Para a Luísa Amaral, pela carta que gostaria de lhe ter escrito hoje e que não consegui. Mas sei que esta é para ela, de Grândola, em 1985. Embora um pouco elegível, ela entenderá. E sei que nem o Tempo nos afastou. «Quero acordar! Preciso acordar. Um café tomado à pressa. - Tenho que reagir a esta tremura, não posso deixar que os sonhos da noite me continuem a habitar o dia. Decididamente tenho que acordar. A rádio informa com um tom distante "Hoje é dia da Mulher". Poderia dizer dia do deficiente, da música, do pai ou dos namorados. Tanto faz. E eu fico a pensar - de que mulher estão a falar? ...Mas calo. Afinal o dia está de Primavera e se pudesse cobrir-me-ia de vestidos cor do dia e faria uma festa de grinaldas de flores frescas no cabelo e nas mãos. Mulher, sim. Hoje e amanhã». |
segunda-feira, março 4
À Luísa Amaral
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