domingo, março 30

Há sempre o momento em que a ponte se tem que atravessar (3).



Quando descobrimos que a intimidade carece de um rosto,
quando o gesto escasseia
ou o corpo perde o calor,
como um estertor anunciado nas mãos ...
talvez a palavra seja ainda a salvação
se a soubermos proferir
sem medo, sem pavor da vinculação
que cada letra gravada dá





mas há momentos que apenas fica o silêncio, frio e ausente ... sem lugar ...

Será a morte?
não, que essa é apenas um outro caminho para encontrar
é apenas a noite sem tempo, sem horas para contar
o vazio que há que enfrentar

(Há sempre o momento em que, mesmo com a noite fria que instala o silêncio no ar,
temos que atravessar a ponte para encontrar o nosso lugar...

Só assim, a cada noite, o dia sucederá.
Sim, é esse o momento de atravessar a ponte sem temor, deixando para trás tudo o que não tem valor, encarando os medos e os fantasmas que andam no ar.
Porque o amanhã está quase a começar. E nele caberão apenas as coisas que têm que caber.)

Um comentário:

Anônimo disse...

Bellísimo blog, hermosos comentarios, magnífica delicadeza. Enhorabuena desde Madrid.