domingo, outubro 31

Conhecem o Grupo Excursionista "Os 31", em Santo Amaro?






























































Só pode ter o número máximo de 31 sócios. Mas eles tudo fazem: a manutenção do espaço e da sua abertura ao público, a organização das festas, o vinho novo que amanhã vão provar e que guardam na adega em espaço que é seu, mas, principalmente, que ambiente bom conseguem construir aos Domingos em que temos a sorte de poder partilhar dos almoços em família com arroz de pato e vinho do Dão! Bem haja quem ainda faz desta cidade um sítio bom para viver; enfim, uma cidade mais social! Refiro também que é dos poucos sítios em Lisboa onde ainda se pode participar do «Jogo da Laranjinha». E, claro está, organizam, para fazer juz ao nome, viagens de sonho para os sócios e familiares!


sábado, outubro 30

quinta-feira, outubro 28

Esta Lisboa de tantas Mães de Água

 
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S. Vicente e O Promontorium Sacrum (reed.)


Retábulo S. Vicente, Museu Nacional de Arte Antiga


Estranha-se a pedra porque está ali onde a olhamos e ela vê-nos à sua maneira com indiferença máxima pelo nosso olhar. Andamos-lhe em volta e não a ignoramos nem a conhecemos nem a podemos domesticar: só podemos admirá-la. Virá-la para dentro. Para o tempo. Que ela mostra. É um relógio de um ponteiro que marca os séculos se os contarmos e tudo o que neles acontece. Um soldado morto vive numa pedra e só nasce debaixo do travesseiro. É um sonho de pedra pequena e muita guerra vista em volta. Com muito tempo. Ninguém as retirava do seu moledro lá por Sagres.

Álvaro Lapa, Impressões da Lusitânia

Cit. in M.F.B. "O Promontório Sacrum e o Algarve entre os Escritores da Antiguidade", Algarve: Noventa Séculos entre a Serra e o Mar.



Refira-se que este texto foi elaborado a partir de artigo com o mesmo nome, publicado na obra que tive o gosto de coordenar, acima mencionada, se bem que numa versão mais sintética com algumas alterações.


Estrabão, no século I a. C., e Avieno, no século IV d.C., descrevem-nos pormenorizadamente a área compreendida entre o Estreito de Gibraltar e o Cabo de S. Vicente, esse lugar mágico onde o corpo do Santo que lhe conferiu o nome deu à costa, fazendo uma viagem mítica de Oriente, de Valência, para Ocidente.

Esse Santo a quem Lisboa dedicou, mais tarde, a sua primeira Igreja cristianizada e que, porque para aí foi levado em barcaça conduzida por dois corvos, essas aves com capacidade de dar e retirar a visão, a luz, viu neles o símbolo que havia de guardar para a cidade.

Do Cabo a Lisboa empreendeu assim nova caminhada, como a que eu hoje me dispus a fazer.

Na descrição de Avieno, na sua Ora Marítima, diz-se do Cabo de S. Vicente que "Então, lá onde declina a luz sideral, emerge altaneiro o Cabo Cinético, ponto extremo da rica Europa, e entra pelas águas salgadas do Oceano povoado de monstros", sabendo-se que foi dedicado um templo a Saturno no Promontorium Sacrum.

O lugar que, em período pré-romano, já era sacralizado, devendo ter-se tornado santuário dedicado ao deus de origem púnica Baal Hammon, associado por fenómeno de sincretismo religioso ao Saturno dos Latinos, é referido por Estrabão como um local onde "não é permitido oferecer sacrifícios nem aí pernoitar. Os que o vão visitar pernoitam numa aldeia próxima, e depois, de dia, entram ali levando água, já que o local não o tem".

Aí, desde a Pré-História, se poderão ter desenrolado rituais religiosos que Estrabão descreve da seguinte forma: (há) " pedras organizadas em grupos de três ou quatro, as quais, segundo um antigo costume, são viradas ao contrário pelos que visitam o local e depois de oferecida uma libação são recolocadas na sua posição anterior".

A impressão que o local deve ter causado é de tal forma que se dizia entre alguns autores da Antiguidade, como Posidónio, que o Sol aqui aumentava com o Ocaso, pondo-se com ruído, como que a extinguir-se entre as águas do Oceano.

No Promontorium, no Promontório Sagrado, fiz, de novo, com a luz a banhar as mãos, as minhas preces e orações e assim iniciei a jornada ...


ET: Se não puder ir ao Promontorium Sacrum e estiver em Lisboa, vá à Igreja de S. Vicente ou então vá ao Museu Nacional de Arte Antiga ver o Retábulo.



Fot.: Câmara Municipal de Lisboa


Ou espreite os corvos que trouxeram o Santo, o S. Vicente, pois vão semeando ainda de Luz as ruas da cidade que os mantém orgulhosamente ao dobrar de tantas esquinas.



quarta-feira, outubro 27

Entardecer


Continuarei a descobrir este rio todos os dias
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domingo, outubro 24

quarta-feira, outubro 20

Que se finde hoje o dia como começou ...

 

Esta é a tua hora, ó alma, a do teu livre voo para lá das palavras,
Dos livros, da arte, apagado o dia, concluída a lição,
Quando tu emerges plenamente, silenciosa, absorta, meditando sobre os
temas que mais amas,
A noite, o sono, a morte e as estrelas
.

Walt Whitman, Folhas de Erva.

terça-feira, outubro 19

Mar e mar ...

 


E logo mais quero ir ver este mar de tantas marés, daqui e de além, com que temos a sorte de nos poder cruzar!

E bailar pela noite fora com os fragmentos da Luz que conseguir reter

Adormecerei então, tanto e tão longamente como o fundo desse mar, onde também há restos de cor para desvendar.

sábado, outubro 16

ir ...

