segunda-feira, março 30


Para meu coração basta teu peito
para tua liberdade bastam minhas asas.
Desde minha boca chegará até o céu
o que estava dormindo sobre tua alma.
E em ti a ilusão de cada dia.
Chegas como o sereno às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência
Eternamente em fuga como a onda.
Eu disse que cantavas no vento

como os pinheiros e como as hastes.
Como eles és alta e taciturna.
e entristeces prontamente, como uma viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Te povoa ecos e vozes nostálgicas.
eu despertei e as vezes emigram
e fogem pássaros que dormiam em tua alma.

Pablo Neruda (1904-1973)

A semana a começar ... Mátria

Combustível a besta se encorpora
no gesto e penúltimo o homem
compenetra-se funcionário
da sua adiada escória.

Da bomba o guincho de giz
no quadro preto da memória
pontos de sangue em nossos li
HISTÓRIA aos quadradinhos ora

o bípede era uma vez
não identificado objecto
um não saber fazer
que não ser propriamente insecto.

(...)

Mátria
, Natália Correia

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domingo, março 29

Ouvir cantar Angola e Cabo Verde


Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida ...



Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança
.

Pedra Filosofal, António Gedeão

sexta-feira, março 27

Ainda a propósito do Dia Mundial do Teatro: Medeia, Eurípedes (reed.)


Aia:
«A infortunada, a ultrajada Medeia declara em altos brados os juramentos, apela para a união das mãos, o mais forte dos penhores; toma os deuses como testemunhas do reconhecimento que recebe de Jasão. Deprimida, sem se alimentar, abandona o corpo às suas dores; consome dias inteiros em pranto desde que conheceu a perfídia do marido; já não alça a vista nem desprende do chão o olhar; parece uma rocha ou uma onda do mar, quando ouve a consolação dos amigos. Todavia, às vezes desvia a cara deslumbrante de alvura e, sozinha, chora o pai amado, a pátria, o palácio que renegou e deixou para seguir o homem que a mantém hoje desprezada.
Sabe, essa infeliz, para seu próprio infortúnio, o que se ganha em renunciar ao solo natal.
(...)
Receio que intente qualquer vingança inesperada. É uma alma violenta, não suporta as afrontas».

Porque hoje é Dia Mundial do Teatro


Por todo o lado há comemorações, pelo que recomendo que se vá ver a origem da tragédia e da comédia na Grécia Antiga em:


e

Herberto Helder, Poesia Toda (reed.)

Vejo que a morte se inspira na carne
que a luz martela de leve.
Nessas mulheres debruçadas sobre a frescura
veemente da ilusão.
nelas - envoltas pela sua roseira em brasa -
vejo os meses que respiram.
Os meses fortes e pacientes.
Vejo os meses absorvidos pelos meses mais jovens.
Vejo meu pensamento morrendo na escarpada
treva das mulheres.

E digo: elas cantam a minha vida.
Essas mulheres estranguladas por uma beleza
incomparável.
Cantam a alegria de tudo, minha
alegria
por dentro da grande dor masculina.
Essas mulheres toram feliz e extensa
a morte da terra.
Elas cantam a eternidade.
Cantam o sangue de uma terra exaltada.

(...)
Ao longo de sons sempre passram
mulheres apaixonadas,
separando os pés sobre frígidas gotas.
Mulheres partindo, cchegandovoltando
o corpo na luz suspensa
e inteligente. Mulheres cheias de uma
atenta suspeita.
Vergadas para o fundo de uma existência
dura e pura.

Cidades que se envolvem de ecos e em cuja
solidão extraordinária
as mulheres batem seus dedos cândidos.
Sua sinistra fantasia.
Tiradas dos limbos segundo um ardente
princípio de ilusão. Amadas por Deus e entrando
na corrupção de Deus.
(...)

Herberto Helder, "Lugar", in Poesia Toda

quinta-feira, março 26

Lusitanos no tempo de Viriato


LUSITANOS
No Tempo de Viriato

João Inês Vaz

Prefácio de Guilherme d’Oliveira Martins

O CENTRO NACIONAL DE CULTURA e a ÉSQUILO edições e multimédia têm o prazer de convidar V. Ex.ª para o lançamento da obra «LUSITANOS NO TEMPO DE VIRIATO» da autoria de João Inês Vaz, que terá lugar na Galeria Fernando Pessoa do CNC, sito no Largo do Picadeiro nº 10 1º (ao lado do restaurante Café No Chiado) quinta-feira, dia 26/03, ás 18h30.

