Filomena Barata
PORTO AMBOIM, ESTE SONHADO PORTO DO ATLÂNTICO
À memória do meu avô, Raúl Marques Barata e de toda a minha família
Como vos gostaria de falar de uma cidade que conheci menina, um Porto que outrora foi dos importantes de Angola.
Deve o seu nome exactamente ao facto de ter sido o local de escoamento dos produtos que se davam para os lados do Amboim, cuja sede de município é a Gabela, região onde o café fixava gentes e perfumava as carruagens que daí partiam até o seu porto de mar.
Era, e ainda o é, muito verdejante e fértil a região, bem como estrada que continua a ligar a Gabela ao actual Porto Amboim, serpenteando a Serra. É das belas vias de comunicação que conheço. Mas já náo se ouve na actualidade o som dos motores a vapor que faziam funcionar o comboio cuja linha o tempo desactivou.
Isto para não referir a paragem obrigatória das fantásticas Cachoeiras do Binga e toda a envolvente do rio Keve, uma paisagem de esmagadora e comovedora beleza de características únicas, onde no ar fica sempre um apelo a ficar.
Recordo ainda em Porto Amboim a Alfândega em franco funcionamento, hoje mais recatada nas suas funções, onde vi, pela primeira vez, produtos que me eram estranhos, como maços de tabaco estrangeiros e garrafas de Whisky de modelos especiais, braço dado ao meu avô que os navios me levava a visitar. Dos registos de 1930 se pode inferir o movimento desta localidade marítima, pois os mesmos indicam que o porto recebeu 98 vapores, 30 veleiros e manipulou 548.231 toneladas de carga, na sua maioria café.
Nos dias actuais, a grande vida portuária de meados do século passado e décadas subsequentes deu lugar à fixação de empresas para produção de equipamentos ligados à actividade petrolífera que contribuem, a par dos recursos piscatórios e agrícolas, para a fixação da população.
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