quarta-feira, dezembro 30
O balanço de um ano ...
O que é um ano?
Foi o que se leu, se aprendeu? O que se escreveu ou o que se ouviu? O que se amou ou o que se sofreu? Aquilo a que brindámos ou o que nos esquecemos de festejar? Foi o que viajámos ou o que quietos conhecemos? Sentir o luar ou ver as marés? Foi o sonhar ou o acordar? As mãos que não nos deram ou as que nos aqueceram?
Quem sabe foi a rosa com que nos tocaram ...
Um ano é isso: o tempo, o nosso tempo, onde tudo pode acontecer.
E, até ao último dia, o dia, o ano são nossos.
Para vós ficou este meu Luar.
Que venha um 2010 recheado de tudo o que desejarem, porque os anos também vivem do Alento que lhes saibamos dar!
segunda-feira, dezembro 28
Vários, O Vinho e as Rosas
Embora tenha o sol para me alumiar
e a lua e as estrelas depois do sol se pôr
sem a luz dos teus olhos negros
é sempre negra a noite em meu redor.
Bhartrhari, Índia, Século V
in O Vinho e as Rosas
Um amigo meu, homem superior, considera que a eternidade é uma manhã e dez mil anos um simples abrir e fechar de olhos. O sol e a chuva são janelas de sua casa. Os oito pontos cardeais as suas avenidas.
(...)
Lieu Ling, China, Século III
in O Vinho e as Rosas
Passaria cem anos nesta montanha
sem pensar no regresso. Cem anos de embriaguez
Gostaria de dançar com as minhas mangas
roçar todas as copas dos pinheiros de uma só vez
Li Bai, China, Século VIII
in O Vinho e as Rosas
Assírio & Alvim
Porque não desmontas do cavalo e bebes um copo?
Desiludido retiras-te para as montanhas do sul
Não tenho mais perguntas. Podes partir
Nuvens brancas se arrastam no céu azul
Wang Wei, China, Século VIII
in O Vinho e as Rosas
A raiz e o ramo
«Não vejo razão para assim mostrares
os olhos zangados.
Será porque há outras que olham meus olhos
e gostam de mim?
Devias saber que o vento ao soprar
os ramos agita
mas seja quem for, só com enxada
arranca a raiz».
Galês, tradição oral (Século XVII)
in O Imenso Adeus - Poemas celtas de amor, cit in Diário 2008, Assírio & Alvim
os olhos zangados.
Será porque há outras que olham meus olhos
e gostam de mim?
Devias saber que o vento ao soprar
os ramos agita
mas seja quem for, só com enxada
arranca a raiz».
Galês, tradição oral (Século XVII)
in O Imenso Adeus - Poemas celtas de amor, cit in Diário 2008, Assírio & Alvim
Poemas Ameríndios ...
Pouca é a distância entre a vida e a morte
O caminho - ponte entre o mundo de baixo
e o azul celeste -
é mais curto que o caminho daqui até lá baixo.
O mesmo que entre a vida e a morte.
Poemas Ameríndios
(mudados para Português por Herberto Helder,
Poemário 2009, Assírio & Alvim)
Amor-próprio (reed Julho)
Sem o amor-próprio nenhuma vida é possível, nem sequer a mais leve decisão, só desespero e rigidez.
Uma certa vaidade transcendente e delicada é um elemento sem o qual não poderíamos viver. Como um espelho curvo, ele pinta-nos um universo cujo centro animador somos nós próprios; sem ela, sentimo-lo, a nós próprios nos precipitaríamos nas trevas, onde o mundo já não existe.
Uma certa vaidade transcendente e delicada é um elemento sem o qual não poderíamos viver. Como um espelho curvo, ele pinta-nos um universo cujo centro animador somos nós próprios; sem ela, sentimo-lo, a nós próprios nos precipitaríamos nas trevas, onde o mundo já não existe.
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Hugo von Hofmannsthal, Livro dos Amigos
Hugo von Hofmannsthal, Livro dos Amigos
sexta-feira, dezembro 25
quinta-feira, dezembro 24
Deixe a noite de Natal cair em paz ...
De mansinho ... silenciar, parar, olhar ... sem som, sem ruído.
Devagar, no ar, chegará a rena da Lapónia que te segredará: olha o que o Pai Natal trouxe para ti: esta Luz especial .... guarda-a sempre no teu olhar!
....
E mais sei que com ela o coração de gelo do menino da "Rainha das Neves" acabará por voltar a bater, pois o calor o derreterá.
...
BOM NATAL a todos e em especial para os que, estando sós, em casa, na rua ou noutros lugares, o conseguem inventar.
