Fotografia de Mariana Lampreia
http://aeppea.wordpress.com/2011/03/08/hoje-e-dia-da-mulher/
Bem sabemos que as datas servem apenas para rememorar. Como outras, somente ajudam a aglutinar acções, iniciaticas que se congregam à volta de um tema.
Contudo, o Dia da Mulher não é para mim um dia qualquer. É uma data em que se faz apelo à tentativa de resolver tanta coisa que ainda está por solver, pois, no Mundo, ainda há tantas mulheres que não sabem o que é o direito ao Trabalho, o direito à sua independência financeira, o direito à autonomia emocional, para não falar do direito ao seu corpo e à sua sexualidade que, pese proliferar o facilitismo no que respeita ao erotismo, pornografia e mesmo prostituição, continua a ser um dos maiores tabus sociais.
Aproveito aqui para levantar o véu sobre duas questões que, para além dos direitos à Igualdade de acesso ou de ocupação de “lugares” no mundo do Trabalho ou nas tarefas designadas por “domésticas” - que estão na ordem do dia, pois as crises, como é sabido, afectam ainda mais as mulheres - que continuam a ser, do meu ponto de vista axiais:
1 – Por um lado, porque continua a graçar uma enorme falsidade no julgamento moral que se faz sobre as mulheres que se sentem donas da sua alma e do seu corpo, aproveito para denunciar todas as formas de violência, a física e/ou psicológica, que ainda se exercem sobre o Universo Feminino, porque não é, infelizmente, uma questão de somenos importância, pois continuam, efectivamente, a estigmatizar-se as mulheres com autonomia moral e sexual;
2 – Por outro lado, como acima referia, e quase contrastando com o expresso no ponto anterior, mas que dele se alimenta, venho denunciar a prostituição escamoteada, ou tantas vezes doméstica, desculpabilizada sob as instituições socialmente aceites como o casamento (tão vil e vergonhosa como outra qualquer), a pretexto de falsos equilíbrios de clã, ou a totalmente desabrida que é mais do que sabido existir, em camadas cada vez mais jovens, fundamentalmente em países em que as dificuldades de acesso aos bens de consumo ou onde as crises econónicas e financeiras que assolam o mundo são mais graves e conduzem muitas dessas mulheres à prostituição.
Denuncio veementemente o efeito nocivo das dificuldades financeiras em que as Mulheres são ainda as mais lesadas e que conduzem quer ao aproveitamento subjacente ao "afecto sustentado" quer à “sexualidade fácil”, levando a pseudo-resoluções dos momentos de maior dificuldade.
É óbvio que também vai, cada vez mais, proliferando a prostituição masculina, quer a mais óbvia, quer a que se esconde ou escamoteia, através da manipulação dos afectos das "presas", e se veste, desse modo, de uma feição mais dissimulada, podendo, contudo, ser ainda mais violenta, pois disfarçada camaleonicamente usa e suga a afectividade de outrém. Mas a feminina continua a ter, sem dúvida, uma escala maior, pelo que sobre ela continuarei a reflectir. As redes sociais, um dos factores mais democráticos da nossa época, pois permite a troca de experiências, de saberes, de conhecimentos e de partilhas, tem tido também, está sobejamente comprovado, um papel lesivo de muitas formas de relacionamento, pois permite, para além dos aspectos vantajosos que mencionei, um tráfego fácil das formas mais prosmíscuas de ralacionamento entre os Homens.
É que ter direito ao Corpo e à Liberdade é um acto de independência moral e cívica que não se pode compaginar, do meu ponto de vista, com os consumismos do corpo como estrito “valor de troca e uso”, nem com as estéreis promessas de um amor ou lar eterno ou os pânicos da velhice.
Temo ser tomado o meu testemunho como prenhe de laivos de moralismo. Que fique claro que não o é, mas é apenas uma recusa muito clara ao fechar de olhos de uma moralidade serônia que se continua a defender, baseando-se nos valores arcaicos do machismo mais segregacionista, mas alimentado por tantas mulheres, e que, paralelamente, pactua com um dos grandes flagelos de toda a História da Humanidade: a prostituição, mais dramática quando se trata de jovens ou mesmo adolescentes.
Lembraria aqui o que se designa por “catorzinhas”, o que representa a própria expressão e o flagelo da sua prática corrente em determinados países do Globo.Viva, pois, a Mulher, o seu Dia e vivam as mulheres e homens que acreditam que ter corpo e alma quer dizer efectivamente: Igualdade, Fraternidade e Liberdade!
Não darei tréguas nem à falsa moral, violenta por natureza, nem às formas de consumo que acabam por contribuir para que as Mulheres não sejam, de facto, Seres Livres e Iguais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário