sexta-feira, agosto 13

Porque hoje é o teu dia: Margarida Barata - uma das minhas mulheres (reeditado)







Obrigada Margarida por existires.


Porque, mesmo longe, tens sido uma das melhores companhias que tenho a felicidade de ter.
Foi uma sorte, talvez um sinal da estrelinha que tão bem sabemos ter um lugar privilegiado do céu, que, uma vez mais, tenhas tido a possibilidade de partilhar comigo densos momentos dos últimos anos das minha vida.
Os Céus me trouxeram a ti de prenda e, por isso, nada mais me resta do que lhes agradecer. Porque, à tua forma, és uma das mulheres mais fortes que conheci.
Que te ofertem a ti o melhor que a Terra pode dar! E sei que dará.

Aos nossos Lares acenderemos, bem cedo, raiando a aurora, o fogo que é devido aos nossos ancestrais. E sei que o farei também junto a ti, nesse Atlântico Sul.

E, por tudo isso, contigo terás merecidamente, cruzado o Mar, as vírias e as terras que pertenceram a alguns deles.

Sabendo bem a força que representam para nós!

Por tudo o que ela sabe, quero deixar-lhe de novo um abraço aqui.

Margarida Barata:

Nascida a 13 de Agosto de 1958, em Angola.
Corre-lhe no sangue o meu e o da rainha Ginga e do régulo da Kissama.
De cor mestiça tem a tez e a altivez de uma Albarran.
Apresentou-se e vingou como ninguém, numa família que nem sempre soube que ela existia.
Dá hoje o nó entre os que pelo mundo se espalharam e fá-lo sem que ninguém dê conta, tão hábil em viver com as diferenças e delas tirar o seu melhor.
Toda a vida soube rir, combater, conquistar o seu lugar. E dançar, dançar como ninguém!

E quando se zanga a minha prima Guida vira uma "mulata atravessada", como ela própria diz!

É de fugir.



Resistiu a um casamento de 25 anos, alguma tortura psicológica, que soube felizmente vencer.
Contra a ameaça de tiros, soube sorrir, mesmo a tremer, fazer as malas e dizer adeus!
Viu a guerra abraçar o seu país. Com isso muito sofreu.
Criou dois filhos e um neto e todos viu estudar e crescer.
Ensinou-lhes o valor do amor e da família que, em África, ainda é um conceito essencial, mesmo nestes dias em que o Tempo se encarregou de lhe dar uma feição bem diferente do tempo em que foi educada.
Mesmo quando está só, sabe vestir o seu melhor Chanel e nele derramar o champagne que tem à mão.
Soube aprender, assim, que a família não tem só um padrão, mas que pode sempre ter um lugar. Mostrou-lhes o Mundo que no Mundo há, para que, em qualquer lugar soubessem aprender.
Olha também ela o Mundo como tudo fosse todo perto e Universal. E se o é, para pessoas que, como ela, o sabem conquistar.
Vive num sítio onde o espaço é grande e onde o planalto do melhor café de Angola e o litoral se espraia uma zona semi-desértica sem fim.
As ostras, para quem delas gosta, dizem que são do melhor que há.
E a Margarida, quando está mais triste, calça os Camper que comigo comprou e passeia-se horas junto ao mar!

É a minha rainha Ginga ...

A ela fica hoje também este meu Luar, porque não vejo a hora de a poder ir abraçar!





Fotografia de tatuagem:
Eduarda Abbondanza

4 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se ela ainda se lembra de mim, mas essa é outra que a memória não apaga. Envia-lhe um beijo.

A Lusitânia disse...

lindo, amigo ... anos do espaço sem espaço .

bettips disse...

Se (ainda e sempre) sabe rir, é uma pérola!
Guarda-a contigo.
Bj

A Lusitânia disse...

Por ti fui hoje capaz de recomeçar este meu Luar!