A apresentação estará a cargo do Dr. Guilherme d’Oliveira Martins, autor do prefácio do livro, actual presidente do Tribunal de Contas e presidente do Centro Nacional de Cultura.

Este livro transmite a informação mais actualizada no estudo do mundo fascinante dos Lusitanos sintetizada e interpretada por um dos mais reputados investigadores na área, o Prof. Doutor João Inês Vaz.
Informação obtida a partir de:

terça-feira, março 24

Ciclo de Conferências A Mulher e a Primeira República no Museu República e Resistência




Abril e Maio 2009


22 Abril


Republicanas e Monárquicas na 1ª Guerra Mundial
por Natividade Monteiro e Maria Lúcia Brito Moura

Como só algumas imagens nos podem causar bem-estar



Potografia: M.P.

Ângelo de Sousa em Tomar



Exposição de Ângelo de Sousa
Em branco

Ângelo de Sousa, nasceu em 1938, em Lourenço Marques. Em 1955, a sua família
regressou a Portugal, instalando-se na cidade do Porto, lugar onde realizou a sua
formação académica e onde, desde então, vive e trabalha. Formado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto em 1962, foi bolseiro da Fundação Calouste
Gulbenkian e do British Council entre os anos de 1967/68, para prosseguir os seus
estudos na Slade School of Fine Arts, em Londres.
Até ao ano de 1972, Ângelo de Sousa expôs regularmente com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues - Os Quatro Vintes, grupo que assim se autodenominava
ironicamente, já que o vinte correspondia à classificação obtida por todos na licenciatura. Paralelamente ao seu trabalho artístico, exerceu a docência em diversas disciplinas e em diferentes níveis, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, actualmente Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, entre os anos de 1962 e 2000, tendo-se jubilado como professor catedrático.
O seu trabalho caracteriza-se por um gosto de desenhar. O desenho assume-se como o elemento essencial e aglutinador de todo o seu trabalho artístico.
Nesta exposição vão estar presentes dois conjuntos de desenhos: um, realizado nos anos 60 e um segundo grupo, realizado já neste século. Farão ainda parte da exposição, um conjunto de esculturas de pequena dimensão dos anos 60 e uma escultura de maior dimensão, realizada já neste século.


Texto citado a partir do Instituto Politécnico de Tomar

O tempo que nos cabe, Mega Ferreira




Hás-de pensar ter encontrado
a rosa, hás-de gritar
esta é a rosa;
à tua volta todos
ouvirão suspensos,
e, na rosa,
hão-de ver apenas o rumor
da tua boca
incendiada pelo verão.

O Tempo que Nos Cabe
, Mega Ferreira

domingo, março 22

E a poesia continua no ar ...










Et Pascal m'a dit ce matin : c'est le jour de Noruz


"Neste dia da poesia convém lembrar outra celebração de relevo: Noruz.
Noruz é o ano novo dos Iranianos, a festa mais importante para este povo Indo Europeu a cuja civilização devemos tanto ! A palavra "Noruz" vem do Avestico "nava" que significa "Novo" e " Razanh" que significa "dia e luz".
O Avestico é uma lingua Indo- Iraniana arcaica que, por ventura, era também a língua utilizada no antigo livro sagrado dos Zoroastrianos Iranianos.
No actual idioma Iraniano a significação da palavra mantém-se, "No = novo" e "Ruz= dia". Esta comemoração de Noruz é intimamente enraizada (há pelo menos 3000 anos)por tanto, nos rituais e nas tradições do Zoroastrismo da antiga Pérsia pre-muçulmana, como se pode constar, aliás, no frontispício do palácio de Persepolis que arvora um touro, simbolizando a terra, a combater: a natureza em perpétuo movimento, ou seja a passagem das estações do ano. Iniciada no 1º Favardin, ou seja no 21 de Março do nosso calendário, as celebrações perduram 13 dias ao cabo dos quais, as famílias organizam um imenso piquenique com parentes e amigos.
Conforme as comunidades, Noruz pode ser comemorado entre o dia 20 e o dia 22 de Março. Seja como fôr é a celebração do renascimento, cada qual renova a guarda roupa, as casas são limpas de cima para baixo, e em homenagem a Mãe Natureza, cada familia deve plantar umas sementes de lentilhas ou de trigo com antecedência e deixá-las a germinar até o 1º Favardin.
Neste dia festivo costumam servir 7 frutas frescas e 3 secas, entre outros pratos muito refinados. A dona da casa não se esquecerà de pôr um ramo de tulipas frescas numa bela jarra e um pote de jacinto na mesa.
Outros povos celebram o ano novo primaveril : os Curdeos tanto do Curdistão Iraquiano como da Turquia, os Afegãs.
Vários povos da Ásia central também, no Tadjiquistão nomeadamente.
Resta- me desejar umas boas festas e um Feliz Noruz a todos que pertencem àquelas comunidades!"

