sexta-feira, fevereiro 29

E fui visitar a Senhora do Carmo, Azaruja





À Ângela, ao Carlos e à Filipa
por tudo o que me deram ao longo dos anos

Por tudo o que me mostraram existir em certos cantos do Alentejo.

Com eles poderei, de novo, visitar a Senhora do Carmo.

quarta-feira, fevereiro 27

A caminho da escola, a Mariana fotografou o rio



(Fotografia da Mariana a caminho da escola)

Mãe, o rio está tão bonito hoje ... disse a minha filha.

Desejei-lhe um bom dia, tão bom como a côr que o rio tinha hoje.

Porque hoje é o primeiro dia a seguir ao zero: o um, como ligação da terra e do céu.E o gerador de todos os números, de todas as possibilidades.

terça-feira, fevereiro 26

Em Loures ainda há "Hortas"



















Em Loures, mesmo na rua principal, ainda há quintas e hortas. Das que restam da velha várzea de Loures, hoje quase totalmente urbanizada ...
E há restaurantes que servem nas suas refeições os produtos das suas hortas!!!!
Os animais e os lugumes podem ser visitados por quem lá vai comer.

Vale a pena conhecer, sendo aconselhável para pais com filhos ....

(Restaurante Horta, muito perto da Câmara Municipal).

segunda-feira, fevereiro 25

home sweet home




À minha sobrinha Ana Beatriz que hoje faz anos

Arte Pública em Lisboa




Pairava no ar uma humidade suave.
Ao Domingo, gostei de redescobrir Lisboa, a Avenida da Liberdade, esse «Passeio Público» através do olhar da «Arte (também) Pública» de Robert Indiana que se por ela se vai espraiando.

domingo, fevereiro 24

O CCB e «Os corações com mau feitio»




Sim, hoje escolho o coração exaurido!

Apenas quero o Mundo como sinal




Apenas queria 21: 3x7, associando o septenário à trindade, o acordo entre o Homem e o seu Destino!!!

Os signos fixos do Zodíaco, personificados nos símbolos da carta, são centrados pelo andrógino, que representa o fim da dualidade,e o início de um novo ciclo, assinalando o "homem liberto da sua encarnação" (seg. Hadés)

Somente queria o Mundo para meu lugar.

quinta-feira, fevereiro 21

Hoje é dia Internacional da Língua Materna






Hoje é o Dia Internacional da Língua Materna! (Alguém deu conta?)

Se tivesse à mão a Natália Correia, citá-la-ia, certamente, como uma das Mulheres que mais fez pela língua mãe ....

Mas não tenho ... e, assim, darei voz à Fiama Hasse Pais Brandão:

«Amor é o olhar total, que nunca pode
ser cantado nos poemas ou na música,
porque é tão-só próprio e bastante,
em si mesmo absoluto táctil,
que me cega, como a chuva que cai
na minha cara, nas faces nuas,
oferecidas sempre apenas à água».

F.H.P.B., Obra Breve, cit. in Poemário, Assírio & Alvim

quarta-feira, fevereiro 20

«A Avareza», Sete Pecados Capitais, Monumental


«A avareza é o mais avaro dos pecados. Os Grandes Pecados, os capitais, dão largas ao execesso (o bom é de bem, o excessivamente bom jé é pecado), todavia a avareza é a inversão do infinito. É o reverso do imenso, e isso é pecado porque tem também o poder de uma enorme atracção: se o vício tende para o infinito, a avareza tende viciosamente para o infinitamente pequeno».

José Alberto Gil

segunda-feira, fevereiro 18

«Luxúria», Sete Pecados Capitais, Monumental




Imagem: Desenho de Marta Wengrovius

«Nem naquele dia, nem em qualquer outro dia. Como também diz Francesca, nunca mais se puderam separar um do outro. Afogaram-se na própria imagem do desejo, onde o riso dá o lugar ao tremor e o volátil sentimento se tranmuta em eterna sensação.
Nos pecados carnais, riso e tremor, sensação e sentimentos sucedem-se segundo o ritmo dessa mesma carne, tão efémeros como ela. O que distingue Paolo e Francesca de todos os outros é que o efémero se transforma em eterno, fixando-se a imagem sobre a imaginação ou o imaginável»

João Bénard da Costa.

sábado, fevereiro 16

A escrita no feminino e outras formas de falar
















Nas imagens: Trabalhos de Helena Almeida; Ana Hatherly;Lourdes Castro


Para ti Cris, para a tua «Cidade das Mulheres».



