E sabíamos todos que a hora
era chegada e tudo em volta
escurecia,
...
e que, em Port-Aven,
era chegado o tempo da colheita
e os campos estavam todos amarelos.
...
E aconteceu que as mulheres da Bretanha
ajoelharam,
e vinha eu no caminho
e via a luz,
...
e os meus olhos cegaram para que visse
a roda do matírio
e o escárnio.
...
E aconteceu que as cores se saturaram,
e a paleta recebeu,
vindas do céu,
as cores
...
e eu enchi a tela de perguntas
e, pelo esplendor,
atirei-me ao chão
e em mim senti um som sombrio.
...
E vi, então, que as mulheres
choravam
e que os homens não se compadeciam
de quem sofria.
...
e tudo tinha um brilho
esplêndido,
um brilho sobrenatural,
à minha volta
...
E aconteceu que se ouviu cantar o galo
e que toda a terra se abriu para aquele brilho.
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Amadeu Baptista, Paul Gaugin: O Cristo Amarelo
Um comentário:
este poema é tão lindo que é de ir às lágrimas. obrigada (a quem o escreveu) e a quem aqui o afixou :)
beijo de bom fim de semana
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