Encarnação dedica ao estudo de lucernas romanas , o autor dedica-se ao uso desse produto dos deuses, o azeite, esse elemento da triologia mediterrânica, nas candeias referindo-se-lhe da seguinte forma:
«Havia sombras bailando nas paredes, que bruxuleante era a chama. Espalhava-se pela estância um cheiro forte a azeite ardendo.
Discutia-se, quiçá, à boca da noite, a vindima por fazer, a fruta que medrava nos pomares, o granizo que tudo deitara a perder, a alegria do filho já para vir....
Noite mais adiantada - o luar nem ousaria intrometer-se!... - seria discreta a lucerna que ensinara posições e acariciava, quente, a ternura dos amantes ...
Assim.
Ontem como hoje. Ontem e hoje».
José d'Encarnação, Paisagens da Antiguidade
Reitero, esta é uma obra a reter.
Trata-se de um livros mais poéticos que li a propósito de temas que, para o comum dos mortais, se poderiam tornar áridos, pois é dedicado ao valor das palavras e das representações em vestígios arqueológicos, como epígrafes, lucernas, numismas, através do estudo de vários investigadores.
...
E hoje, porque a semana de trabalho está a começar, vou rumar a ouras paisagens:
http://mirobrigaeoalentejo.blogspot.com/
«Pois que significa acreditar? Se eu acredito que o Verão faz amadurecer a cevada, nada afirmo que seja fértil ou criticável, dado que, à partida, eu designei por Verão a estação em que a cevada amadurece. E o mesmo sucederia com outras estações do ano. Mas se eu tiro daí conclusões acerca das relações entre as estações, como essa de saber que a cevada amadurece antes da aveia, eu acreditei nessas relações, atendendo a que elas existem. De pouco me importam os objectos relacionados: apenas deles me servi como se se tratasse de uma rede para apanhar uma presa» - escreveu Saint-Exupéry.
Acreditar nas relações a partir do momento em que elas se tornam evidentes. E essas relações que são factos - «a cevada amadurece antes da aveia» - servem-nos para ir mais além, descobrir outras relações, o tal «fio para apanhar uma presa» ...
O importante, por isso, é observar com atenção, detectar exactamente as relações - para que não haja erro, depois, na confecção da rede, com a consequente perda da oportunidade em «apanhar a presa».
Ainda noutro capítulo designado «Utilidade e outros saberes» que José d'Encarnação dedica ao estudo de lucernas romanas , o autor dedica-se ao uso desse produto dos deuses, o azeite, esse elemento da triologia mediterrânica, nas candeias referindo-se-lhe da seguinte forma:
«Havia sombras bailando nas paredes, que bruxuleante era a chama. Espalhava-se pela estância um cheiro forte a azeite ardendo.
Discutia-se, quiçá, à boca da noite, a vindima por fazer, a fruta que medrava nos pomares, o granizo que tudo deitara a perder, a alegria do filho já para vir....
Noite mais adiantada - o luar nem ousaria intrometer-se!... - seria discreta a lucerna que ensinara posições e acariciava, quente, a ternura dos amantes ...
Assim.
Ontem como hoje. Ontem e hoje».
José d'Encarnação, Paisagens da Antiguidade
Reitero, esta é uma obra a reter.
Trata-se de um livros mais poéticos que li a propósito de temas que, para o comum dos mortais, se poderiam tornar áridos, pois é dedicado ao valor das palavras e das representações em vestígios arqueológicos, como epígrafes, lucernas, numismas, através do estudo de vários investigadores.
...
E hoje, porque a semana de trabalho está a começar, vou rumar a ouras paisagens:
http://mirobrigaeoalentejo.blogspot.com/
domingo, outubro 25
E o Domingo é para ... descansar!
A um Peixe que se vai dando por terras altas o meu Domingo de sossego...
Dá-me um sorriso ao domingo.
Para à segunda eu lembrar.
Bem sabes: sempre te sigo
E não é preciso andar.
(...)
Duas horas te esperei.
Duas mais te esperaria
Se gostas de mim não sei ...
Algum dia há-de ser dia ...
(...)
Vai longe, na serra alta,
A nuvem que nela toca ...
Dá-me aquilo que me falta -
Os beijos da tua boca
(...)
Tiraste o linho da arca,
Da arca tiraste o linho.
Meu coração tem a marca
Que lhe pusesre mansinho.
(...)
