quarta-feira, janeiro 6

mãos (reeditado)




Há coisas que só a morte mata
nem a ameaça, ou a prisão as poderão amordaçar
só pelas nossas mãos poderão morrer,
cicuta sorvida em áureo cálice,
o veneno letal ...

Nunca se toma cicuta pelas mãos dos outros,
ou talvez, quem sabe?
na cobardia de quem a não sabe beber,
mas que a serve fria e cruel

Há coisas que se tiverem que morrer
é por dentro delas próprias, de nós
corroídas até às entranhas numa dor mortal
(porque tudo tem morte afinal ...)




Continuando a cantar o Eterno
e o Belo que nele residirá...

Porque o Eterno, esse, não morre
anunciadas que são as sentenças, no exterior de nós!

4 comentários:

Paulo Percheiro disse...

sabes apesar da idade (45), sinto que vou renascer e quero-te ao meu lado..........
bj

A Lusitânia disse...

Um dia gostava que estes comentários tivessem uma «paragem» qualquer para eu poder espreitar. Do outro lado do mundo, do outro lado do mar. Por ora, vão dar a uma paisagem (Paragem) onde mora o eclipse da Lua ou do Sol!

Anônimo disse...

Mãos erguidas, fechadas, abertas, feridas, enluvadas, nuas, profanas secas,molhadas, sagradas, alegres, majestosas, lindas, feias, carnudas, pequenas, grandes, esquias, abençoadas, enrugadas,benzidas, ouvintes, pedintes, arrogantes, implorantes, divinas, que falam, acariciam, alimentam, atraem, repelem, abraçam, matam, redimem, mãos... que tapam o rosto da bela adormecida.
Um abraço.
daniel

A Lusitânia disse...

e com as mãos se pode tapar a boca de espanto
ou afagar o rosto quando escorrem as lágrimas.

Por vezes é necessário fazer a arqueologia do que julgámos ter construído com as nossas mãos, para que tudo tenha finalmente um sentido!