segunda-feira, agosto 31

Imagem: Museu da Cidade, Lisboa

Queria o teu verde hoje, Lisboa


anuncia-se a mudança
mas está quente e abafado o teu ar

e ainda a Lua vai a crescer num Quarto ...

nunca mais se sente a terra refrescar.

Mudança de estação ...

Há Domingos que nos arrastamos levados por mãos pequenas que as cidades querem inventar







e dormentes, dolentes, apenas conseguimos ouvir "que engraçado é numa cidade imaginária poder viver".


Hoje o calor andou no ar, mas nem assim cansou quem parece que a energia tem para vender e dar ...
E nós esvaindo-nos devagar. Tão devagar.




domingo, agosto 30

sexta-feira, agosto 28

I'll go ... in a sunny day


yes, someone must be happy

one day, one night!

quinta-feira, agosto 27

O SONHO foge nas pálpebras

A quarta vela exausta

dentro adormece do mar.

Os amuletos, tuas partes visíveis

Começam dentro do ar

O chamamento da deusa, metamorfose

De uma rapariga em mil e uma portas

Que o céu tilintando abre ao javali.

Agora só nos resta para escaparmos

à noite o claro susto das constelações

A falésia do amor

Onde nasce e tomba

E ressuscita

O séquito das mãos

A garça e o falcão.

Gil de Carvalho, Viagens, in Poemário

quarta-feira, agosto 26

Alentejo, hoje para ti Susana




Hoje proponho-vos fazer um périplo pelo Alentejo.
A cidade aperta, está pequena demais ... ainda lembra, chama a outros lugares.
Está ausente o tempo aqui e o Alento também.

Há dias que não são de frio nem de calor, mas que, mesmo que se não queira, a cidade apela a recordar!

À Susana Neves pelos périplos imaginados! Vamos dar-lhe forma?

Até lá tenho tanto papel para rasgar, arquivar, recriar. Fechar gavetas, ou abrir as demais?

segunda-feira, agosto 24

Finda-se o dia, passada que foi Vila Nova de Milfontes, na Ilha do Pessegueiro



A Costa Vicentina: do Cabo de S. Vicente ao Cabo Sardão

















O Cabo onde "a terra acaba ....."


Mesmo que tratando-se do Cabo da Roca, no canto de Camões, também aqui a terra parece querer morrer-se no mar ....

Mas se tivesse podido, tinha ido saber o que junto à baía de Lagos se pode conhecer ...



"A Guerra dos 7 Anos, entre 1756 e 1763, constituiu um marco na história europeia e modelou a fisionomia das nações ocidentais, sendo considerada o ponto de viragem para o início da Era Moderna.
A Inglaterra, no decurso do conflito, ocupou a ilha de Minorca, possessão francesa no Mediterrâneo, e foi este acontecimento que conduziu a uma tentativa de reunir as frotas navais francesas dispersas, para invadir a Inglaterra, culminando na batalha naval entre estas potências ao largo de Lagos, em 19 de Agosto de 1759.

Toda a história que Lagos encerra nos seus mares merece ser redescoberta, e por isso, (n)o dia em que se assinalam os 250 anos desta batalha decisiva",
foi assinalado com as conferências de Francisco Alves, Jean Yves Blot e Maria Luisa Blot.

Tânia Fernandes, a partir de Archport

Lacobriga e a Ponta da Piedade



A Ponta da Piedade (nas fotografias) descrita por Manuel Teixeira Gomes, sétimo Presidente que a República Portuguesa teve, homem do mundo e algarvio de Portimão:
«Caminho estreito e arenoso, entre sebes de cornicabra por onde assomam com frequência as pás das figueiras da Barbaria, ali muito definhadas pela exposição e violência dos ventos reinantes.
(...) Ao longo da "Ponta da Piedade", e depois cercando-a, crescem no mar inúmeras rochas acasteladas, algumas ligadas por arcos naturais, e dispostas em tôrno de pátios onde a água se faz transparente como esmeralda líquida (...).
A água conserva-se até onde a vista alcança, no mesmo tom de turqueza molhada, e o corte perfeito da penha de Sagres, perpendicular, rectíssimo, acaba no horizonte a linha de costa.»

Manuel Teixeira Gomes, in Regressos





O território hoje designado por Algarve entrou na esfera de influência romana nos finais do século III ou inícios do século II, quando Gadir (Cádis) reconheceu a supremacia latina.
As fontes clássicas referem que foi ocupado, antes da chegada de Túrdulos e Celtas, na segunda metade do I milénio a. C., pelos Cónios, um povo de origem não Indo-Europeu.
Na costa algarvia quer Plínio, quer Pompónio Mela e Ptolomeu nomeiam a existência de uma importante localidade designada Lacobriga, entre as que também o foram no período compreeendido entre os dois primeiros séculos de dominação romana, situando-a Plínio entre as populações célticas e Mela refere-se-lhe junto ao Promontório Sacro ...
A povoação Lacobriga, cujo topónimo deve ter dado origem à actual Lagos, deveria situar-se junto de Monte Molião, onde se encontraram importantes vestígios arqueológicos, se bem que sejam também conhecidos achados de origem romana em Lagos, muito possivelmente devido ao desenvolvimento de um núcleo portuário.

Lacobriga deve ter devido a sua importância à produção de preparados de origem pescícola, como o denuncia a existência de conjuntos de cetárias.
O núcleo urbano deve ter sido abandonado a partir do século VII.

Se quiser conhecer um pouco mais de Lagos em Período Medieval, proponho a leitura de:
Entre Muralhas e Templos: a Intervenção Arqueológica no Largo de Santa Maria de Graça (2004-2005), coordenada por Marta Diaz-Guardamino e Elena Morán.

A obra centra-se na intervenção efectuada no Largo de Santa Maria de Graça (onde se teria implantado a Igreja Matriz de Santa Maria de Graça, que fora edificada no século XIV), onde se situava um cemitério medieval, utilizado durante a Época Moderna e Contemporânea, até ao século XIX.
No século XV, este cemitério recebeu a primeira sepultura do Infante D. Henrique, falecido em Sagres, tendo sido posteriormente trasladado para o Panteão Régio de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

domingo, agosto 23

À Célia: a minha algarvia favorita, o Algarve que revisitei




E vou reler o Manuel Teixeira Gomes e a sua triangulação algarvia ...
Para ti fica a recomendação.

Mas infelizmente já não se dança o tango nas feiras do Algarve ...

sexta-feira, agosto 21

O meu livro do mês de Agosto com tango de pano de fundo: Boquitas Pintadas




Leia e dance, dance mesmo, o tango nas noites de Verão ...
Comece por "una cabeza"... ou por Alfredo le Pera em "Era ... para mí la vida entera" ...
Embalada pelas letras do livro e pelos sons do tango, vou, como se diz na «Cidade das Mulheres», entrar em "férias imaginárias"!
E, se pudesse, escolheria ir a Buenos Aires.
Las sombras que a la pista trajo el tango
me obrigam a evocar a mi también,
bailemos que me duele estar pensando
miendras brilla mi vestido de satén.
Homero Mazi

quarta-feira, agosto 19

descansar ...

Desenho: Francisco Rocha



A ti PP.
Enterrarei os pés na areia ... com a minha saia drapeada pelas tuas mãos!
Nela ficarão contidos todos os contos deste Luar.
Pois há uma outra história a reinventar.

terça-feira, agosto 18

Caminhar


que rua é esta que nos separa


ao longo da qual seguro a mão dos meus pensamentos


uma flor está escrita na ponta de cada dedo


e o fim da rua é uma flor que caminha comigo


Tristan Tzara, Qual é a Minha ou a Tua Língua

Esta Lisboa que eu amo



É o Tejo a minha casa
olho-o e cuido-o a ele
e ele banha-me a mim ...

segunda-feira, agosto 17

Allons-nous travailler? Toi là-haut, moi ici ...






Onde houver obras públicas não deponhas a tua obra.


Poderias atrapalhar os trabalhos.


Os de pedra sobre pedra, entenda-se.


Mas dá sempre um "Bom Dia" ao pessoal do estaleiro.


Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa.



Alexandre O´Neill, Poesias Completas