 
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iria contigo ... até onde? Não sei!


Fotografia da Mariana no seu dia de anos

sexta-feira, outubro 15

Afinal o que é ser mãe? À minha filha; à minha mãe (reed.)







Tantas vezes me reconheço nas expressões e comportamentos da minha filha ... nos seus gestos, como se fossem gestos meus.
E, no entanto, quase todos os meus amigos dizem que se parece mais com o pai.

Não sei bem o que uma mãe passará a uma filha ...
É certo, isso sim, que me revejo tantas vezes na minha mãe.
E, tantas vezes, observo na forma desabrida de ser da filha que gerei uma infância que foi a minha, uma forma de estar que, pese tudo o que o Tempo me obrigou a aprender, ainda me faz olhar nos olhos e pensar que vale mesmo a pena a vida ser vivida.

Tantas vezes, quase todos os dias, mesmo quando a mais profunda tristeza me invade, me lembro das palavras da minha mãe em vésperas de se despedir: "filha que bom que é ver o Sol, mesmo sabendo que hoje pode ser o meu último dia".
E, lendo ainda um pouco, ouvindo os seus CD's no hospital, até ao dia fatal, se foi despedindo, ensinando-nos, uma vez mais, uma grande lição.

Não sei, de facto, o segredo de passar o melhor que temos em nós, uma coisa tentarei: que a verdade faça parte dos seus princípios essenciais; que saiba alimentar a fonte da alegria; que saiba conviver com os seus medos e angústias ou solidões, enfrentando-os com coragem, mas sem que seja necessária a afronta.
Que não tema os afectos.
E que se orgulhe, afinal, de ser Mulher.

Foi exactamente a um Domingo, há pouco tempo atrás, porque o Tempo não tem dias, que dela me despedi. Ainda por aqui anda, bem perto de mim ... e hoje vou colocalr uma vela, bem perto de mim.

quinta-feira, outubro 14

Das mãos



ficam inscritos nas mãos cansaços
palavras que, por vezes, são vãs


mas continuarei a inventar o sonho para escrever o amanhã

quarta-feira, outubro 13

Adormecer

 



caminharei
imaginando o som da água que atravessa a minha cidade...

continuarei! até que a noite me venha finalmente adormecer




(A fotografia é da minha filha Mariana e foi tirada durante as viagens que fazemos, atravessando Lisboa, até chegar a casa).

terça-feira, outubro 12

Sonhos ...

 
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Sonhos
enormes como cedros
que é preciso
trazer de longe
aos ombros
para achar
no inverno da memória
este rumor
de lume,
lenha da melancolia


Carlos de Oliveira, Trabalho poético

Poesia, Alberto Caeiro

 



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Aceita o universo
Como to deram os deuses.
Se os deuses te quiserem dar outro
Ter-to-iam dado.

Se há outras matérias e outros mundos -
Haja
.

Alberto Caeiro, Poesia

segunda-feira, outubro 11

Dormir ...


Bonne nuit et rêves sans reveiller ... tu d'endors et moi aussi. Vien le rêve, que la jounée m'a fatigée, mais je veux ta main pour m'endormir.

Je n'ai pas peur même d'être seule; mais je serais plus triste de ne te dire "rêve bien mon gitain": aux Alpes; au Jura; à Helsinkia; à Évora; ici, ou quand tu rêve auprés de moi...
Viens tout de suite, ta main!

Je m'en irais dormir .... toute seule ... avec la nuit
te reveiller

sábado, outubro 9

quarta-feira, outubro 6

É tanto o mar para tanto crer ...

 
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E o crer, o querer não tem senão os limites desse mar sem fim ...

Sei que um dia voltarei a ver estes lugares ...



O mostrengo que está no fim do mar
Veio das trevas a procurar
A madrugada do novo dia,
Do novo dia sem acabar;
E disse, «Quem é que dorme a lembrar
Que desvendou o Segundo Mundo,
Nem o Terceiro quer desvendar»?

E o som na treva de ele a rodar
faz mau o sono, triste o sonhar.
Rodou e foi-se o mostrengo servo
Que seu senhor veio buscar.
Que veio aqui seu senhor chamar -
Chamar Aquele que está dormindo
E foi outrora Senhor do Mar
.

Fernando Pessoa, Mensagem

Todos os rios vão dar ao mar (III)



Também este longínquo rio desagua no mar que é o meu, esse Atlântico tantas vezes cruzado, tantas vezes percorrido ...

Nas suas águas julguei ver seres disformes, dentes aguçando-se carnívoros, mas senti tão claro que o meu mar não tem fim.

Todos os rios vão dar ao mar (II)



Que leve o rio este Luar ...

terça-feira, outubro 5

Todos os rios vão dar ao mar ...

Pelas extensas imediações do corpo um calor circunvagueia. Paisagens complicam-se, por minutos. Testes acolchoados, diáfanas leis calculadoras, várias deusas contabilizam. Imoderadas máscaras, imoderados risos ó invasão, fascínio, ciclo! Uma baía remata cada impiedade nossa. Luiza Neto Jorge, Poesia

Sim, sei que um dia regressarei a estes lugares ...




 
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De novo à Cristina Duarte pela "História das Mulheres" na sua «Cidade das Mulheres»

Remeto para o trabalho que Cristina Duarte vem a desenvolver na sua «Cidade das Mulheres», pelo interesse e qualidade que lhe tem conseguido imprimir.

http://acidadedasmulheres.blogspot.com/


Para ela vai hoje esta colecção de selos que em boa-hora os CTT editaram, homenageando assim as grandes mulheres republicanas.

Viva a República!

 
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