Voltarei sempre ao Vermelho e Negro, como um dos mais belos romances que li.
A par da Cartuxa de Parma, o Vermelho e Negro é dos melhores romances que a história da literatura conheceu.
Redescobri-los é como se nos descobrissemos também um pouco.
Como Stendhal conseguiu inventar o mundo inteiro em duas pequenas cidades de França e Itália, é a arte que a muito poucos coube: a capacidade de tudo criar através da palavra!
Fugindo através delas da tirania das máscaras frágeis de um lugar qualquer, e criar, assim, um qualquer lugar, onde a densidade das histórias nos transporta ao mais profundo que há em nós: a capacidade de querer e de crer. Somando a cada dia a liberdade de escolher.
«Não tenho a menor ilusão - dizia-lhe ela, mesmo nos momentos em que se atrevia a entregar-se a todo o seu amor -, estou condenada à danação, irremissivelmente condenada. Tu és moço, cedeste às minhas seduções, o céu pode perdoar-te; mas eu estou condenada ao fogo eterno (...). Tenho medo; quem não teria medo à vista do inferno? Mas, no fundo, não me arrependo. De novo cometeria este erro, se não tivesse ainda cometido.
(...) Mas, e tu, pelo menos, meu Julien (...) tu és feliz? Achas que eu te amo o bastante?»
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