Quadras Populares, Fernando Pessoa
sexta-feira, outubro 23
quinta-feira, outubro 22
quarta-feira, outubro 21
Amália Rodrigues: "Coração Independente" ...
terça-feira, outubro 20
Amanheceu a chover ...
segunda-feira, outubro 19
Para conhecer melhor a Lisboa de Setecentos e das Luzes ...
sexta-feira, outubro 16
Da esfera do público e do privado ... I
Muitas vezes me tenho questionado sobre continuar este blogue ou não, uma vez que, tal como já o afirmei noutras ocasiões, foi concebido exactamente para ser como que uma espécie de "caderno de campo" com apontamentos, reflexões, sensações, emoções, partilhando experiências, conhecimentos ou vivências.
Obviamente, ao ser concebido assim, não só não é fácil injectá-lo continuadamente com assuntos, temas ou experiências de interesse particular, pois o tempo não é todo o do mundo, e a imaginação e paciência também se esgotam ...
E, não obstante, é necessário manter (ou alterar, claro está) um conceito e dar-lhe conteúdos.
Tenho consciência e partilho da ideia que qualquer pessoa, em qualquer esfera da vida se expõe, quer em casa, onde também há fortes "mecanismos de representação ou de expectativa", na rua, no bairro, onde vizinhas observam atentas (ou não), no trabalho, onde os nossos pares são também os nossos "juízes" ou conselheiros, enfim ... em qualquer lugar, porque, efectivamente, só não se expõe quem não vive, quem não faz ou não sente.
Claro está que também num blogue!
Entra-se aqui, portanto, numa outra esfera mais difícil de definir e ainda mais de separar, que é a esfera do "público" e privado a que as pessoas denominam "privacidade".
Afinal de contas onde começa a "intimidade" e a nossa vida pública?
No trabalho?
Na blogosfera?
Em casa?
No nosso quarto, onde nem sempre podemos ler até à hora que nos apetece?
No sofá que, por vezes, partilhamos, mesmo quando nos apetece estar sós?
No momento em que nos respeitam ou devassam mails ou msn?
No momento em que descalçamos os sapatos ou tiramos a roupa com que chegámos da rua?
No momento em que socialmente nos mostramos serenos, como convém, ou em fases de convulsão?
Na fachada da casa, ou naquilo a que se chama o "dentro e fora" daquela porta?
Nas festas de Natal, da Páscoa ou do Carnaval?
Curiosamente, muitos dos analistas deste tema acabam por aceitar que há uma constante no Mundo Ocidental. Que a noção de privacidade ainda se continua a conotar genericamente com a sexualidade, pois a sociedade ainda a considera um tabu, algo de que não se pode publicamente falar, até porque sobre esse tabu assenta ainda uma representação moral, onde "tudo se pode passar" desde que desse "tudo" não se possa falar.
Não sei definir essa noção, confesso, a da "privacidade", pois também a ela se vai associando gradualmente a ideia de que é o "espaço físico ou psicológico" onde estamos livres de qualquer poder. Difícil discussão ...
Uma coisa sei, continuarei o meu "caderno de apontamentos" ciente que, mais do que tudo, o que pode ajudar a construir a privacidade, como pilar da individualidade, é o respeito ao direito de ser igual ou diferente. E que ela se constrói por empatias, mas também por oposições.
É também o lugar de conseguirmos estar sós!
Faço um repto aos meus leitores e comentadores ... ajudem-me a responder onde começa a privacidade de quem faz e a de quem lê?
Eu, entretanto, cá voltarei, ao ritmo que posso e me aprouver, pois nada vez que aqui venho escrever quem aprende sou eu, desejando que desse sentimento partilhem, pelo menos, os a quem o este meu Luar dediquei.
Agora vem aí o fim-de-semana que é para descansar ...
quinta-feira, outubro 15
Para ti Mariana, porque foi exactamente agora ... há dez anos atrás
Se pudesse oferecia-te o Mundo, um palácio, um circo só para ti!
Mas não, apenas te posso oferecer o que sou, como posso e sei.
Também este Luar que também foi feito para ti.
E uma janela aberta para que o Mundo aprendas a olhar.
quarta-feira, outubro 14
China em Lisboa ...
Deixo os mundos o das
palavras e o mundo
dos sinais que são os seres reais
confundirem-se
no meu presente dúbio procurando
para o poema um tema talvez desnecessário
Do meu tempo farão a chave procurada
a resposta que busco à confusão mortal
da língua que de ti e das coisas se afasta
Pedes a chave real para voltar à casa
e o nada
como nuvem envolve a tua fala.
"Chave", Rua de Portugal, Gastão Cruz
terça-feira, outubro 13
Conhece a UMAR e o seu portal?
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