Não sei é o lugar certo para elas, se aquele é, de facto, o sítio que deveriam ocupar (O Museu do Chiado).
Mas a isso não me prenderei.

Quis apenas falar-te da "escrita" e das outras formas de "falar" das mulheres que escolhi para te oferecer: Júlia Ventura; Lourdes Castro; Helena Almeida e a nossa, sempre nossa Ana Hatherly.

Como uma emergência, quis-te dizer olá.

É de gelo o meu coração?



Para o Ultraperiferico. Por me continuar a surpreender!

Canto-te

«Canto-te para que tu definitivamente
existas
Canto no teu nome porque só as coisas cantadas
realmente são e só o nome pronunciado inicia
a mágica corrente
Canto o teu nome como o feiticeiro invoca
a magia do remédio
Canto o teu nome como um animal uiva
de
Como os animais pequenos bebem nos regatos depois
das grandes feras
Canto-te
e tu definitivamente existes nos meus olhos
sempre abertos porque é sempre os meus olhos
são os olhos da criança que nós somos sempre
diante da imensidão do teu espaço

Canto-te
e os meus olhos sempre abertos são a pergunta
instante pendente de eu te interrogar».

Ana Hatherly, ,«Canto-te» in Um Calculador de Improbabilidades.

É a arquitectura só para arquitectos?





O ensino da arquitectura tem o seu lugar


desse lugar, espreita-se o mar e, de permeio, o casario é pontuado por marcos que nos prendem o olhar


Sim, talvez a arquitectura seja só para arquitectos, enquanto desenho, projecto, método ou mesmo conceito.
Mas enquanto programa, intenção, fruição ... não, felizmente ...pertence a todos nós!

Bem sei que o Supremo Arquitecto do Universo tem a formação que tem, faz no espaço e no tempo o que mais ninguém sabe fazer, manipulando-os quase sem darmos conta.

Mas enquanto houver um olhar, quando a arquitectura ocupar esse lugar que todos podemos viver ... sim, ela será de todos nós.

terça-feira, fevereiro 12

Ainda a propósito do gesto




Dôr, espasmo, contorsão, grito, mão, lugar, memória, solidão, raiva, esquecimento?

Não, nada disso, apenas procuro um sítio onde habitar o corpo, depois das noites em branco; apenas busco o sentido das palavras e dos lugares.
Somente descubro, recorrentemente, que a cada letra, a cada número corresponde um sentido qualquer e que da sua combinação, casuística aos meus pobres olhos mortais, se construirá a história que ainda não sei contar.

A dúvida ou a certeza. À minha mãe que me deu lugar



Fotografia: Cromeleque dos Almendres, António Carlos Silva

Entre a dúvida e a certeza, só existe um momento decisivo, fulcral: o do gesto.

Quando não se faz o gesto, o balanço pode eternizar-se, no ventre das ondas do mar:
tudo se pode adivinhar, tudo se pode perscrutar!!!

Há momentos em que se não pode mais adiar: porque cada minuto pode ser a morte que nos espreita, tanto como o existir!

Ali, tão perto como o respirar, está outro lado: o branco frio da morte.

Em cada minuto que passa, em cada momento sem sorver o ar, sucumbe a vida; morre-se de terror.

Há momentos em que só há noite ou dia, no nosso caminhar.

Apenas o sim, ou não, é o nosso lugar.

(E a cobardia, o medo são apenas esses invencíveis momentos de pavor, de não se ter sido capaz de dizer sim ou não!
Mas, mesmo assim a morte, o frio nos tolherão! Tendo-se adiado o momento que, afinal, nos podia ter conduzido ao Eterno.
Ficará, apenas, o Purgatório, esse sítio sem lugar)

Decididamente, cada vez com mais convicção quero aprender a dizer sim ou não!

