Nem todas as mulheres experimentam os mesmos sentimentos. Encontrareis mil almas com mil maneiras diferentes. Para as conquistar, empregai mil maneiras. A mesma terra não produz todas as coisas: tal convém à vinha, tal à oliveira; aqui despontarão cereais em abundância. Há nos corações tantos caracteres diferentes, quantos rostos há no mundo. O homem prudente acomodar-se-á a estes inumeráveis caracteres; novo Proteu, tão depressa se diluirá em ondas fluidas para logo ser um leão, uma árvore, um javali de eriçadas cerdas. Os peixes apanham-se aqui com o arpão, ali com o anzol, acolá com as redes puxadas pela corda estendida. E o mesmo método não convirá a todas as idades: uma corça velha descobrirá a armadilha de mais longe; se te mostrares experiente junto de uma noviça, demasiado petulante junto de uma recatada, ela desconfiará que a vais tornar infeliz. Assim é que a mulher que às vezes teme entregar-se a um homem honesto, caiu vergonhosamente nos braços de alguém que a não merece.
Ovídio, in "A Arte de Amar"
Ver também:
http://www.wook.pt/ficha/a-vida-quotidiana-da-mulher-na-roma-antiga/a/id/168283
Sim, hei-de regressar um dia à Mulher em Roma, mas por hoje fica aqui apenas, para começar a semana, um texto que ofereci à «Cidade das Mulheres» e que me fez relembrar que tenho que lá voltar.
Roma é uma sociedade ancestralmente uma sociedade patriarcal. À cabeça de cada grupo estava um pater familias que exercia o seu poder até à morte, podendo decidir da vida ou morte dos seus filhos.
Pelo casamento, a mulher passava a depender da família do marido, ficando submetida a um poder familiar semelhante ao que tinha em casa antes do matrimónio, pois o esposo podia também decidir da sua vida.
No entanto, em Roma as mulheres ocupavam uma posição de maior destaque do que acontecia na Grécia Antiga.
Quando casada, era, de facto "dona da casa", não sendo reclusa nos aposentos das mulheres, Geniceu, como acontecia na Grécia Antiga. Tomava conta dos escravos e participando das refeições com o marido, como se pode verificar no Banquete, saía (usando a stola matronalis)e participava nos espectáculos públicos, sendo por isso criticada por Juvenal e pelo cristão Tertuliano, e tinha acesso aos tribunais.
Por casamento — justum matrimonium —, sancionado pela lei e pela religião, processava-se a transferência da mulher do controle (potestas) do pai para o de seu marido (manus).
O casamento tomava assim a forma de coemptio, "uma modalidade simbólica de compra com o consentimento da noiva. Ele também podia consumar-se mediante o usus, se a mulher vivesse com o marido durante um ano sem ausentar-se por mais de três noites" (http://marius.blogs.sapo.pt/arquivo/952564.html).
Com o crescimento de Roma, a mulher foi gradualmente adquirindo autonomia, podendo inclusivamente participar da herança dos bens paternos, sendo sabido que, a partir do século II a.C., é notório um processo de emancipação.
Foram-se abandonando gradualmente as formas mais antigas de casamento e adoptou-se uma na qual a mulher permanecia sob a tutela de seu pai, e retinha na prática o direito à gestão de seus bens, havendo muitas mulheres ricas, disfrutando do seu património e dedicando-se aos negócios.
O divórcio era aceite na sociedade romana e o casamento chegou a ser até impopular na Época Imperial, sendo estas as palavras de Cecílio Metelo "Se pudéssemos passar sem uma esposa, romanos, todos evitaríamos os inconvenientes, mas como a natureza dispôs que não podemos viver confortavelmente sem ela, devemos ter em vista nosso bem-estar permanente e não o prazer de um momento" (Suetônio, Vida dos Doze Césares, "Augusto", 89).
Muitas das alterações sentidas na sociedade romana devem-se à sucessivas guerras e aos longos períodos de ausência dos maridos, fruto do expansionismo romano, que permitiu a ascensão do papel da mulher.
No entanto, os recenseamentos omitem as mulheres, sendo apenas contabilizadas as herdeiras.
Se bem que a generalidade das meninas romanas recebesse apenas uma instrução básica, pois a sua função primordial era prepararem-se para ser esposas e mães, houve muitos exemplos de mulheres que exerceram influentes profissões e que dirigiram negócios lucrativos. Há também inúmeros exemplos de mulheres versadas em Literatura.
Até determinada altura, a toga era o elemento básico do vestuário, quer feminino, quer masculino.
No entanto, ele foi-se sofisticando e, já durante a República, só os jovens e as cortesãs usam toga. As matronas utilizavam sobre a stola (túnica ou vestido comprido) a palla (grande mantilha pregueada que, ao contrário da toga, cobria os dois ombros).
As mulheres de condição mais elevada usavam tecidos ricos bordados e importados das várias partes do império.
O rosto era embelezado e os cabelos tratados e penteados de diferentes formas, também dependendo das épocas e respectivas modas, se bem que em público tivessem o costume de cobrir a cabeça.
A mulher romana usava diversos tipos de enfeites no cabelo e utilizava jóias, como brincos e pulseiras de pedras preciosas, colares ou gargantilhas.
Recomendo a consulta de: http://marius.blogs.sapo.pt/arquivo/952564.html
e de http://www.hottopos.com/notand12/ale.htm
Fig. 1 - Escultura de Agripina, proveniente da Villa Romana de Milreu pertencente ao acervo do Museu de Faro.
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Recomendo ainda:
http://www.sendspace.com/file/9075dk
Veja-se também:
http://www.starnews2001.com.br/historia/ancient_rome.html
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