sexta-feira, outubro 15

Afinal o que é ser mãe? À minha filha; à minha mãe (reed.)







Tantas vezes me reconheço nas expressões e comportamentos da minha filha ... nos seus gestos, como se fossem gestos meus.
E, no entanto, quase todos os meus amigos dizem que se parece mais com o pai.

Não sei bem o que uma mãe passará a uma filha ...
É certo, isso sim, que me revejo tantas vezes na minha mãe.
E, tantas vezes, observo na forma desabrida de ser da filha que gerei uma infância que foi a minha, uma forma de estar que, pese tudo o que o Tempo me obrigou a aprender, ainda me faz olhar nos olhos e pensar que vale mesmo a pena a vida ser vivida.

Tantas vezes, quase todos os dias, mesmo quando a mais profunda tristeza me invade, me lembro das palavras da minha mãe em vésperas de se despedir: "filha que bom que é ver o Sol, mesmo sabendo que hoje pode ser o meu último dia".
E, lendo ainda um pouco, ouvindo os seus CD's no hospital, até ao dia fatal, se foi despedindo, ensinando-nos, uma vez mais, uma grande lição.

Não sei, de facto, o segredo de passar o melhor que temos em nós, uma coisa tentarei: que a verdade faça parte dos seus princípios essenciais; que saiba alimentar a fonte da alegria; que saiba conviver com os seus medos e angústias ou solidões, enfrentando-os com coragem, mas sem que seja necessária a afronta.
Que não tema os afectos.
E que se orgulhe, afinal, de ser Mulher.

Foi exactamente a um Domingo, há pouco tempo atrás, porque o Tempo não tem dias, que dela me despedi. Ainda por aqui anda, bem perto de mim ... e hoje vou colocalr uma vela, bem perto de mim.

7 comentários:

bettips disse...

Que lindo... e que lindas mães "somos todas"! Assim, de olhos no olhar dos outros.
Calcula a estranheza das cousas... ainda há uma hora lia as tuas palavras numa revista Tempo Livre que consultei, sobre a Labareda Imperial em Miróbriga! Ando para fazer uma coisa no blog há meses, tenho fotografias lindas (tu não estavas nesse dia...).
E não me digas que não acreditas em coincidências... inocências!
Abraços

Anônimo disse...

Acho a tua filha mais parecida contigo do que tu - criança - contigo própria, feita mulher e mãe.

A Lusitânia disse...

Bettips, não há, nunca há coincidências, ao contrário do que alguns nos querem fazer crer. Mas já agora, o que te levou por lá?
Que bom, faz sim, que Miróbriga merece, e Vénus também andou por lá.
Se quiseres consulta o www.mirobriga.drealentejo.pt.
Filhas e mães, sim, dos filhos e dos projectos que acarinhamos.
E mando-te mais um abraço da edição que agora foi fazer no MulheresaoLuar.

bettips disse...

Há anos passei por Santiago e vi "Miróbriga". Sou uma globe-trotter de pedras, amadora e adoradora. Fui, espreitei e protestei: estava fechado. Ficou a semente. Andei a ler e saber. Encontrei-te no Ultraperiférico (mena??? não conseguia entrar no teu lugar)há que tempos: fui ler, falavas de coisas que gostei. Em Outubro fomos por Santiago, Santo André. Uma das principais razões, por mais incrível que pareça ir de férias, do Porto com essa ideia, era mesmo ir a Miróbriga. Perguntei por ti: se estivesses, contava-te! Nesse dia não voltarias. Demos a volta a tudo e fomos descobrir o hipódromo-sítio.
Nas ruínas quase ninguém e um tempo de Azul, Verde, Ocre. Foi maravilhoso!
Deixo aqui o meu abraço.
Sim...apenas e tantas vezes, descansar, recolhendo pétalas dentro de um livro, tal como tens feito com as fotografias de muito antes de hoje.
Fica bem. E se quiseres nem publiques o comentário tão real, ele é para ti.
B

A Lusitânia disse...

Publiquei sim Bettips, desculpar-me-ás, mas eu sou assim a mesma em todos os lugares e espero nunca ter que me "velar"

Obrigada, contudo, pelas tuas palavras.

Um dia levo-te lá para te mostrar o meu olhar sobre aquelas pedras ... já que ao teu vou sempre voltar.

Anônimo disse...

Desculpa, Filomena, mas estou inteiramente de acordo com a tua amiga Bettips. Há coincidências. Nem percebi o que te leva a negá-las.
As coincidências podem ser ou não inocentes, mas existem. Se nós, amanhã, sem prévia combinação, nos encontrarmos, no mesmo momento, a entrar, por exemplo, no Museu de Arte Antiga, não estamos aqui perante a simultaneidade de dois factos, a tua e a minha chegada, à mesma hora do mesmo dia, no mesmo local? Desculpa a minha intromissão. Beijos

Unknown disse...

Querida Filomena é sempre uma emoção ler e reter as suas palavras. Ensinar a minha filha a não ter medo dos afectos será o mais dificil para mim. Um grande beijinho e muitas felicidades para si e para a pequena Princesa neste dia especial.