Texto de Pascale

sábado, março 21

Dia Mundal da poesia: com as minhas mãos vou-te inventar














a poesia anda no ar
solta, louca, em vendaval
mas ainda assim repete palavras
que vão dar ao mesmo lugar


amortedeamartemeuamortesemtiaoluarmortedetertenoamordemortesemteterteamoreamorte

O Alentejo do Levante: Campo Maior e Ouguela. Amanhã lhe voltarei. Hoje trouxe tanto Sol comigo ...

















Sei que no céu a poesia e a luz andavam de mãos dadas! Campo Maior estava sem a sua festa das flores, mas do castelo imaginava-se o trigo onde de permeio floriam já papoilas.


O Castelo de Campo Maior, mandado construir por D. Dinis, em 1310, sofreu grandes alterações em meados do século XVII, no período das guerras da independência, segundo traças e direcção do engenheiro militar Nicolau de Langres.
«Da época medieval subsistem apenas alguns panos de muralha e parte da torre norte, com os seus matacães. Da cintura, fortificada na campanha seiscentista, restam, ainda, baluartes, portas e revelins.
Em 1732, uma violenta trovoada causou a ruína de uma das torres que servia de paiol. A explosão que então deflagrou e o incêndio que se seguiu afectaram grande parte da vila e consumiu mesmo mais de metade das habitações em redor do castelo. D. João V ordenou a sua reconstrução, a cargo do engenheiro militar Manuel de Azevedo Fortes, transformando as antigas ruínas medievais numa fortaleza mais pequena, mas de maior operacionalidade.

cit. a partir de www.ippar.pt


Escavações efectuadas no interior de um dos edifícios de construção moderna vieram confirmar as fundações medievais do castelo que serão visitáveis.

Entre O Caia, o Xévora e o Abrilongo ficam Degolados e Ouguela, duas aldeias rurais do Concelho de Campo Maior, dizendo os ambientalistas que por aqui ainda vivem a Abetarda, o Sisão e o Grou.
O vimieiro e o salgueiro são ainda matéria prima para os cestos e todo o tipo de artesanato.

Em Ouguela, hoje quase desertificada,contando com cerca de 60 habitantes, a casa do Governador na vila intra-muros lembrou-me um tempo sem tempo.

Teve foral dado por D. Dinis a 5 de Janeiro de 1298, renovado por D. Manuel em 1 de Junho de 1512, retendo até à reforma administrativa de 1836 o estatuto de vila sede de concelho independente, altura em que foi integrada no vizinho concelho de Campo Maior. Entretanto, dado o seu declínio, cerca de um século depois, em 1941, foi anexada, como mero lugar, à freguesia de São João Baptista.

O seu castelo foi uma das praças-fortes que defendia periodicamente o Alto Alentejo das invasões castelhanas. Foi mandado edificar à roda de 1300, e cercado durante a crise de 1383-85, a Guerra da Restauração (1642 e 1662, tendo desta feita sido ocupado), a Guerra da Sucessão de Espanha (1709) e a Guerra das Laranjas (1801, ano em que foi de novo ocupado)».


cit. a partir de WIKIPÉDIA

quinta-feira, março 19

O dia do Pai - Rosas de chumbo para ti e para todos os outros pais





Imagem: rosas de chumbo de Francisco Rocha






há dias que do chumbo
brotam rosas
e há rosas que se transformam em chumbo
selando assim o eterno

chumbo? esse metal auxiliar ...
a água de todos os metais
transmutando-se em ouro, devagar
alquimia dentro de nós

há dias em que o zero
não é mais do que o tudo, afinal

zero de chumbo dentro de uma alma e um corpo
que são simplesmente os nossos!

(A ti que és pai e que sempre gostaste tanto de o ser. Que o saibas cada vez ser melhor!
A todos os pais ).