A rena chegará, certa estou. Basta saber esperar e ouvir em silêncio.
quarta-feira, dezembro 23
terça-feira, dezembro 22
Ora vamos lá inventar o Natal???
Dar cor e calor à casa ... misturar um sorriso;
1ª e 2ªas Imagens: Deus Mitra, Google
Abrir um Borba e fingir que se gosta de bacalhau!
...
Mas, sim, isso sim, tentar ouvir o galo cantar, pois à meia-noite em ponto ele começará a anunciar que Nova Época começou, a de Jesus de Nazaré, mas também do deus Mitra, de origem Persa, que os soldados de Roma expandiram, e que sendo a divindade da Luz foi associada ao Sol e que fará a sua caminhada em direcção ao Céu após o sacrificar o touro primogénito ....
....
Mas hoje o Solstício de Inverno já à porta nos bateu ... e há que o comemorar.
1ª e 2ªas Imagens: Deus Mitra, Google
Entretanto a todos desejo um BOM NATAL ...
Prometeu Agrilhoado, Ésquilo
Prometeu:
Eu vos invoco, ó ar divino, ó ventos de asas velozes, ó nascentes dos raios! Eu te invoco, ó Terra, mãe de tudo! Eu te invoco, olho omnipresente do Sol! Olhai que padecimentos um deus recebe dos deuses. Vede os ultrajes que me afligirão por infinitos tempos. O novo senhor do Olimpo inventou para mim estas aviltantes cadeias. Ah!, choro as desgraças presentes e as que hão-de vir ... se porventura chegar o fim dos tormentos. Mas que estou a dizer? Nítido, diante dos meus olhos, vejo todo o futuro. Nenhum mal irá colher-me de surpresa. Tenho que suportar docilmente o meu destino, pois reconheço inelutável a força da Necessidade. Não posso calar nem deixar de calar as minhas penas. Infeliz de mim que, por um dom feito aos humanos mortais, me debato no meio destas torturas (...). Num ramo seco, furtivamente levei a nascente do fogo, mestra de todas as artes, maravilhoso dom para o homem. Agora, aqui estou pagando as penas de tal culpa, agrilhoado sob este céu aberto. Ah! Ah!
Que som, que fragância, chegam invisíveis até mim? São de deuses, de semideuses ou humanos seres? Quem vem contemplar os meus tormentos nos cimos deste remoto penhasco? Quem me quer ver assim amarrado, eu um deus miserável, inimigo de Zeus, caído sob o rancor de todos os deuses, de quantos frequentam a morada de Zeus, por ter cometido um excesso de filantropia? Ah! Ah! Que aves são estas que oiço agitarem-se à minha volta. O ar vibra com as pancadas das suas asas. Enche-me de terror tudo o que de mim se aproxima.
Prometeu Agrilhoado
Eu vos invoco, ó ar divino, ó ventos de asas velozes, ó nascentes dos raios! Eu te invoco, ó Terra, mãe de tudo! Eu te invoco, olho omnipresente do Sol! Olhai que padecimentos um deus recebe dos deuses. Vede os ultrajes que me afligirão por infinitos tempos. O novo senhor do Olimpo inventou para mim estas aviltantes cadeias. Ah!, choro as desgraças presentes e as que hão-de vir ... se porventura chegar o fim dos tormentos. Mas que estou a dizer? Nítido, diante dos meus olhos, vejo todo o futuro. Nenhum mal irá colher-me de surpresa. Tenho que suportar docilmente o meu destino, pois reconheço inelutável a força da Necessidade. Não posso calar nem deixar de calar as minhas penas. Infeliz de mim que, por um dom feito aos humanos mortais, me debato no meio destas torturas (...). Num ramo seco, furtivamente levei a nascente do fogo, mestra de todas as artes, maravilhoso dom para o homem. Agora, aqui estou pagando as penas de tal culpa, agrilhoado sob este céu aberto. Ah! Ah!
Que som, que fragância, chegam invisíveis até mim? São de deuses, de semideuses ou humanos seres? Quem vem contemplar os meus tormentos nos cimos deste remoto penhasco? Quem me quer ver assim amarrado, eu um deus miserável, inimigo de Zeus, caído sob o rancor de todos os deuses, de quantos frequentam a morada de Zeus, por ter cometido um excesso de filantropia? Ah! Ah! Que aves são estas que oiço agitarem-se à minha volta. O ar vibra com as pancadas das suas asas. Enche-me de terror tudo o que de mim se aproxima.
Prometeu Agrilhoado
domingo, dezembro 20
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