O Alentejo é branco, ou branco é a côr do poder?








CCDR Alentejo (amanhã lhe regressarei!)

Branco o Alentejo? Quem tal o inventou?

Como a neve fria? Não, que ali não há.

Cal será, mas também cobre os mortos!

Branco é o papel que não tem mão.

Branca é a ausência de memória, porque não tem mácula nem servidão.

Todo branco o Alentejo? Quem o inventou?

segunda-feira, fevereiro 11

As minhas princesas do Alentejo



"Uma é loira, outra morena" mas são do melhor que o Alentejo tem.

A elas o meu até já, até sempre, por tudo que me fizeram aprender.

No Alentejo aprendi na pele, no corpo, tantas vezes que me senti febril e só, que o que distingue as pessoas não é, certamente, o sexo; o estatuto ou condição!

Porque no Alentejo tudo é mais dia e noite, aprendi que as nuances não são senão os arremedos da vida! As matizes não são somente o que inventamos para o dia, o arco-íris que nos faz não sofrer tanto a noite fria.

À Carla, à Eva (e a outras a que regressarei) o meu obrigada!

Exposição colectiva. Dulce, espero visitar-te



Na Rua da Esperança, nº59/61
(10.02.08 - 01.03.08)

www.reversodasbernardas.com
www.pin.pt

sábado, fevereiro 9

Para a Cris, para a sua Cidade das Mulheres, a Lourdes Castro




Perguntamo-nos tantas vezes que sentido faz tudo afinal?
E, desvendamos, em tardes serenas de Sábado, respostas para muitas coisas ... quando nos dispomos a olhar o melhor que alguns conseguiram fazer.

Redescobri (ainda em arrumações) dois livros que me fizeram sentir que tanta coisa passa a ter sentido só porque há o belo e o lugar da intimidade.

Para a Cidade das Mulheres o herbário da Loudes de Castro, um dos mais íntimos livros que conheci, de "sombras projectadas de objectos" ... das plantas que L.C. tratou e viu crescer.

E ainda o seu livro "À sombra" onde as plantas e os objectos assumem o valor que o comum de nós não é capaz de lhes dar.

segunda-feira, fevereiro 4

África, minha? Ainda o carnaval. À Mariana


Angola foi o sítio que me viu nascer.
Dela tenho lembranças fantásticas, de sol sem fim e terra com cheiro forte e quente, quando a chuva resolvia, nesta altura do ano, fazer galgar os rios e as quedas de água se enchiam tanto que tudo invadiam.

Dela tenho ainda a memória dos dias que vi os meus pais viver plenos de alegria; inventando festas e "assaltos" em casas de amigos, em carnavais que não tinham o mesmo sentido do que os que agora conheço. Lembro-me de os ver dançar, a minha mãe de vestidos soltos e floridos, e de ter aprendido com o meu pai a dar os primeiros passos de uma valsa.

Dos quintais enormes e das ruas onde brinquei, ao ponto de não se saber onde começava a rua e acabava a casa.

Recordo as florestas densas, onde o sol mal penetrava, e onde os gritos dos pássaros e os gemidos de seres escondidos quase nos faziam atemorizar.

Lembro também a família, os dias de férias grandes, onde juntos bricávamos em casa do meu avô que me ensinou o que era um escritório de livros catalogados; o rigor do trabalho metódico e o que era a Maria Callas cantando a Madame Butterfly que horrorizada tentava entender.
No entanto, é um dos discos de vinil da Columbia Graphophone que tive a sorte de herdar e que guardo hoje como se de uma relíquia se tratasse.

O mar bravo em época de "calemas", como nunca mais encontrei outro! E os navios, os paquetes cheios de coisas, que também pela mão do meu avô descobri, fonte de admiração, até porque deles, sendo pequena, me recordo serem gigantes.

Mas Angola também foi a terra que me viu partir, sem qualquer clemência, apenas porque era branca e a guerra, sempre cruel, não permitiu que existisse compaixão.

Nostalgias, terei? Não sei, nesta casa onde redescubro as minhas geografias afectivas, tento serenar as marcas que a vida me foi deixando, acalmando marés vivas e tempestades.