Decidi mudar de casa. De um bairro simpático, com muitas crianças e espaço aberto, para o "Centro Histórico".
Não que as condições sejam melhores: a casa é até bem mais pequena, mas porque, mesmo para as mães, a vida afinal também existe fora das horas de trabalho.
Há um café para tomar; uma rua nova para conhecer; um espectáculo que sempre pode acontecer (se bem que em Évora infelizmente vão rareando); uns restaurantes para experimentar e montras para ver.
Deixo de ter o mercado do meu bairro; o restaurante dos peticos que já tantas vezes frequentei; os bailes da periferia. E fica a minha filha triste, porque não poderá tanto andar de casa em casa a reunir os amigos.
Mas poderá, poderei, sempre revisitá-los!
E, nos bairros, por muito que os risos dos miúdos nos animem no Verão, quando chega ao Inverno, ficamos demasiado entregues aos nossos silêncios.
Afinal cada dia nos traz novos caminhos para percorrer; novos desafios, novas "cruzes" para carregar. Escolhas para fazer.
Mas mudar de casa é também como arrumá-la, arrumando-nos também um pouco. Separando o essencial que temos que transportar connosco do que afinal tão bem se pode dispensar.